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Ibovespa fecha em queda sem perspectiva de resolução do tarifaço

Na véspera, o índice fechou em queda de 1,15%, aos 133.807 pontos, pressionado pelo aumento da tensão na guerra tarifária dos Estados Unidos

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 25 de julho de 2025 às 15h10.

Última atualização em 25 de julho de 2025 às 17h25.

O Ibovespa fechou em baixa nesta sexta-feira, 25, sem avanços de uma resolução do tarifaço para o Brasil. O principal índice da bolsa brasileira registrou recuo de 0,21%, aos 133.524 pontos.

Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street terminaram o dia no azul. O S&P 500 avançou 0,40%, o Dow Jones subiu 0,47% e o Nasdaq 100 valorizou 0,47%.

Ibovespa hoje

  • Ibovespa: -0,21%, aos 133.524 pontos
  • Dólar: +0,76%, a R$ 5,561

Falas de Lula

O mercado repercutiu as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O chefe do executivo reiterou, durante participação em evento em Osasco, que o vice-presidente, Geraldo Alckmin, é o responsável por negociar com os Estados Unidos o tarifaço de 50% aos produtos brasileiros, anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

“O Trump colocou [na carta que enviou ao Brasil] três coisas que não podemos aceitar. Primeiro, Bolsonaro não é problema meu e, sim, da Justiça brasileira. E, segundo, que não aceita regulação das big techs. Vamos fazer regulação. Eles têm que respeitar a legislação brasileira. E terceiro, eles têm superávit com comercial com o Brasil. Eu não só estou negociado como estou colocando meu vice-presidente para ser o negociador”, disse, durante participação em evento em Osasco.

IPCA-15

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador que é a prévia da inflação oficial do Brasil, fechou em julho em 0,33%, aceleração de 0,07 ponto percentual em relação a junho, quando o índice registrou alta de 0,26%. O resultado foi divulgado nesta sexta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado veio acima da expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,30%.

No acumulado do ano fechou, o índice fechou em 3,40%, enquanto o indicador nos últimos 12 meses caiu para 5,30%. Em julho de 2024, o IPCA-15 havia registrado um aumento de 0,30%.

Bens duráveis nos EUA

As encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos caíram 9,3% em junho, com destaque para a queda de quase 52% nos pedidos de aeronaves comerciais, segundo dados do Departamento de Comércio divulgados nesta sexta-feira.

O núcleo de bens de capital, que exclui aeronaves e equipamentos militares, recuou 0,7% após um ganho revisado de 2% em maio. O relatório sugere cautela das empresas diante da incerteza em relação à política comercial e fiscal do governo, embora os embarques de bens de capital, indicador usado no cálculo do PIB, tenham avançado 0,4%.

Segundo a Bloomberg, o resultado aponta para uma desaceleração dos investimentos em equipamentos no segundo trimestre, após o forte impulso do setor aéreo no início do ano.

Balanço da Usiminas

A Usiminas divulgou na manhã desta sexta-feira, 25, um lucro de R$ 127,6 milhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 99,7 milhões do mesmo período de 2024. O faturamento somou R$ 6,62 bilhões, alta de 4% em um ano, embora tenha recuado 3% em relação aos três primeiros meses de 2025. O resultado foi impulsionado pelas exportações, que cresceram 29%, enquanto as vendas no mercado interno ficaram estáveis.

A companhia destacou que a concorrência com o aço importado continua forte, mesmo após a renovação do sistema de cotas-tarifa (mecanismo do governo que limita a quantidade de aço estrangeiro com isenção ou tarifa reduzida). Segundo a empresa, a medida não trouxe mudanças efetivas.

A produção de aço bruto ficou em 789 mil toneladas, leve queda de 3% em um ano, mas a produção de laminados subiu 6% tanto na comparação anual quanto trimestral, para 1,12 milhão de toneladas. Já na área de mineração, as vendas aumentaram 22%, para 2,45 milhões de toneladas, apesar da queda nos preços do minério no trimestre.

Fluxo cambial

O Banco Central informou nesta sexta-feira, 25, que o fluxo cambial parcial de julho está negativo em US$ 1,75 bilhão até o dia 23, reflexo principalmente do fluxo financeiro negativo de US$ 7,06 bilhões, ou seja, mais dinheiro saiu do país por investimentos e transferências do que entrou. Esse movimento é parcialmente compensado pelo superavit comercial de US$ 5,3 bilhões, resultado de exportações de US$ 19,95 bilhões e importações de US$ 14,65 bilhões no período.

Nas contas externas, o Brasil registrou déficit de US$ 5,1 bilhões em junho, o maior para o mês desde 2014 e 52,3% maior que em junho de 2024, pressionado pelo aumento na conta de renda primária, que saltou de US$ 4,9 bilhões para US$ 6,2 bilhões com o envio de lucros, juros e dividendos ao exterior.

A balança comercial apresentou superavit de US$ 5,4 bilhões, mas os serviços tiveram déficit de US$ 4,5 bilhões. No acumulado de 12 meses, o déficit em transações correntes somou US$ 73,1 bilhões, equivalente a 3,42% do PIB.

No radar hoje

À espera da reunião que vai decidir os juros nos Estados Unidos, marcada para a próxima semana, os mercados operam nesta sexta-feira, 25, avaliando sinais mistos vindos de Nova York. As bolsas americanas -- apesar de operarem em alta -- repercutem a forte queda das ações da Intel no pré-mercado (-8,48%), após a empresa divulgar um salto de 81% no prejuízo do segundo trimestre.

Outro fator que pode animar o mercado é a notícia de que o vice-presidente Geraldo Alckmin teve, no sábado, uma “longa” conversa com Howard Lutnick, secretário de Comércio dos Estados Unidos. O diálogo, revelado ontem após o fechamento do mercado, abre uma frente de negociação que pode evitar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

Além dos indicadores, o presidente americano Donald Trump viaja hoje para o Reino Unido.

Mercados internacionais

As bolsas asiáticas fecharam em queda, pressionadas pela desaceleração da inflação em Tóquio e pelas incertezas comerciais. No Japão, o Topix recuou 0,86%, enquanto o Nikkei 225 caiu 0,88%. Na China continental, o CSI 300 perdeu 0,53% e o S&P/ASX 200, da Austrália, recuou 0,49%. O Kospi, da Coreia do Sul, foi a exceção, com alta de 0,18%.

Na Europa, os mercados fecharam em baixa, com o Stoxx 600 recuando 0,24%, o DAX, da Alemanha, caindo 0,43%, e o FTSE 100, do Reino Unido, desvalorizando 0,21%. O CAC 40, da França, perdendo 0,21%.

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