Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 10h46.
Última atualização em 16 de dezembro de 2022 às 19h14.
O Ibovespa fechou esta sexta-feira, 16, em queda, pressionado pelas perdas do mercado internacional e pelas indefinições políticas em Brasília. Com o saldo de hoje, o Ibovespa encerrou a semana em queda acumulada de 4,3% – sua pior semana em um mês. O patamar alcançado nesta sexta-feira é o pior para o índice desde agosto.
Lá fora, os investidores temem que uma recessão global esteja se aproximando. A preocupação começou na quarta-feira, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) subiu os juros dos Estados Unidos e adotou um tom mais duro do que o esperado pelos agentes financeiros.
Desde então as bolsas têm operado em queda. O cenário se complicou ainda mais ontem quando Banco Central Europeu (BCE) e o Bank of England (BoE) também subiram suas taxas.
O viés vendedor está resultou num acumulado de 2% de queda para o S&P 500 na semana. O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 2,1% nesta semana, a quinta seguida de perdas para as bolsas europeias.
Na bolsa brasileira, a pressão negativa veio principalmente das ações de commodities, que sofreram diante da perspectiva de uma recessão global. A Vale, com o maior peso do Ibovespa, caiu perto de 2%. Ações de petrolíferas também fecharam em queda, acompanhando a desvalorização do petróleo Brent, que voltou a ser negociado abaixo de US$ 80 nesta sexta.
No Brasil, as votações no Congresso da PEC da Transição e da mudança na Lei das Estatais foram adiadas para a semana seguinte. A especulação é de que os textos podem ser modificados.
O presidenta da Câmara, Arthur Lira, pautou a votação da PEC para terça-feira, 20. À agência da Câmara, Lira afirmou que as lideranças da casa ainda estão negociando o texto. Segundo o jornal O Globo, há a possibilidade de os deputados reduzirem o prazo da medida, que aumenta o limite do teto de gastos em R$ 145 bilhões, de dois para um ano.
"Chegou a ser ventilado que não haveria tempo hábil para a aprovação da PEC da Transição e que poderia ser substituída por uma Medida Provisória com um impacto fiscal bem menor, próximo de R$ 80 bilhões. Então, o mercado se animou e segue atento às discussões", disse Jerson Zanlorenzi, head da mesa de ações e derivativos do BTG Pactual, em morning call desta sexta.
No caso da Lei das Estatais, especula-se desde ontem que a medida pode ser modificada. Os membros do Senado querem uma discussão "menos apressada" segundo uma fonte ouvida pela EXAME, o que pode jogar a discussão para 2023.
A Lei das Estatais foi criada em 2016, na gestão Temer, para impedir indicações políticas para cargos nas empresas públicas. A legislação entrou nos holofotes do mercado esta semana como alternativa para que o governo eleito pudesse colocar o petista Aloizio Mercadante para o comando do BNDES.
Petistas, no entanto, dizem que a mudança não faria diferença na indicação de Mercadante e que a demanda pela mudança da Lei é dos próprios políticos do Centrão.
Leia também: Sem acordo no Senado, mudanças na Lei das Estatais podem não ser votadas este ano
Magazine Luiza liderou a ponta negativa do Ibovespa, caindo 8,8%. O motivo foi o rebaixamento das ações pelo Itaú BBA. Os analistas do banco rebaixaram a recomendação de “compra” para “neutra” alegando insegurança sobre o cenário macroeconômico, que deve continuar penalizando os papéis.
A Americanas acompanhou a queda da Magalu e fechou o dia em baixa de 7,9%.
Já na ponta positiva, o grande destaque foi a Cemig, a Companhia Energética de Minas Gerais. A Cemig venceu hoje um leilão de transmissão organizado pela Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica. Os investidores gostaram, e o papel fechou o dia com ganhos de 2,9%. Dexco e BB Seguridade também foram destaques de alta, subindo 2,6% e 2%, respectivamente.