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Ibovespa hoje: bolsa cai acompanhando EUA mas fecha agosto em alta de 6%

Números do mercado de trabalho aliviam pressão sobre aperto monetário do Fed, mas têm efeito limitado sobre bolsas americanas

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 31 de agosto de 2022 às 10h52.

Última atualização em 31 de agosto de 2022 às 17h44.

O Ibovespa encerrou o mês de agosto em alta de 6,2%, dando sequência ao tom positivo do de julho. A tendência, no entanto, não é tão positiva quanto se anunciava no início do mês. A bolsa vinha numa toada de alta apoiada na temporada de balanços, na perspectiva de estabilização dos juros no Brasil e na retomada dos mercados americanos.

Isso mudou no pregão da última sexta-feira, 26, com o discurso de  Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Powell sinalizou que fará o que for para controlar a inflação americana, mesmo que prejudique a atividade econômica.

A fala favorável a juros mais altos colocou em dúvida o rali de recuperação das bolsas americanas e arrastou o Ibovespa para baixo. Por lá, foram quatro pregões consecutivos de perdas. 

Sob a influência negativa dos Estados Unidos, o Ibovespa virou para queda na arde desta quarta-feira, 31, e encerrou o último pregão de agosto em baixa.

No pregão de hoje, investidores estiveram atentos ao Relatório Nacional de Emprego da ADP, divulgado pela manhã. Os dados mostram a criação de 132 mil empregos privados em agosto, abaixo do consenso de 288.000 novos postos de trabalho. 

A interpretação de economistas é de que dados mais fracos de criação de empregos podem contribuir para uma abordagem mais branda do Fed no controle da inflação. Ou seja, o ciclo de alta de juros pode ficar mais brando do que inicialmente esperado.

Os dados, no entanto, não foram suficientes para aplacar a preocupação dos investidores com o último discurso de Powell. Os efeitos positivos foram apenas temporários, com investidores ainda à espera de novos dados.

Vale lembrar que o relatório da ADP é considerado uma prévia para o payroll de sexta-feira, 2, quando serão divulgados os dados oficiais do mercado de trabalho americano.

  • Dow Jones (Nova York): - 0,49%
  • S&P 500 (Nova York): - 0,35%
  • Nasdaq (Nova York): - 0,07%

Além dos dados americanos, no Brasil, economistas analisaram ainda os números do mercado de trabalho local.  A taxa de desemprego de julho, divulgada nesta manhã pelo IBGE, caiu de 9,3% para 9,1%. O consenso era de queda para 9%.

"No mercado já se discute qual seria o impacto da queda no desemprego na inflação. Contudo, a recuperação no mercado de trabalho se deve majoritariamente a uma acomodação da massa de trabalhadores desocupadas dentro do mercado informal", avalia Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.

Destaques de ações

Os dados positivos para o mercado de trabalho brasileiro chegaram a impulsionar a bolsa pela manhã. Mas o que realmente impediu uma queda ainda maior do Ibovespa foi a valorização das ações da Petrobras (PETR3/PETR4), empresa com a segunda maior participação na carteira do índice. 

Os papéis da estatal ficaram entre os maiores ganhos do dia, recuperando, em parte, as perdas do último pregão, quando fecharam em queda de 6%. 

O movimento ocorreu no dia do pagamento da primeira parcela dos dividendos bilionários da companhia, que avançou na contramão do preço do petróleo Brent. Assim como na véspera, a commodity recua no exterior, sendo negociado próximo de US$ 96.

Vale lembrar que o pagamento dos dividendos só foi feito para os acionistas que detinham as ações da empresa até o dia 11 de agosto. Analistas avaliam, no entanto, que a distribuição do dividendo aumenta o interesse pelos papéis.

Durante boa parte do pregão, as ações de Qualicorp (QUAL3) e Hapvida (HAPV3) voltaram a ficar entre as maiores perdas. Os papéis das operadoras de saúde ainda repercutem negativamente a decisão do Senado em acabar com o chamado rol taxativo da Agência Nacional da Saúde (ANS)

Na prática, o texto obriga planos de saúde a cobrirem tratamentos e procedimentos fora da lista sugerida pela agência reguladora. Já aprovada pela Câmara, a matéria passou pelo Senado na segunda-feira, 29, e agora vai para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

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