Painel de cotações da B3 (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 27 de julho de 2022 às 10h47.
Última atualização em 27 de julho de 2022 às 17h39.
O Ibovespa encerrou esta quarta-feira, 27, em forte alta, acompanhando a disparada das bolsas americanas. No exterior, o foco está na temporada de balanços e na mais recente decisão do Federal Reserve (Fed, banco central do americano), que veio em linha com o esperado pelo mercado.
O Fed subiu os juros em 0,75 ponto percentual (p.p.), para o intervalo de 2,25% e 2,50%. Apesar de ser a quarta elevação desde março, a alta foi bem recebida por se manter na trajetória já esperada, sem acelerar o ritmo de aperto como alguns analistas e investidores temiam.
As bolsas ganharam força principalmente após o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizar que a autoridade monetária pode reduzir o ritmo de alta nas próximas reuniões.
“À medida que a política monetária se apertar ainda mais, provavelmente será apropriado desacelerar o ritmo dos aumentos [de juros] enquanto avaliamos como nossos ajustes estão afetando a economia e a inflação”, disse ele em coletiva após a decisão.
A possibilidade impulsionou o apetite a risco nas bolsas e no câmbio. O dólar comercial aprofundou suas perdas frente ao real após o discurso, atingindo R$ 5,243 na mínima do dia.
Além dos juros, os balanços do segundo trimestre contribuíram com o bom humor no exterior. Alphabet (GOGL34) e Microsoft (MSFT34), que divulgaram seus resultados na última noite, saltaram mais de 4% nesta tarde. O índice Nasdaq, de tecnologia, tem o melhor desempenho entre os principais de Wall Street.
O maior otimismo sobre empresas de tecnologia é refletido no mercado brasileiro, com a disparada da Locaweb (LWSA3). Ações que vinham sofrendo na bolsa, como Gol (GOLL4), CVC (CVCB3) e Yduqs (YDUQ3) também avançam. No caso da Gol, a alta acompanha a perspectiva para o balanço da companhia, que será divulgado amanhã antes da abertura do mercado.
Outro grande destaque da sessão foi o setor de varejo de alimentos, puxado pelo balanço positivo do Carrefour (CRFB3). A rede de hipermercados disparou mais de 7%, com investidores reagindo ao resultado do segundo trimestre divulgado ontem.
A despeito da maior preocupação com o setor de hipermercados no exterior, a divisão brasileira da multinacional aumentou seu lucro líquido ajustado em 1,3% frente ao mesmo período do ano passado para R$ 600 milhões. As vendas líquidas subiram 35,9% para R$ 24 bilhões. A margem líquida ajustada, no entanto, caiu 0,9 ponto percentual, de 3,4% para 2,5%.
"O desempenho do Carrefour Brasil novamente foi impulsionado pelo resultado do Atacadão. No varejo, a companhia apresentou mesmas vendas animadoras no segmento alimentar, entretanto ainda com impactos no segmento não alimentar devido ao desempenho dos eletroeletrônicos", afirmou em relatório Guilherme Domingos, analista da Eleven.
O bom resultado gerou expectativa sobre os próximos números do setor. O GPA, que irá divulgar balanço no fim do dia, subiu mais de 7%, enquanto o Assaí (ASAI3), mais de 5%. O Grupo Mateus também encerrou o dia em alta.
A reação, por outro lado, foi negativa sobre o resultado da Telefônica Brasil (VIVT3), com as ações liderando as perdas do Ibovespa. A empresa reportou queda de 44,6% do lucro líquido frente ao mesmo período do ano passado para R$ 746 milhões. "Despesas com juros mais altas explicam a queda de lucro para bem abaixo do consenso do mercado", disseram analistas do BTG em relatório.