Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 29 de novembro de 2022 às 10h39.
Última atualização em 29 de novembro de 2022 às 18h45.
O Ibovespa apresentou firme alta nesta terça-feira, 29, puxado por três fatores: alta das commodities, redução do risco fiscal e novas sinalizações para a pasta da economia no governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva.
As ações de Vale e Petrobras deram sustentação ao Ibovespa com fortes altas acompanhando a possibilidade de reabertura na China. No front político, investidores analisam a possibilidade de redução dos impactos fiscais com a tramitação da PEC da Transição no Congresso, o que também ajudou o índice a avançar. Outro ponto positivo foi a possibilidade do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), assumir a pasta da Fazenda no novo governo Lula.
A Vale, empresa com o maior peso do índice, subiu quase 4% neste pregão, enquanto a Petrobras avançou mais de 5%. Os movimentos acompanharam a apreciação de materiais básicos, como minério de ferro e petróleo, no mercado internacional.
O minério de ferro avançou mais de 2% enquanto o petróleo WTI subiu 1,2% e o Brent registrou leve queda de 0,2%.
A valorização das commodities ocorreu em meio ao maior otimismo para a economia chinesa, com expectativas de afrouxamento das medidas anti-covid e incentivos para o setor de construção. A bolsa de Hong Kong subiu mais de 5% nesta madrugada.
Segundo a Reuters, reguladores locais irão permitir que incorporadoras listadas na China e em Hong Kong emitam novas ações para se autofinanciarem, o que fez o preço do minério de ferro saltar para a máxima em 23 semanas em Dalian.
A maior euforia com a China ocorre apenas um dia após a cautela com a onda de protestos contra a política de covid zero ter tomado as negociações. Na noite anterior, as manifestações em grandes cidades do país foram frustradas por esquemas de segurança reforçados.
Internamente, as atenções dos investidores seguem com as negociações da PEC da Transição. A proposta, protocolada na véspera no Senado, prevê R$ 175 bilhões de gastos com o Bolsa Família fora do teto de gastos pelo prazo de quatro anos. No total, os gastos extras chegam a R$ 198 bilhões fora da principal âncora fiscal.
O texto ainda precisa passar pela CCJ do Senado antes de ir ao plenário da Casa, onde precisará do apoio de três quintos dos senadores para ser encaminhado para a aprovação da Câmara. A expectativa do mercado é de que a PEC seja desidratada durante esse processo, reduzindo os impactos fiscais da medida.
O dólar e os juros futuros, que mais refletem as preocupações fiscais do mercado, recuaram nesta terça com a notícia.
"A PEC apresentada já era a esperada pelo mercado. Mas não vai passar esse texto. A PEC será desnutrida e ainda há de correr contra o tempo para aprová-la antes do recesso legislativo", avaliou Matheus Spiess, analista da Empiricus. Spiess ainda ressaltou que o mercado segue à espera do anúncio dos nomes que irão integrar a cúpula econômica do próximo governo, mas que seus efeitos tendem a ser mais marginais a partir de agora.
"Ao que tudo indica, teremos Fernando Haddad como ministro da Fazenda e o mercado já se acostumou com essa ideia. Mas ainda falta muita coisa", disse.
Ao longo da tarde, no entanto, retornaram as especulações de que Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito, poderia assumir o comando do Ministério da Fazenda, com Haddad no Planejamento. A possibilidade foi bem recebida pelo mercado, que vinha rejeitando o nome do ex-prefeito de São Paulo nas últimas semanas.
Entre as ações que mais subiram na Bolsa de Valores de São Paulo nesta terça-feira está a siderúrgicas CSN, que acompanhou a valorização do minério. As três maiores altas do dia foram:
Na ponta negativa, as maiores quedas foram lideradas pela Embraer, que realizou nesta terça encontro com analistas e investidores.
O Ibovespa fechou na última segunda-feira em queda de 0,18% aos 108.782 pontos. Com o resultado, o índice acumula alta de 1,78% na semana.