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Ibovespa fecha em queda pressionado por exterior e ações da Vale

Depois de fechar pela primeira vez acima dos 12.000 pontos, índice Nasdaq desmorona nos Estados Unidos e derruba ações do mundo inteiro

Ibovespa: ações da Vale e cenário externo negativo pressionam índice (NurPhoto / Colaborador/Getty Images/Getty Images)

Ibovespa: ações da Vale e cenário externo negativo pressionam índice (NurPhoto / Colaborador/Getty Images/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 3 de setembro de 2020 às 12h04.

Última atualização em 3 de setembro de 2020 às 17h27.

A bolsa brasileira fechou em queda nesta quinta-feira, 3, pressionada pelo mercado americano, que teve um dia de forte realização de lucros, após sucessivos recordes dos principais índices acionários. Por aqui, ações ligadas ao setor de tecnologia, como de empresas de TI e de varejo digital figuraram entre as maiores perdas, mas foram os papéis da Vale, que puxaram para baixo o Ibovespa, principal índice da B3, tendo como pano de fundo problemas internos na companhia. O Ibovespa caiu 1,17% e encerrou em 100.721,36 pontos.

Nos Estados Unidos, nem mesmo os dados de seguro desemprego nos Estados Unidos, que voltaram a ficar abaixo de 1 milhão após duas semanas, amenizaram as quedas dos principais índices acionários. Pressionado pelas ações de tecnologia, o índice Nasdaq despencou 4,96% e o S&P 500, 3,46%. Por lá, as ações da Apple desabaram 8%, as da Tesla 9%, Microsoft, 6%. Amazon e Facebook caíram mais de 3%. De acordo com analistas da Exame Research, a queda se deve ao movimento de realização de lucros, quando os investidores se desfazem das ações para colocar os ganhos no bolso depois de altas significativas. No último pregão, o índice Nasdaq havia encerrado pela primeira vez acima dos 12.000 pontos.

Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 que vinha de alta de alta pela manhã, refletindo dados econômicos positivo na Zona do Euro, mas cedeu às quedas dos índice americanos, e encerrou com perdas de 1,4%. Por aqui, o mercado amanheceu em tom otimista, na esperança de andamento de pautas econômicas do governo, tendo como pano de fundo a entrega da reforma administrativa ao Congresso. Mas o cenário externo negativo acabou influenciando os negócios e o índice entrou no campo negativo, também pressionado pelas ações da Vale.

"Se não fosse pela realização de lucros nos Estados Unidos, teríamos tido um pregão positivo", afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

As ações da Vale caíram 3,26%, após o Ministério Público Federal (MPF) pedir interdição judicial na mineradora e a suspensão dos pagamentos de dividendos, recentemente retomados. O pedido, segundo o MPF, tem como objetivo afastar os diretores e gestores responsáveis pela segurança interna, tendo como pano de fundo o estouro da barragem de Brumadinho. Também entre as maiores quedas do Ibovespa, ficaram as varejistas B2W e Via Varejo e Magazine Luiza que recuaram 7,57%, 6,89% e 5,26%, respectivamente. As ações da Totvs caíam 5,8%.

Além de ver a queda das ações de varejistas digitais atreladas à derrocada do mercado americano de tecnologia, Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, vê a desvalorização do setor associada ao anúncio de mais um centro de distribuição da Amazon no Brasil, uma de suas principais concorrentes.

Com a desvalorização do dólar, as companhias com exposição cambial também apresentaram fortes quedas. Com a maior parte da receita originada do mercado internacional, as ações da WEG caíram 3,56%. Entre os frigoríficos, Marfrig caiu 3,54%, Minerva, 1,86%, BRF, 2,89% e JBS, 244.

O que impediu uma queda ainda maior do Ibovespa foram os grandes bancos, que tiveram um pregão de forte alta, após a recomendação de compra do Bank of America. Entre as maiores valorizações, os papéis do Bradesco, Santander, Itaú e Banco do Brasil, subiram 3,93%, 3,38%, e 2,44% e 1,56%, respectivamente.

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