Painel de cotações da B3: estatais, SLC (SLCE3), Embraer (EMBR3) E BB Seguridade (BBSE3) são destaques do pregão (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 7 de novembro de 2022 às 10h29.
Última atualização em 7 de novembro de 2022 às 18h18.
O Ibovespa fechou em forte queda nesta segunda-feira, 7, em cenário completamente oposto ao da semana passada. O principal índice da bolsa brasileira encerrou a última semana com 92% das ações em alta enquanto, hoje, apenas 6 dos 92 papéis do índice terminaram o dia em terreno positivo.
A motivação segue sendo política. O mercado reagiu positivamente após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo presidente do Brasil, mas, agora, aguarda a divulgação da equipe ministerial que deve conduzir o País pelos próximos quatro anos.
Os nomes devem sair ainda hoje, e um deles já preocupa o mercado. Isso porque a cúpula do PT estaria pressionando Lula a escolher Fernando Haddad para o posto de Ministro da Fazenda, segundo notícia divulgada pelo jornal O Globo.
“É algo que o mercado entende que não faz sentido. Haddad não tem tanta experiência na área de economia”, avalia Pedro Marques, especialista em renda variável da EWZ Capital. O índice encerrou o dia aos 115.342 pontos, próximo à mínima do dia, de 115.200 pontos.
As principais prejudicadas na bolsa foram as estatais Banco do Brasil e Petrobras. O temor dos investidores é que uma nova gestão petista tenha um viés mais intervencionista, prejudicando os resultados e os acionistas das empresas abertas.
Vale lembrar que os papéis estiveram entre as piores perdas da última semana, com somente a Petrobras chegou a perder mais de 50 bilhões de valor de mercado.
A bolsa local também foi pressionada pelo setor bancário como um todo, que tem grande peso no Ibovespa. Para além das incertezas políticas, investidores aguardam os resultados de Bradesco, Itaú e Banco do Brasil nesta semana – o Santander, único bancão que já divulgou seu balanço, não agradou o mercado com seus resultados.
Ainda assim, as units do Santander avançaram mais de 5% e foram o principal destaque positivo do dia, à medida que investidores saíram dos papéis dos concorrentes
A incerteza política alimentou ainda uma abertura na curva de juros, que prejudicou as ações ‘kit Lula’. Papéis de educação, construção e varejo, que podem se beneficiar de uma política mais expansionista com o petista no poder, ficaram com as maiores perdas do dia.
A SLC Agrícola, uma das principais do agronegócio listadas na bolsa, caiu mais de 5%, com investidores reagindo negativamente ao balanço divulgado na noite de sexta-feira, 4. No terceiro trimestre, a SLC teve prejuízo líquido de R$ 78,3 milhões contra lucro líquido de R$ 113,7 milhões no mesmo período do ano passado. Queda de produtividade do algodão e despesas financeiras estiveram por trás da piora de desempenho, segundo a empresa.
Na ponta oposta, investidores reagiram positivamente ao balanço do BB Seguridade, mesmo com as incertezas atreladas ao controlador Banco do Brasil. As ações avaçam mais de 2% nesta segunda. Em resultado divulgado nesta manhã, o BB Seguridade registrou lucro líquido de R$ 1,7 bilhão, acima das expectativas do mercado e 69% superior na comparação anual.
"A natureza do negócio e o valuation atrativo da empresa, de 9,5x lucro estimado para 2023, fazem da BB Seguridade uma excelente alternativa para os investidores com foco em dividendos", disse em relatório Richard Camargo, analista da Empiricus Research.
Bolsas estrangeiras operam em leve alta nesta segunda. Em Nova York, onde as bolsas passaram a abrir mais tarde com o fim do horário de verão nos Estados Unidos, os índices fecharam no positivo, com balanços e expectativas de uma postura mais branda do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
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