Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 10h31.
Última atualização em 21 de dezembro de 2021 às 19h56.
O Ibovespa fechou esta terça-feira, 21, em recuperação após a forte queda no pregão da véspera: o principal índice da B3 subiu 0,46%, aos 105.499 pontos. Na véspera, o principal índice da B3 havia caído 2% com o avanço das preocupações com a variante Ômicron.
A disseminação da nova cepa continua no radar, mas a ausência de novas notícias negativas permitiu que o dia fosse de recuperação nas bolsas do exterior. Vale lembrar que a semana é de baixa liquidez nos mercados antes dos feriados de Natal e Ano Novo.
No fechamento:
A alta lá fora, no entanto, foi menos tímida que no Brasil. Por aqui, investidores também estiveram atentos à aprovação do projeto do Orçamento federal para 2022 pela comissão mista do Congresso. Entre as mudanças, parlamentares fizeram um acordo para direcionar 1,7 bilhão de reais do Orçamento para o reajuste salarial de policiais em 2022, atendendo ao pedido do presidente Jair Bolsonaro.
As incertezas sobre o quadro fiscal – com o governo manobrando gastos – pesaram sobre o dólar, que fechou a sessão próximo à estabilidade. Vale lembrar que o câmbio também é afetado por fatores sazonais que tradicionalmente elevam a busca pela moeda norte-americana – como o pagamento de juros e dividendos por parte de empresas com a chegada do fim do ano.
O maior destaque de alta ficou com os papéis da Embraer. A empresa aérea anunciou a fusão de sua subsidiária produtora de aeronaves elétricas Eve com a SPAC norte-americana Zanite para listagem na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE, na sigla em inglês). A transação avalia (valor de equity) a Eve em 2,9 bilhões de dólares.
A notícia é positiva para os acionistas da Embraer, uma vez que a brasileira continuará controlando a Eve com 82% de participação (direta e indireta) na empresa. Segundo os analistas do Bradesco BBI, a operação pode colocar o valor das ações da empresa em 18,70 reais, o que representa um potencial de valorização (upside) de 87% frente ao preço de fechamento da véspera.
Entre as maiores altas também estiveram os papéis das aéreas Azul e Gol, que avançam junto com a diminuição das preocupações com Ômicron.
Por aqui, o rali do minério de ferro também ajudou a dar o tom positivo da bolsa. A commodity subiu 2,59% no porto de Qingdao, na China, e os futuros do minério em Singapura já avançam 50% em apenas seis semanas. A alta se deve ao aumento da produção de siderúrgicas chinesas, que tiveram que cortar consideravelmente seus volumes no início do ano.
A consequência foi um dia de alta para as ações ligadas à commodity, como a Vale, que é o papel com maior representação na carteira teórica do Ibovespa. Dia positivo também para as siderúrgicas, que se recuperaram do pregão de fortes perdas na véspera. O destaque fica com a CSN, que subiu mais de 4% após cair quase 7% ontem.
Ainda no mercado de commodities, o petróleo se recuperou após afundar mais de 4% na véspera. Nesta terça, o futuro do petróleo Brent e do WTI avançaram 4,17% e 3,75%, respectivamente, impulsionando as ações das petroleiras. A PetroRio, que recuou quase 6% ontem, ficou hoje entre as maiores altas do pregão.
Na ponta negativa, os papéis da Alpargatas, dona da Havaianas, lideraram as perdas do dia. Na noite de ontem, a empresa anunciou que vai pagar 475 milhões de dólares por uma fatia na companhia, avaliando a Rothy's em 800 milhões de dólares (antes do investimento), de acordo com um fato relevante ao mercado divulgado na véspera. A operação foi considerada cara por investidores, que penalizam a ação.
"Existem alguns pontos de interrogação [na operação], como: qual o tamanho que a marca pode se tornar? A marca terá sucesso fora dos EUA? Como são os níveis de lucratividade atuais e futuros? A marca se tornará “icônica” (um dos principais testes que a administração da Alpargatas definiu para o M&A)? Também argumentaríamos que faria sentido financiar uma parte maior da aquisição com dívida em vez de capital, pois tornaria a estrutura de capital da empresa mais eficiente", avaliam os analistas do Bradesco BBI em relatório.
(Com a Reuters)
Confira abaixo os destaques do dia no programa Fechamento de Mercado, com Carlo Cauti: