Painel de cotações na B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 29 de agosto de 2022 às 10h31.
Última atualização em 29 de agosto de 2022 às 19h22.
O Ibovespa encerrou o primeiro pregão da semana no zero a zero. O principal índice da B3 passou boa parte desta segunda-feira, 29, em alta, acompanhando os ganhos das petrolíferas com a alta do petróleo. Ao final do pregão, no entanto, o Ibovespa apagou os ganhos, contaminado pela piora das bolsas no exterior.
Por lá, investidores ainda ponderam o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell. Em sua mensagem de sexta-feira, 26, no simpósio de Jackson Hole, Powell sinalizou que fará o que for para controlar a inflação americana, mesmo que prejudique a atividade econômica.
O resultado foi uma queda de mais de 3% nas bolsas no último pregão e um novo dia de perdas nesta segunda-feira.
"Jerome Powell descartou a possibilidade de corte de juros em breve nos Estados Unidos. Obviamente, o mercado sente, principalmente as ações de crescimento, que sofrem bem mais que as de valor", disse Jerson Zanlorenzi, head de renda variável do BTG Pactual, em morning call desta segunda. "E hoje continua, com o mercado ainda apreensivo."
Apostas de um aperto mais duro da política monetária americana cresceram desde o discurso, com a probabilidade de mais uma elevação de 0,75 ponto percentual se consolidando.
Por aqui, a queda foi segurada pelas ações da Petrobras (PETR3/PETR4). Na máxima do dia, os papéis da companhia saltaram mais de 4%, seguindo a valorização do petróleo Brent, que voltou a ser negociado acima de US$ 100. Ao longo da tarde, no entanto, os papéis perderam força com a piora do cenário no exterior.
3R (RRRP3) e PetroRio (PRIO3) também apresentaram fortes altas. Como pano de fundo da apreciação da commodity estão rumores de que a Opep+ prepara um corte de produção.
Ventos favoráveis também sopraram na economia brasileira. Estimativas para o crescimento e inflação deste ano voltaram a ser positivamente revisadas no Boletim Focus desta segunda, com o IPCA esperado saindo de 6,82% para 6,70% e o PIB saltando de 2,02% para 2,10%.
Os ganhos do Ibovespa foram liderados pelos papéis do Banco Pan (BPAN4), com investidores atentos à liberação do empréstimo consignado do Auxílio Brasil, que deve ser liberado a partir de setembro. O Pan foi uma das instituições que confirmaram a participação no programa.
“O Banco Pan é um dos poucos bancos que confirmaram que irão ofertar os empréstimos consignado ao Auxílio Brasil, e é o único que está coletando os dados de interessados na contratação do empréstimo consignado ao benefício, que pode ser liberado na próxima semana”, afirma Regis Chinchila, analista da corretora Terra Investimentos.
Na ponta negativa, as maiores baixas ficaram com IRB (IRBR3), Usiminas (USIM5) e Hapvida (HAPV3). Usiminas caiu junto com Vale e outras siderúrgicas, repercutindo a baixa do preço do minério de ferro.
Já a Hapvida foi prejudicada por uma decisão de Brasília. O Senado aprovou nesta segunda o projeto que obriga planos de saúde a cobrirem tratamentos fora da lista da ANS.
“As incertezas do setor a partir do projeto de lei faz o papel recuar um pouco para se enquadrar melhor na realidade de curto prazo da companhia. Com relação aos seus pares, a Hapvida foi a que mais se valorizou no mês, mas os seus resultados recentes não condizem tanto com esse movimento de alta”, avalia Chinchila.
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