Painel de cotações da B3 | Foto Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 10h33.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2022 às 20h34.
O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira, 3, em leve queda, com investidores digerindo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Na véspera, o colegiado subiu a Selic em 1,5 ponto percentual para 10,75%, como o esperado, mas sinalizou que deverá reduzir o ritmo da alta para as próximas reuniões.
Parte dos investidores interpretaram o comunicado como mais "dovish", favorável ao crescimento econômico e à redução das taxas de juros. A sinalização levou à revisão de algumas das projeções para o fim do ciclo de alta da Selic.
No BNP Paribas, por exemplo, a estimativa saiu de 12,25% para 12%, com uma alta de 1 ponto percentual para a próxima reunião. Já a corretora Necton (do mesmo grupo controlador da EXAME) vê a Selic terminal em 11,75% e projeta elevação de 0,75 ponto percentual para a próxima decisão de juros.
As projeções de juros mais baixos na economia brasileira chegaram a impactar o câmbio, com o real apresentando a pior performance entre as principais moedas emergentes no início da sessão.
No fechamento:
No entanto, foi o exterior negativo o grande responsável pela pressão negativa sobre o Ibovespa. As principais bolsas de valores operam em queda nos Estados Unidos, contaminadas pela derrocada das ações da Meta, dona do Facebook.
Os papéis da companhia de Mark Zuckerberg desabaram 26%, após a principal plataforma da companhia registrar sua primeira queda de usuários ativos da história. A depreciação, em valor de mercado, representa cerca de 230 bilhões de dólares ou 1,2 trilhão de reais, pela cotação do dia. Na B3, os BDRs da empresa também fecharam o dia em queda.
Destaques da bolsa
A bolsa brasileira acompanhou o cenário internacional e as companhias de tecnologia voltaram a ficar entre as maiores quedas do índice. O destaque ficou com a Locaweb (LWSA3), que cai quase 7%. Os papéis da Marfrig (MRFG3) também ficaram entre as maiores quedas do dia.
A maior pressão no campo negativo, no entanto, veio das ações da Petrobras (PETR3/PETR4), que têm a segunda maior participação na carteira teórica do Ibovespa.
Os papéis da companhia caíram mais de 1% nesta quinta, após uma declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à Rede de Rádios do Paraná (RDR), Lula disse que, se eleito, não manterá o preço dos combustíveis vinculado ao dólar, como atualmente é feito na política de preços praticada pela Petrobras.
"Nós não vamos manter o preço dolarizado. Eu acho que os acionistas de Nova York, os acionistas do Brasil, têm direito de receber dividendos quando a Petrobras der lucro, mas é importante que a gente saiba que a Petrobras tem que cuidar do povo brasileiro", disse o ex-presidente.
Os ganhos foram amenizados por conta da alta do petróleo, que voltou a subir e superou a marca de 90 dólares por barril.
Por aqui, a Cielo (CIEL3) foi a única companhia a reportar balanço na última noite. A empresa apresentou 337 milhões de reais de lucro líquido no quarto trimestre, superando o consenso da Bloomberg, que apontava para 215,5 milhões de reais de lucro. A receita líquida, porém, saiu levemente abaixo das expectativas, em 3,141 bilhões de reais, cerca de 150 milhões de reais abaixo do esperado. As ações da companhia abriram em alta, mas viraram para queda de mais de 5%.
Já as maiores altas do dia foram Ultrapar (UGPA3), Americanas (AMER3) e Tim (TIMS3). No caso das Americanas, a Selic mais branda ajudou – já que as varejistas costumam performar melhor em cenário de juros mais baixos.