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Tensões entre Brasil e EUA
No Brasil, o embate entre o presidente Lula e o presidente dos EUA, Donald Trump, ganhou novos capítulos. Após Lula dizer à CNN Internacional que Trump "não é o imperador do mundo", o republicano respondeu com uma carta aberta a Jair Bolsonaro, em que criticou a Justiça brasileira e sugeriu motivações políticas por trás da tarifa de 50% contra o Brasil, prevista para o dia 1º de agosto.
Em rede nacional, Lula classificou as ameaças como "chantagem às instituições brasileiras", defendeu a soberania do país e exaltou o Pix como símbolo nacional.
A tensão se acirrou nesta manhã com o mandado de busca e apreensão emitido pela Polícia Federal a pedido do Superior Tribunal Federal (STF) ao Partido Liberal e o ex-presidente Jair Bolsonaro. As medidas em relação à Bolsonaro envolvem uso de tornozeleira eletrônica e impedimento de usar redes sociais ou se aproximar de embaixadas, o que sugere uma tentativa de reduzir um risco de fuga.
Na opinião de Christian Iarussi, economista e sócio da The Hill Capital, o movimento de queda do Ibovespa hoje tem o tom de percepção de risco, principalmente político e geopolítico. "A operação da PF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro aumentou a tensão nos mercados. Mas o ponto central não é exatamente a operação em si, e sim o receio do impacto disso nas relações com os Estados Unidos, considerando especialmente o momento delicado com a questão tarifária imposta pelo Trump."
Para ele, o que assusta o mercado não é só o barulho doméstico, mas o risco do presidente americano reagir. Há um temor real de que Trump use a situação para justificar uma escalada tarifária contra o Brasil. E isso pega direto nos setores mais exportadores como agronegócio, aviação e manufatura.
Na área fiscal, o ministro Fernando Haddad minimizou os impactos da nova tensão internacional, afirmou que não há espaço para grandes reformas em ano eleitoral e aposta na isenção do Imposto de Renda como pauta popular que o Congresso tende a abraçar.
O mercado financeiro reagiu com cautela, mas viu com bons olhos a solução para o IOF, que tira pressão sobre o Orçamento de 2026.
No radar hoje
O destaque da agenda internacional nesta sexta-feira, 18, foi o índice preliminar de sentimento do consumidor americano de julho, medido pela Universidade de Michigan. O indicador ficou em 61,8 pontos, de 60,7 no mês anterior -- levemente acima do consenso de 61,5 pontos.
Outro dado importante foi a construção de moradias nos Estados Unidos, que subiu 4,6% em junho, para uma taxa anualizada de 1,32 milhão de unidades, impulsionada por um salto de 30% no segmento multifamiliar. No entanto, os novos projetos de casas individuais recuaram para 883 mil, um dos níveis mais baixos desde o início de 2023, refletindo o impacto de estoques elevados, restrições de acessibilidade e concorrência com imóveis usados.
No Brasil, o foco dos investidores foi a pesquisa Sondagem Industrial, da CNI, que mostrou piora nas condições financeiras das indústrias brasileiras no segundo trimestre de 2025, em comparação com os três primeiros meses do ano.
A preocupação com os juros altos ganhou força no setor, subindo da terceira para a segunda posição entre os principais problemas enfrentados pelas empresas. A liderança do ranking segue com a elevada carga tributária, seguida pelas taxas de juros, pela demanda interna insuficiente e pela escassez ou alto custo de mão de obra qualificada.
Balanços corporativos
Nos Estados Unidos, os balanços corporativos deram respaldo à narrativa de uma economia ainda muito resiliente que levou os índices acionários americanos a patamares recordes.
A American Express divulgou nesta sexta-feira, 18, um faturamento recorde de US$ 17,86 bilhões no segundo trimestre do ano, alta de 9% na comparação anual, impulsionada por um aumento de 7% nos gastos dos clientes.
A empresa manteve suas projeções para o ano, mas alertou para o aumento de 11% nas provisões para perdas com crédito, mesmo com queda na taxa de inadimplência.
A 3M também superou as estimativas ao registrar lucro ajustado de US$ 2,16 por ação e receita de US$ 6,2 bilhões no trimestre, ante projeções de US$ 2,01 e US$ 6,1 bilhões, respectivamente.
A companhia elevou sua projeção de lucro anual para US$ 7,87 por ação, incorporando o impacto esperado das tarifas. Apesar da demanda mais fraca do consumidor, a empresa teve crescimento nas vendas e foi beneficiada por efeitos cambiais positivos, que adicionaram 10 centavos à previsão de lucro.
Mercados internacionais
Nos Estados Unidos, os índices operaram mistos. No fechamento, o Dow Jones caiu 0,32%, o S&P 500 recuou 0,01% e o Nasdaq 100 registrou alta de 0,05%.
Na Ásia e no Pacífico, o destaque foi a Austrália: o índice S&P/ASX 200 saltou 1,37% e fechou em nova máxima histórica de 8.757,2 pontos. O CSI 300, da China continental, avançou 0,6%. No Japão, porém, o Nikkei 225 caiu 0,21%, e o Topix recuou 0,19%. O Kospi, da Coreia do Sul, teve baixa de 0,13%, enquanto o índice de small caps Kosdaq subiu 0,29%.
Na Europa, os principais índices fecharam sem direção única, mas com leve perda de fôlego. O Stoxx 600 caiu 0,04%, o CAC 40 subiu 0,01%, o FTSE 100 ganhou 0,19%, enquanto o DAX, da Alemanha, inverteu sinal e recuou 0,34%.