Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 23 de dezembro de 2021 às 10h47.
Última atualização em 23 de dezembro de 2021 às 18h23.
O Ibovespa fechou esta quinta-feira, 23, em queda sem conseguir acompanhar a alta do exterior. O principal índice da B3 recuou 0,33%, aos 104.891 pontos em seu último pregão antes do Natal – na sexta-feira, véspera de feriado, a bolsa fica fechada para negociações. Na semana, o Ibovespa fechou em baixa de 2,15%. Já o dólar encerrou a sessão em leve queda contra o real após recuar mais de 1% ontem.
No exterior, as bolsas avançaram com notícias positivas em relação à variante Ômicron. Estudo do Imperial College, de Londres, diz que o risco de pacientes serem hospitalizados por conta da Ômicron é de entre 40% e 45% menor quando comparado ao da variante Delta. Além disso, a AstraZeneca afirmou que um esquema de três doses de sua vacina contra Covid-19 é eficaz contra a nova cepa.
No fechamento:
Por aqui, o mercado repercutiu a divulgação de dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos. Considerado a prévia da inflação brasileira, o IPCA-15, de dezembro confirmou um início de desaceleração da alta de preços.
No resultado divulgado nesta quinta-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 registrou variação de 0,78% em dezembro. O número veio abaixo do esperado por economistas, que previam alta de 0,81% em dezembro na comparação mensal, segundo mediana em pesquisa Bloomberg.
O que também surpreendeu positivamente foi o mercado de trabalho. O Brasil abriu 324.112 vagas formais de trabalho em novembro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), enquanto o mercado esperava a abertura de 130.429 a 268.315 vagas no mês.
Os dados positivos, no entanto, não foram suficientes para levantar o Ibovespa, que ficou sem força com investidores de olho em dados dos Estados Unidos. Por lá, houve a divulgação do PCE de novembro, o índice de inflação mais observado pelos integrantes do Federal Reserve (Fed) e que mede a variação de preços do consumo pessoal.
O indicador avançou 0,6% na comparação mensal, em linha com a expectativa do mercado. O núcleo do PCE, no entanto, subiu 0,5% – contra 0,4% esperado pelo mercado. Na variação anual, o núcleo chegou a 4,7% contra expectativa de 4,5%.
O avanço da inflação pode levar o Fed a elevar a taxa de juros antes do esperado, prejudicando opções mais arriscadas de investimento, como as bolsas de emergentes. “Nosso cenário já contempla um alta de juro por parte do Fed na reunião de maio – com risco não descartável já para março. Dessa forma, entendemos que ao menos quatro altas no próximo ano serão factíveis e que deve suportar um ambiente de dólar ainda forte no primeiro trimestre”, afirmam, em nota, os analistas do BTG Pactual.
As exportadoras de carne Marfrig (MRFG3), BRF (BRFS3) e a JBS (JBSS3) voltaram a figurar entre as maiores altas do dia. No caso da Marfrig, os papéis reagiram ao pagamento de dividendos que ocorrerá no dia 29.
Vale lembrar, no entanto, que só tem direito a receber o dividendo os acionistas que já estavam na base da companhia até o dia 21 de dezembro deste ano. Ou seja, as ações negociadas hoje já não têm direito ao recebimento do dividendo.
Na ponta negativa do índice, o setor de saúde continuou entre as maiores perdas com a crise de gripe que atinge o Brasil. Ontem, a Hapvida informou ao mercado que o índice de sinistralidade no quarto trimestre pode sofrer impacto de aumento significativo de atendimento a pacientes com "sintomas típicos de viroses" nas últimas semanas, incluindo a variante Ômicron e o vírus de gripe H3N2.
As maiores quedas, no entanto, ficaram com Méliuz (CASH3) e Getnet (GETT11). A credenciadora devolveu os ganhos da véspera, quando disparou cerca de 20% após anunciar pagamento de dividendos. As ações também reagem à notícia de que o Banco Central do Brasil freou a imposição de regulamentações mais rígidas para a indústria de fintechs, segundo fontes ouvidas pela Reuters.