Ibovespa: na véspera, o principal índice da bolsa brasileira fechou com leve alta de 0,14%, aos 133.151 pontos (Germano Lüders/Exame)
Redação Exame
Publicado em 16 de julho de 2025 às 16h00.
Última atualização em 16 de julho de 2025 às 17h38.
O Ibovespa interrompeu sequência de sete pregões em queda e fechou em alta nesta quarta-feira, 16. O índice registrou avanço de 0,19%, aos 135.510 pontos.
O mercado também acompanhou a afirmação de Moraes, durante a sessão desta quarta, dizendo que irá enviar um ofício ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), solicitando esclarecimentos sobre a fala do advogado de Filipe Martins, Jeffrey Chiquini. O defensor afirmou que o governador poderia ter participado da mesma reunião no Palácio da Alvorada, na qual foi debatida a minuta golpista. A notícia foi dada pelo site Jota.
Os principais índices dos Estados Unidos fecharam no azul, depois da declaração de Donald Trump de que a demissão de Powell é 'improvável'. O Dow Jones subiu 0,53%, o S&P 500 valorizou 0,32% e o Nasdaq 100 registrou alta de 0,25%.
No Brasil, o clima foi de apreensão diante do novo capítulo da guerra comercial. Na noite de terça-feira, o presidente Donald Trump voltou a subir o tom contra o país. Depois de minimizar sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, Trump ordenou uma investigação sobre supostas práticas comerciais “injustas” por parte do Brasil.
Os mercados locais acompanham os desdobramentos dessa tensão diplomática. Pela manhã, o vice-presidente Geraldo Alckmin participou de reuniões com empresários e representantes da indústria para discutir a resposta brasileira às tarifas. À tarde, ele recebeu o presidente da Amcham Brasil, Abrão Neto.
Outro tema que atrai atenção do mercado é a pesquisa Genial/Quaest, que mostrou um aumento da popularidade do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) depois das ameaças de Trump.
No radar está ainda o tema do IOF em operações internacionais. A reunião entre governo e Congresso, realizada no Supremo Tribunal Federal na véspera, terminou sem acordo. Agora, o ministro Alexandre de Moraes prepara uma decisão sobre o tema.
Nos Estados Unidos, investidores acompanham as falas de Beth Hammack (Fed de Cleveland), Michael Barr (Fed Board) e John Williams (Fed de Nova York), o que pode mexer com as expectativas em torno da trajetória de juros nos EUA.
Ainda nos EUA, os estoques de petróleo foram divulgados: segundo o Departamento de Energia (DoE), os estoques de petróleo caíram 3,859 milhões de barris, a 422,162 milhões na semana.
O índice de preços ao produtor (PPI) dos Estados Unidos ficou estável em junho, conforme dados divulgados nesta quarta-feira, 16, pelo Departamento do Trabalho dos EUA. O resultado veio abaixo da expectativa de alta de 0,2% e marcou uma desaceleração em relação ao avanço de 0,3% registrado em maio.
Na comparação com o dado da véspera, o PPI contrastou com o índice de preços ao consumidor (CPI), que subiu 0,3% no mês e 2,7% em 12 meses. Apesar da aceleração do CPI, o núcleo da inflação veio abaixo do esperado, reforçando a leitura de que a inflação ao consumidor segue sob controle, ainda que sob ameaça de alta com o impacto das tarifas comerciais.
A CBS News noticiou que, na terça-feira, 15, o presidente Trump questionou um grupo de republicanos da Câmara sobre a possibilidade de demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell — e, segundo diversas fontes com conhecimento direto, os presentes demonstraram apoio à ideia. Várias dessas fontes também afirmaram que Trump indicou a intenção de seguir adiante com a demissão.
No entanto, a ideia de um presidente destituir o chefe do Fed carece de respaldo legal — a legislação federal estabelece que o presidente do Federal Reserve só pode ser removido "por justa causa". Essa ação, caso ocorra, pode provocar impactos significativos e negativos nos mercados financeiros. Após a divulgação da notícia pela CBS, a Bloomberg e o Wall Street Journal foram mais enfáticos: Trump está inclinado a demitir Powell do comando do Federal Reserve em breve, segundo uma autoridade da Casa Branca.
As bolsas americanas viraram para o negativo, mas logo voltaram a operar em alta com Trump afirmando, em coletiva na Casa Branca, que "ele [Powell] sempre esteve atrasado" e que a demissão é "improvável", mas que "não descarta nada". "A mudança vai acontecer em oito meses [...] temos muitas pessoas que querem esse emprego, e estou interessado somente em juros baixos", disse ele.
Mauricio Garret, chefe da mesa de operações internacionais do Inter, destaca que a saída de Jerome Powell da presidência do Fed poderia trazer mudanças na política monetária americana. "Essa transição, combinada com as negociações comerciais, pode sim criar mais volatilidade, aumentando as preocupações sobre a independência do Fed e o potencial de interferência política em questões-chave da economia", diz.
Entretanto, ele ameniza a situação dizendo que a decisão do presidente do Fed sobre os juros não é individual, e sim com muitos diretores e presidentes dos Feds regionais, que fazem parte do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), "o que traz mais conforto." No entanto, a indicação de um nome mais heterodoxo por parte de Trump, que não tenha a confiança do mercado, pode, sim, trazer de volta mais estresse aos ativos em geral.
Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente no vermelho. O Kospi, da Coreia do Sul, caiu 0,9%, enquanto o S&P/ASX 200, da Austrália, recuou 0,79%. Na China, o índice CSI 300 perdeu 0,3%, e o Nikkei 225, do Japão, encerrou estável.
As bolsas asiáticas repercutiram o anúncio de um acordo comercial preliminar entre Estados Unidos e Indonésia, que inclui tarifa de 19% sobre produtos exportados pelo país asiático, além do avanço dos papéis de tecnologia na China após a liberação de exportações de chips dos EUA.
Na Europa, os principais índices viraram e fecharam em queda. O Stoxx 600 caiu 0,51%, enquanto o francês CAC 40 recuou 0,45%, perdendo fôlego após as perdas provocadas pela forte queda nas ações da Renault. A montadora francesa desabou 17% após cortar suas projeções financeiras e anunciar uma mudança inesperada na liderança. O alemão DAX registrou baixa de 0,13%, enquanto o britânico FTSE 100 recuou 0,08%.
O cenário macroeconômico também pesa sobre o humor dos investidores. No Reino Unido, a inflação de junho veio acima do esperado, com alta de 3,6% em 12 meses, superando a projeção de 3,4%.