Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 26 de setembro de 2022 às 10h39.
Última atualização em 26 de setembro de 2022 às 18h19.
O Ibovespa deu sequência às fortes quedas do último pregão e fechou este início de semana em queda, pressionado pelo cenário externo.
Investidores globais continuam preocupados com o cenário de inflação global e aumento nas taxas de juros, em especial após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), ter elevado as taxas para os EUA na última semana.
Em Wall Street, os principais índices de ações caíram pelo quinto pregão consecutivo nesta segunda-feira, 26. Os rendimentos dos títulos americanos, reflexo das expectativas para as políticas do Fed, chegaram a renovar a máxima em mais de uma década ainda de madrugada. O rendimento do título de 2 anos chegou a superar 4,3%, antes de perder força ainda pela manhã.
Com os títulos americanos pagando mais, investidores migraram para o dólar, levando o DXY, índice que mede a variação da moeda contra as principais divisas do mundo, a um novo recorde em 20 anos.
Quem mais tem sofrido é a libra esterlina, que além dos efeitos globais da alta do dólar, é pressionado por preocupações fiscais internas. A moeda britânica foi à mínima histórica nesta segunda, ao ser negociada abaixo de US$ 1,04, com investidores reagindo aos planos expansionistas da nova primeira-ministra Liz Truss.
Na última sexta-feira, Truss anunciou um programa de corte de impostos para impulsionar a economia e ajudou a derrubar as bolsas.
No Brasil, o dólar chegou a ser negociado com mais de 3% de alta na máxima, voltando a operar acima de R$ 5,40. Ao final da sessão, a moeda perdeu parte da força e encerrou o dia cotada a R$ 5,38.
Por aqui, economistas também repercutiram mais uma rodada de revisões positivas do boletim Focus. O consenso para o IPCA deste ano caiu de 6% para 5,88%, enquanto a projeção do mercado para o PIB subiu de 2,65% para 2,67%.
Apesar da melhora de perspectiva para a economia local, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset vê como "muito difícil" o mercado brasileiro manter a trajetória positiva na contramão do exterior por um período prolongado. "O mercado brasileiro não se sustenta sozinho", disse.
Além dos fatores externos, Vieira adiciona o fator eleitoral como motivo para maior cautela no mercado brasileiro. "Ainda tem muita coisa relevante para acontecer. Este pregão deve ser de espera mesmo."
Entre os destaques mais aguardados da semana estão o IPCA-15, a ata do Copom e, nos Estados Unidos, o PIB dos Estados Unidos e o índice de preço sobre consumo pessoal. Além do primeiro turno das eleições no domingo, 2 de outubro.