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Ibovespa fecha pregão em queda, mas sobe mais de 2% na semana

Índice aprofundou perdas puxado por Petrobras, que desabou após fala do ex-presidente Lula

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 28 de janeiro de 2022 às 10h32.

Última atualização em 28 de janeiro de 2022 às 18h29.

O Ibovespa se firmou em terreno negativo nesta sexta-feira, 28, e fechou em queda pela primeira vez em três pregões em um movimento de correção após as recentes altas. 

Apesar da queda, o principal índice da B3 registrou sua terceira alta semanal consecutiva, acumulando ganhos superiores a 2% no período. O que tem impulsionado o mercado brasileiro é a entrada de capital do investidor estrangeiro, que está aproveitando para ir às compras após as fortes baixas de 2021.

Ibovespa:

  • No dia: - 0,62%, aos 111.910 pontos;
  • Na semana: + 2,72%;
  • No mês: + 6,72%.

A baixa foi puxada pelas ações da Petrobras (PETR3/PETR4), que recuaram quase 4%. No início do dia, os papéis da petroleira chegaram a seguir a alta do petróleo, que ficou próximo à marca dos 90 dólares por barril. Porém, as ações mudaram de direção após fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de opinião para a eleição à Presidência.

Em entrevista à rádio Liberal FM, de Belém (PA), Lula disse que sua preocupação não é com o acionista da Petrobras e que não há motivo para atrelar o preço do combustível ao mercado externo. “Com todo respeito que eu tenho aos acionistas, a minha preocupação não é com acionista de Nova York, é com o povo brasileiro”, disse o ex-presidente.

  • Petrobras (PETR4): - 3,96%;
  • Petrobras (PETR3): - 2,97%;
  • Petróleo Brent: + 0,44%, a 90,21 dólares o barril.

No câmbio, o real continuou a se fortalecer contra o dólar também impulsionado pelo apetite estrangeiro. Nesta sexta, o movimento também acompanhou a fraqueza global da divisa americana após a divulgação de dados econômicos desapontarem nos EUA. 

O índice de custo do emprego – que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, citou como chave para elevar os juros de forma mais incisiva – saiu abaixo das expectativas. Com o aumento do apetite a risco, o dólar perde força no mundo. O Dollar Index (DXY), que compara o desempenho do dólar com outras moedas fortes, ficou perto da estabilidade. 

  • Dólar comercial: - 0,60%, a 5,390 reais;
  • Dollar Index (DXY): + 0,02%.

Na semana, o dólar recuou 1,18%. No mês, a moeda acumula desvalorização de 3,31%. 

Nos Estados Unidos, as bolsas de Wall Street fecharam o dia em alta, embaladas pela forte alta de mais de 5% da Apple após a divulgação de seus resultados. Por aqui, os BDRs da empresa também encerraram o dia com fortes ganhos.

Ainda assim, os principais índices de ações nos EUA devem fechar a semana com perdas, ainda digerindo a última decisão do Fed. Na quarta-feira, Powell sinalizou que a alta de juros no país deve começar em março, com possibilidade de elevações em todas as demais reuniões do ano.

  • Apple (AAPL34): + 6,09%;
  • Dow Jones (EUA): + 0,53%;
  • S&P 500 (EUA): + 1,06%;
  • Nasdaq (EUA): + 1,49%.

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Destaques de ações

A queda do Ibovespa também ocorreu em linha com o desempenho das ações da Vale (VALE3) que entraram no vermelho, depois de terem refletido a alta do minério de ferro pela manhã. Nesta madrugada, o preço do metal bateu atingiu o maior patamar em cinco meses em meio à expectativa de maior demanda e preocupações com o nível da oferta. 

Na máxima do dia, a mineradora chegou a subir mais de 1%, e depois os papéis entraram em movimento de realização. Vale lembrar que a empresa já avançou mais de 18% no acumulado dos últimos dois meses. As siderúrgicas acompanharam o movimento de correção.

  • Vale (VALE3): - 0,98%;
  • CSN (CSNA3): - 1,95%;
  • Gerdau (GGBR4): + 0,39%;
  • Minério de ferro: + 5,59%, a 147,42 dólares a tonelada;

As ações de varejistas também passaram por correção após alta nos últimos pregões. Magazine Luiza (MGLU3), que ontem subiu quase 7%, hoje liderou as quedas do dia.

  • Magazine Luiza (MGLU3): - 7,06%;
  • Natura (NTCO3): - 5,48%;
  • Americanas (AMER3): - 5,16%.

Na ponta positiva, a Braskem (BRKM5) puxou as altas, saltando mais de 7%, após a oferta de cerca de 7 bilhões em ações da empresa ter sido cancelada. O follow-on marcaria a venda de participação da Petrobras (PETR3/PETR4) e da Novonor (ex-Odebrecht). 

Segundo comunicado enviado pelas duas empresas, "a instabilidade das condições dos mercados financeiros e de capitais resultou, neste momento, em níveis de demanda e preço não apropriados para a conclusão da transação".

  • Braskem (BRKM5): + 7,50%.

A Petrobras e a Novonor ainda afirmam que esperam retomar a oferta futuramente, “no momento em que for verificada conjuntura econômica mais favorável e com menos volatilidade".

Inflação no Brasil

No radar dos investidores brasileiros ainda estiveram dados econômicos divulgados nesta manhã. O IGP-M saiu abaixo do esperado, aliviando os temores sobre a inflação do país. Em janeiro, o indicador da FGV ficou em 1,82%, contra consenso de 2,01%. A taxa de desemprego também surpreendeu de forma positiva, caindo de 12,1% para 11,6%. A expectativa era de queda para 11,7%.

André Perfeito, economista-chefe da Necton, porém, ressalta que nem tudo está resolvido. Apesar da criação de empregos, o economista ressalta que a queda do nível de renda, impactada pela "alta inflação ainda persistente e da piora qualitativa das vagas criadas".

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