Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 26 de julho de 2022 às 10h36.
Última atualização em 26 de julho de 2022 às 17h22.
O Ibovespa virou para queda e encerrou esta terça-feira, 26, em baixa, acompanhando o cenário internacional de maior aversão ao risco. Com o resultado, o índice perdeu a marca simbólica dos 100 mil pontos conquistada na véspera.
Em Wall Street, o tom negativo se instalou com a revisão das expectativas para o resultado do segundo trimestre do Walmart divulgada na última noite.
A gigante rede de hipermercados, que irá apresentar balanço apenas em meados de agosto, espera queda do lucro por ação na ordem de 8% a 9% e margem operacional próxima de 4%.
O Walmart atribui a piora das perspectivas para o período às condições macroeconômicas, especialmente à inflação de alimentos. "Isso está afetando a capacidade dos clientes de gastar em categorias gerais de mercadorias e exigindo mais descontos para percorrer o estoque, principalmente vestuário", afirmou o Walmart.
"O Walmart é quase que um pedaço dos Estados Unidos, com milhares de lojas. Esse resultado ruim mostra que a economia está perdendo força", comentou Paulo Gala, economista-chefe do banco Master em morning call.
As ações da empresa nos EUA e os BDRs negociados no Brasil fecharam o dia em queda superior a 7%.
Por lá, investidores aguardam ainda os balanços da Microsoft (MSFT34) e da Alphabet (GOGL34), dona do Google, após o fechamento do mercado.
O clima de cautela também ganhou força com a expectativa de para a decisão de amanhã do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre a política monetária do país.
Acompanhando a queda do Walmart, papéis do setor também recuaram na B3. O GPA (PCAR3), que irá divulgar seu balanço do segundo trimestre na quarta-feira, 27, caiu 4% e ficou entre as maiores perdas do Ibovespa. Vale lembrar que, na véspera, o papel despencou 7% após ser rebaixado pelo JPMorgan.
O Grupo Mateus (GMAT3), de fora do índice, recuou mais de 5%.
Os papéis do Carrefour Brasil (CRFB3) registrarou queda mais branda, enquanto o Assaí (ASAI3) teve leve alta. A subsidiária brasileira do grupo francês irá reportar seus números do trimestre após o encerramento do pregão, enquanto o atacarejo divulga seu balanço amanhã.
No radar dos investidores ainda estão dados da inflação brasileira. O IPCA-15 divulgado nesta manhã ficou em 0,13%, desacelerando de 12,04% para 11,39% na comparação anual. O consenso era de queda para 11,41%. Ainda que melhor que o esperado, parte do mercado vê o dado como insuficiente para tirar a pressão para que o Banco Central aumente ainda mais a taxa de juros.
Ações de varejistas de eletrodomésticos, mais sensíveis às condições econômicas, desabaram mais de 6%. As empresas de saúde Qualicorp (QUAL3) e Banco Pan (BPAN4) também estão entre as maiores baixas.