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Ibovespa sobe após governo negar mudança na autonomia do Banco Central

Ministro Alexandre Padilha diz não haver “nenhuma predisposição” de mudança após Lula criticar independência do BC

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 19 de janeiro de 2023 às 10h39.

Última atualização em 19 de janeiro de 2023 às 18h26.

O Ibovespa firmou alta e fechou esta quinta-feira, 19, em alta, depois de passar boa parte do dia entre perdas e ganhos de olho na discussão sobre autonomia do Banco Central. Com o saldo de hoje, o Ibovespa acumula alta de 1,5% na semana. Foi a maior pontuação de fechamento do índice desde novembro do ano passado.

O principal índice da bolsa brasileira ganhou força depois que o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, colocou panos quentes nas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do BC.

"Como disse o presidente Lula, na sua experiência de governo, deu plena autonomia ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O presidente não vai mudar de postura agora, ainda mais com uma lei que estabelece regras nesse sentido", reforçou.

A fala ajudou a diminuir a tensão no mercado, que ficou receoso com as falas de ontem do  presidente. Em entrevista à GloboNews, Lula criticou a autonomia da instituição.

"É uma bobagem achar que um presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente [da República] é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] seja mais independente do que foi o [Henrique] Meirelles. Duvido. Por que, com o banco independente, a inflação está do jeito que está? Os juros estão do jeito que estão?", questionou.

A crítica foi mal recebida na bolsa e segurou o Ibovespa durante boa parte do pregão. No final da tarde, a situação se inverteu após Padilha afirmar, em rede social, que não há “nenhuma predisposição” por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o BC. 

A mudança permitiu que o índice acompanhasse o clima positivo no mercado de commodities, que vem sustentando a bolsa nos últimos dias. Investidores estão apostando que a retomada da economia chinesa vai aumentar a demanda pelos produtos. O minério de ferro subiu 1,7% em Singapura, enquanto o petróleo avançava mais de 1%.

As altas ajudaram as duas maiores empresas do Ibovespa, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4), que fecharam com ganhos de até 3,4%.

  • Petrobras (PETR3): + 3,40%
  • Petrobras (PETR4): + 3,03%
  • Vale (VALE3): + 0,43%

Maiores altas e baixas do Ibovespa

Do lado negativo da bolsa, as ações da Americanas (AMER3) voltam a liderar as perdas do Ibovespa. Os papéis caíram mais de 42% neste pregão e acumulam baixa de 89,6% no ano. 

  • Americanas (AMER3): - 42,53%
  • Braskem (BRKM5): - 2,79%
  • BTG Pactual (BPAC11): - 2,74%

A forte desvalorização ocorreu após a companhia registrar na Justiça seu pedido de recuperação judicial (RJ). O pedido vem após a empresa ter descoberto inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões

Somadas as inconsistências às demais dívidas da Americanas, o valor declarado à Justiça pela empresa é de aproximadamente R$ 43 bilhões. Constam da petição inicial pelo menos 16.300 credores.

Com o início da recuperação judicial, a Americanas será excluída do Ibovespa e de todos os índices da B3 a partir de amanhã. Estar em RJ é um dos critérios de exclusão dos índices da bolsa.

Na ponta oposta, a concorrente Magazine Luiza (MGLU3) liderou os ganhos do dia, disparando mais de 7%.

  • Magazine Luiza (MGLU3): + 7,02%
  • Rede D’Or (RDOR3): + 6,19%
  • CCR (CCRO3): + 5,18%
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