Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 15 de setembro de 2022 às 10h37.
Última atualização em 15 de setembro de 2022 às 18h48.
O Ibovespa teve seu terceiro pregão consecutivo de queda nesta quinta-feira, 15. Mais uma vez o principal índice da B3 foi prejudicado pelo dia negativo no mercado internacional e nem mesmo dados locais positivos tiraram o Ibovespa do terreno negativo.
O IBC-Br, o índice de atividade do Banco Central conhecido como "prévia do PIB", saiu muito acima das projeções de economistas, saltando 1,17% em julho. O consenso era de 0,4% de alta, segundo a mediana da Bloomberg. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,87%.
"É um resultado positivo da economia brasileira para o início do segundo semestre, puxado pelo setor de serviços, que deve pavimentar o crescimento do período", disse Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
Para o mês de agosto, segundo a economista, devem começar a aparecer os efeitos do aumento de benefícios sociais do governo e da desaceleração da inflação. "Isso pode levar as famílias a aumentar o consumo de itens básicos."
Porém, o pessimismo internacional falou mais alto. As bolsas de Wall Street, que chegaram a esboçar o segundo dia de recuperação após o caótico pregão de terça-feira, 13, voltaram a fechar em queda.
A preocupação por lá segue sendo a alta da inflação e a possibilidade de alta mais forte dos juros. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) toma sua próxima decisão de política monetária na quarta-feira da semana que vem, 21. Até lá, os mercados devem continuar voláteis.
Enquanto não sai a decisão do Fed, investidores buscam pistas em indicadores econômicos. Entre os dados divulgados nesta manhã no mercado americano, estão os das vendas do varejo, que cresceram 0,3% em agosto, levemente acima de 0,2%. Na comparação anual, o indicador desacelerou de 10,06% para 9,37%.
Outro dado bastante aguardado era o de pedidos semanais de seguro desemprego, que saiu abaixo das estimativas pela sexta vez consecutiva, ficando em 213.000 ante consenso de 226.000.
A maioria das ações do Ibovespa encerraram o pregão no negativo em meio ao mau humor internacional. Entre as poucas altas desta quinta, destaque para Positivo (POSI3) e Embraer (EMBR3). A fabricante de aeronaves anunciou hoje um acordo de até US$ 1,5 bilhão para o programa de financiamento dos clientes de jatos regionais.
Também fecharam em alta as ações da Natura (NTCO3), que vem passando por mudanças estratégicas dentro de casa, com a chegada de Fabio Barbosa como CEO. O foco do novo nome à frente da Natura é a eficiência de capital.
Na ponta negativa, a Ecorodovias (ECOR3) liderou as baixas do índice. Os papéis viraram para queda ao longo do pregão depois que a companhia venceu o leilão de concessão rodoviária do Lote Noroeste Paulista nesta tarde.
A proposta da Ecorodovias foi de R$ 1,24 bilhão de outorga inicial contra R$ 753,8 milhões e R$ 321,3 milhões, respectivamente, das concorrentes CCR e Pátria. Os investimentos previstos no contrato chegam a R$ 10 bilhões ao longo de 30 anos.
A Qualicorp (QUAL3) também ficou entre as maiores perdas do dia. A companhia sofreu corte de preço-alvo pelo Credit Suisse. Os analistas reduziram em 50% o preço-alvo para os papéis de R$ 18 para R$ 9. A recomendação, mantida pelo banco, é de ficar de fora das ações.
Já a Sabesp (SBSP3) teve a recomendação rebaixada de compra para neutra pelo banco UBS, com queda do preço-alvo de R$ 60 para R$ 56 por ação. Os analistas consideram que a ação já subiu muito desde a mínima de junho.