Painel de cotações da B3: Ibovespa abre a semana em alta | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 14 de fevereiro de 2022 às 10h53.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2022 às 18h20.
O Ibovespa esta segunda-feira, dia 14, em leve alta, mais uma vez descolado do viés negativo do cenário externo. O principal índice da B3 encerrou o pregão com ganhos de 0,29%, aos 113.899 pontos.
Nas bolsas internacionais predominou o clima de aversão a risco, com investidores temerosos com a disputa envolvendo Rússia e potências do Ocidente e temendo uma possível invasão da Ucrânia.
As preocupações sobre um possível conflito no Leste Europeu ganharam força no último fim de semana, com ameaças de sanções do governo Joe Biden, nos Estados Unidos, e declarações de seu Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan. Segundo Sullivan, a Rússia pode invadir a Ucrânia a qualquer momento nos próximos dias.
Nesta segunda, Volodymir Zelensky, presidente da Ucrânia, decretou feriado nacional em resposta aos boatos recentes de que uma invasão está prevista para quarta-feira. “"Dizem-nos que 16 de fevereiro será o dia do ataque. Vamos fazer dele um dia de união”, disse Zelensky.
Ainda assim, o fluxo de capital externo continua sustentando as altas na bolsa brasileira. O investidor estrangeiro ingressou com 40,73 bilhões de reais na B3 no acumulado de 2022 – enquanto o investidor institucional e o pessoa física estão com saldo negativo de, respectivamente, 37,18 bilhões de reais e 7,19 bilhões de reais no ano.
O movimento também impactou o dólar, que recuou novamente contra o real apesar do movimento de aversão a risco no exterior. A moeda encerrou a sessão em baixa de 0,43%, a 5,218 reais – menor cotação em mais de cinco meses. Dados da Bloomberg mostram que o real teve o melhor desempenho em cesta de 24 divisas emergentes.
O fluxo de negociações na bolsa impulsionou as ações da própria B3 (B3SA3), que puxaram as altas do Ibovespa entre as ações de mais peso na carteira teórica do índice.
Em variação, os destaques de alta foram papéis associados à economia local, com destaque para Banco Inter (BIDI11) e Petz (PETZ3).
“A queda nos vértices de longo prazo da curva de juros e a grande demanda estrangeira tem feito as empresas expostas ao mercado doméstico se destacarem”, afirmam, em nota, analistas da corretora Ativa Investimentos.
Já os papéis da Petrobras (PETR3/PETR4) – que têm a segunda maior participação no Ibovespa – ficaram entre as principais influências negativas do dia, mesmo com a alta do petróleo. Nesta segunda, o preço da commodity passou mais cedo por correção, mas voltou a apresentar forte alta ao longo da tarde, ultrapassando a marca de 96 dólares por barril.
Apesar do exterior favorável, investidores ficaram preocupados com os rumos para o setor no Brasil. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que trabalha junto à Petrobras para reduzir o valor dos combustíveis “de forma legal”. Ele negou, no entanto, que vá interferir nos preços da estatal.
Entre as petroleiras privadas, a PetroRio (PRIO3) conseguiu capturar os ganhos do petróleo e avançou mais de 2%.
Os grandes bancos, por outro lado, fecharam o dia em leve alta, estendedo os ganhos do último pregão em que o setor subiu embalado pelo resultado do Itaú (ITUB4) no quarto trimestre de 2021. A exceção foi o próprio Itaú, que apresentou leve queda.
A maior alta ficou com o Banco do Brasil (BBAS3), que divulga seus números e encerra a temporada de balanços para os grandes bancos após o fechamento do mercado. Analistas projetam que o banco estatal pode ser a surpresa do setor devido à qualidade de sua carteira de crédito.