(Germano Lüders/Exame)
Redação Exame
Publicado em 13 de novembro de 2025 às 18h23.
Última atualização em 13 de novembro de 2025 às 18h26.
O Ibovespa ampliou as perdas na sessão desta quinta-feira, 13, ao cair 0,30%, aos 157.162 pontos. O principal índice acionário do mercado brasileiro chegou a abrir em leve alta e estabilizar, mas recuou durante a tarde, registrando mínima de 156.509 pontos. Com o movimento, a Bolsa ampliou as perdas após fechar praticamente estável com 15 altas seguidas e 12 recordes consecutivos de fechamento,
Segundo operadores, pesou nas negociações as falas dos dirigentes do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, como Susan Collins, Raphael Bostic e Beth Hammack, defendendo a manutenção das taxas de juros no nível atual. As falas levaram parte do mercado a esfriar a previsão de um novo corte nos juros dos EUA na reunião de dezembro.
A plataforma CME Group mostra que a probabilidade de as taxas seguirem entre 3,75% e 4% está em 50,4%, enquanto a possibilidade de um corte no próximo mês está em 49,6%.
"O mercado entendeu isso como um recado 'hawkish' em relação à política monetária", disse Bruno Perri, estrategista de investimentos, economista-chefe e sócio-fundador da Forum Investimentos.
A frustração do mercado também levou a um fortalecimento do dólar frente ao real. A moeda americana fechou em leve alta de 0,10%, a R$ 5,298.
A queda do Ibovespa, porém, foi moderada em relação às perdas das principais bolsas de Nova York, que registraram o pior dia desde 10 de outubro. O índice Dow Jones e o S&P 500 caíram 1,65% e Nasdaq registrou perdas ainda mais amplas, com 2,29%.
De acordo com Perri, as bolsas foram "pressionadas pelas ações de tecnologia que seguem corrigindo sob a percepção dos mercados que seus valuations estão esticados", disse o operador.
Nem mesmo o fim da paralisação mais longa da história do Estados Unidos aplacou a cautela do mercado. O shutdown, que durou 43 dias, afetou a publicação de dados econômicos essenciais, como o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e o relatório mensal de empregos (payroll).
Assim como no Brasil, onde os dados fracos das vendas no varejo ao longo do mês de setembro também não impediram uma queda do Ibovespa. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que houve um recuo de 0,3% na comparação com agosto, abaixo da expectativa de analistas, que esperavam alta. Na comparação anual, o varejo cresceu 0,8%.
O dado reforçou a percepção de desaceleração da atividade e alimenta apostas de que o Banco Central possa antecipar o início do ciclo de cortes de juros.
"Percebemos que o arrefecimento da economia já ocorre em bases amplas e indica boa possibilidade do Banco Central iniciar um ciclo de cortes na Selic a partir do início do ano que vem", afirmou André Valério, economista sênior do Inter.
"Entendo que essa queda [do Ibovespa], além de reflexo do aprofundamento da baixa das bolsas americanas, também tem influência do impacto concentrado de algumas empresas do índice que caem bem mais forte como Hapvida (-46,5%), Banco do Brasil, entre outros, e o setor de varejo de forma mais generalizada, pelas vendas fracas no setor mostradas no dado do IBGE", disse Perri.