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Ibovespa interrompe sequência de queda e fecha em alta com ajuda de Petrobras

Mesmo assim, a alta não foi o suficiente para compensar três dias de recuo do índice

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 29 de julho de 2025 às 12h40.

Última atualização em 29 de julho de 2025 às 17h42.

O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, 29. O principal índice da B3 avançou 0,45%, aos 132.725 pontos. A valorização de 1,31% da Petrobras (PETR3; PETR4) contribuiu para sustentar a bolsa a se manter no azul, apesar da incerteza global e o cenário doméstico delicado que seguem pesando sobre o humor dos investidores.

Nos Estados Unidos, os índices terminaram o dia no terreno negativo após os dados de criação de vagas de emprego de junho (relatório Jolts) ficarem abaixo da expectativa do mercado. O Dow Jones caiu 0,46%, o S&P 500 recuou 0,30%, e o Nasdaq 100 perdeu 0,38%.

Ibovespa hoje

  • IBOV: +0,45%, aos 132.725 pontos
  • Dólar hoje: -0,36% a R$ 5,5895

Balanços antes da abertura

Três gigantes americanas — UnitedHealth, Procter & Gamble e Boeing — divulgaram seus balanços nesta terça-feira, 29, antes da abertura dos mercados.

A seguradora UnitedHealth frustrou o mercado ao divulgar lucro ajustado de US$ 4,08 por ação no segundo trimestre de 2025, abaixo do esperado, e prever lucro de ao menos US$ 16 por ação em 2025, bem abaixo do consenso de US$ 20,91. O índice de sinistralidade subiu para 89,4%, pressionado por custos médicos no Medicare Advantage. Após a divulgação, as ações da empresa caem mais de 6% nesta sessão.

Já a fabricante de bens de consumo Procter & Gamble superou as expectativas no trimestre fiscal com lucro de US$ 1,48 por ação e receita de US$ 20,89 bilhões. Para 2026, a empresa projeta crescimento de até 5%, mas alertou para um impacto de US$ 1 bilhão com tarifas de Trump e anunciou reajustes de preços em parte dos produtos já neste trimestre.

A fabricante de aeronaves Boeing, por sua vez, reportou alta de 35% na receita, para US$ 22,75 bilhões, e redução de 50% no prejuízo do trimestre. A companhia é uma das poucas beneficiadas pelas políticas comerciais de Trump, com novos pedidos atrelados a acordos internacionais, mas enfrenta atrasos na produção e incertezas sobre a concretização dos contratos.

No radar hoje

Nesta terça-feira, 29, nos Estados Unidos, o destaque do dia foi a divulgação do relatório Jolts, que mede a quantidade de vagas de emprego em aberto no país e serve como termômetro do mercado de trabalho. O documento de junho apontou a criação de 7.437 milhões de vagas, de 7,712 milhões (revisado de 7,769 milhões), ante o consenso 7,55 milhões, levemente abaixo das expectativas. O dado é acompanhado de perto por analistas em busca de pistas para o relatório de emprego (payroll) de julho, que será publicado nesta sexta-feira, 1º.

No mesmo horário, foi divulgado o índice de confiança do consumidor de julho, medido pelo Conference Board. Segundo o órgão, a confiança do consumidor subiu a 97,2 em julho, de 95,2 (revisado de 93), ante o consenso de 95,8.

Mais cedo, o Departamento de Comércio americano divulgou que o déficit comercial de bens dos Estados Unidos caiu 10,8% em junho, para US$ 86 bilhões, contrariando projeções de alta para US$ 98,2 bilhões.

A queda foi impulsionada por uma forte redução de US$ 11,5 bilhões nas importações, enquanto as exportações recuaram US$ 1,1 bilhão. O resultado reforça as expectativas de que o setor externo deve contribuir positivamente para o PIB do segundo trimestre, após ter derrubado o crescimento no início do ano devido a uma corrida de importações antes do aumento de tarifas.

Além dos indicadores, os mercados acompanham mais uma leva de balanços corporativos. Após o fechamento, é a vez da gigante de meios de pagamento Visa.

Nesta terça-feira, também começa a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), que será concluída na quarta-feira. A expectativa majoritária é de que os juros sejam mantidos, em meio a uma postura mais cautelosa do banco central norte-americano diante das incertezas sobre os impactos da nova política tarifária do governo Trump.

No fim do dia, às 19h, será a vez do Banco Central do Chile anunciar sua decisão sobre os juros.

No Brasil, o Banco Central brasileiro também tem destaque no noticiário. Pela manhã, a autoridade monetária realizou um leilão de linha de até US$ 1 bilhão para rolagem de vencimentos de agosto.

Os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom) iniciam nesta terça o primeiro dia da reunião que vai definir o futuro da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano. A previsão é de que o ciclo de alta iniciado em setembro de 2024 seja interrompido nesta semana.

Relação Brasil-EUA

No Brasil, a agenda de indicadores é esvaziada, mas os olhos continuam voltados para a disputa comercial com os Estados Unidos. Faltando apenas quatro dias para o prazo final imposto por Donald Trump para a entrada em vigor das tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista à CNN Brasil.

Haddad disse que tem expectativa de conversar com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sobre o tarifaço. "Já liguei para o secretário, que está na Europa. A assessoria dele disse que, na volta da Europa, possa ser que se estabeleça um canal do Tesouro americano com o Ministério da Fazenda", disse o ministro.

Entretanto, a autoridade destacou que, embora as tarifas de 50% impostas por Trump contra o Brasil sejam preocupantes, os Estados Unidos não são atualmente o principal destino das exportações brasileiras. Segundo ele, o país exporta muito mais para outras regiões, como a China.

O ministro também apontou que o tarifaço pode provocar eventualmente queda nos preços domésticos do Brasil, pois podem elevar a oferta desses produtos no país.

Mercados internacionais

As bolsas da Ásia fecharam sem direção única nesta terça-feira, 29, com investidores à espera da decisão de juros do Fed e atentos às negociações comerciais entre Estados Unidos e China.

O índice Nikkei 225, do Japão, caiu 0,79%, enquanto o CSI 300, da China, recuou 0,39%. Já o Kospi, da Coreia do Sul, subiu 0,66%.

Na Europa, os principais índices fecharam em alta, apoiados por resultados corporativos positivos e uma percepção mais branda sobre o impacto das tarifas americanas. O Stoxx 600 subiu 0,23%. O CAC 40, da França, avançou 0,72%, o DAX, da Alemanha, 1,17%, e o FTSE 100, de Londres, 0,60%.

Entre os destaques do dia estão o banco Barclays, que superou estimativas de lucro e anunciou recompra de ações, e a farmacêutica AstraZeneca, que também surpreendeu positivamente e reiterou planos de investir US$ 50 bilhões nos EUA até 2030.

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