Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 14 de fevereiro de 2023 às 10h20.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2023 às 19h21.
O Ibovespa perdeu força e fechou esta terça-feira, 14, em queda, acompanhando o cenário de cautela nos Estados Unidos. Por lá, a divulgação de dados para a inflação americana levemente acima das expectativas deixaram investidores receosos.
O Índice de Preço ao Consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) caiu de 6,5% para 6,4% na comparação anual. O consenso era de recuo para 6,2%. Já o núcleo do CPI desacelerou de 5,7% para 5,6% ante expectativa de queda para 5,5%.
O dado diminui as chances de um corte de juros ainda em 2023 e, em reação, os índices de Wall Street fecharam o dia entre altas e baixas.
"A tendência é que as coisas melhorem com o tempo à medida que a inflação diminui. Porém, não acredito que, com esses dados acima do esperado, o Fed deve parar de subir os juros tão cedo", disse Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos.
Mais cedo, a bolsa brasileira chegou a operar em firme alta, indo à máxima intradia de 109.564 pontos, com investidores repercutindo positivamente resultados corporativos e as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em entrevista ao Roda Viva, Campos Neto adotou tom conciliador com o governo, apesar das críticas que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse buscar uma "harmonização" com a equipe econômica do governo e afirmou estar disposto a se encontrar com o presidente ou mesmo ir ao Congresso para explicar as motivações para a manutenção da taxa de juro em patamar elevado.
A entrevista foi elogiada pelo mercado. "Campos Neto foi institucionalmente impecável. Inúmeras vezes fez questão de se colocar como apenas uma peça no BC, podendo inclusive ser voto vencido nas reuniões, despersonificando o debate sobre a atuação da autoridade monetária e fortalecendo as instituições brasileiras", avaliou em nota Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa.
O presidente do BC voltou a discursar publicamente nesta manhã em participação no BTG Conference. Sem grandes novidades, Campos Neto reforçou sua posição contrária à mudança da meta de inflação, e reforçou que a função do BC é seguir -- e não definir -- a meta.
"É importante respeitar as instituições e jogar com as regras do jogo", disse, afirmando que é o governo quem determina a meta de inflação, via Conselho Monetário Nacional (CMN), e que esse não é um instrumento de política monetária do BC.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) ficaram entre as maiores altas da bolsa nesta terça em reação ao forte resultado do quarto trimestre divulgado na noite passada. O banco registrou lucro líquido ajustado de R$ 9 bilhões no trimestre e foi a grande surpresa positiva do setor bancário na temporada de balanços, superando seus pares privados em lucro e rentabilidade.
Em sua primeira divulgação de resultados no comando do BB, a presidente Tarciana Medeiros afirmou que o banco deve continuar na forte tendência de rentabilidade sob a nova gestão.
As ações do Carrefour (CRFB3) estiveram também entre as maiores altas do dia. A empresa apresentou lucro líquido de R$ 426 milhões no quarto trimestre – 58% menor que o do mesmo período do ano anterior, mas em linha com as estimativas. O resultado foi pressionado principalmente pelos juros da dívida, traduzidas nas despesas financeiras. As vendas consolidadas cresceram 38,2% para R$ 31,5 bilhões.
A empresa, segundo avaliaram analistas da Guide, segue apresentando um "sólido crescimento". "A companhia vem cumprindo o seu cronograma de expansão com a aquisição da rede BIG", afirmou em nota Matheus Haag, analista da Guide.