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Ibovespa fecha em baixa pelo terceiro dia seguido e tem pior semana em três meses

O mercado repercutiu as críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China

Ibovespa: na quinta-feira, 9, o índice fechou com queda de 0,31%, aos 141.708 pontos (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: na quinta-feira, 9, o índice fechou com queda de 0,31%, aos 141.708 pontos (Germano Lüders/Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 10 de outubro de 2025 às 17h44.

O Ibovespa fechou, nesta sexta-feira, 10, em queda de 0,73%, aos 140.680 pontos. Na semana, o índice acumulou perda de 2,44%, pior queda semanal desde 6 de julho. O dólar operou o dia em forte alta e fechou a sessão com avanço de 2,39%, a R$ 5,503, após oscilar entre R$ 5,362 e R$ 5,518.

As bolsas americanas despencaram: Dow Jones caiu 1,90%, enquanto o S&P 500 perdeu 2,71% e o Nasdaq 100 recuou 3,56%. Já o Índice Vix, conhecido como "índice do medo", fechou com alta de 31,65%.

O mercado repercutiu as críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China. Ele afirmou que "muitas contramedidas estão sendo consideradas em relação à China", acrescentando que a situação atual havia alterado seus planos de encontro com o presidente chinês, Xi Jinping. "Eu deveria me encontrar com Xi em duas semanas. Agora não parece haver motivo para isso", disse.

O estopim para o aumento da tensão veio depois de Trump apontar que a China havia feito um "movimento sinistro" ao implementar controles sobre as terras raras, recursos vitais para a produção de tecnologia avançada.

O presidente dos EUA também sugeriu um possível aumento nas tarifas sobre produtos chineses, o que intensificaria ainda mais o embate comercial entre as duas potências.

O Ibovespa deixa os recordes das sessões anteriores para trás. No entanto, são somente recordes nominais.

"Por mais que a bolsa brasileira tenha renovado novas máximas em real brasileiro esse ano, o Ibovespa em dólares (EWZ) não renova novas máximas desde a crise de 2008", diz Thiago Costa Azevedo, sócio-fundador da Guardian Capital.

As questões fiscais internas também pesaram contra o Ibovespa hoje, aponta Felipe Sant'Anna especialista em investimentos do grupo Axia Investing. Na última quarta-feira, 8, a Medida Provisória (MP) 1303, alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), foi retirada da pauta da Câmara dos Deputados.

A MP perdia a validade na própria quarta e representou mais uma derrota do governo no Congresso. A medida era considerada essencial para o governo atingir a meta fiscal de 2026.

No radar hoje

Ainda de olho nas questões globais, os mercados globais também repercutiram o acordo de paz entre Israel e Hamas, mediado pelo presidente Donald Trump.

Nos Estados Unidos, o índice de Sentimento do Consumidor nos Estados Unidos, medido pela Universidade de Michigan, registrou uma prévia de 55 em outubro, levemente abaixo do valor anterior de 55,1, mas ainda acima do consenso de 54,2. A expectativa de inflação para o próximo ano caiu para 4,6%, ante 4,7% anteriormente, enquanto a projeção de inflação para os próximos cinco anos permaneceu estável em 3,7%.

Além disso, dois dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tiveram compromissos públicos ao longo do dia. Pela manhã, Austan Goolsbee (Fed Chicago) participou de um simpósio, seguido de Alberto Musalem (Fed St. Louis), no começo da tarde.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a produção industrial, que subiu 0,8% em agosto, impulsionada por altas em 9 dos 15 locais pesquisados. Os maiores avanços foram registrados no Pará (5,4%), Bahia (4,9%) e Paraná (4,2%), seguidos por Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás, Região Nordeste, São Paulo e Espírito Santo.

Durante a manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do ministro da Fazenda Fernando Haddad e do presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, participou de cerimônia em São Paulo para lançar um novo modelo de crédito imobiliário. Com as novas regras, o valor máximo para financiamento de imóvel passará de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

Segundo o governo, a medida viabiliza mais recursos para financiamento habitacional e beneficia, sobretudo, as operações realizadas dentro das regras do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) para a classe média.

Já o Banco Central do Brasil realizou sua 101ª reunião trimestral com economistas no Rio de Janeiro.

Mercados internacionais

Os mercados asiáticos fecharam mistos nesta sexta-feira, 10. O índice Nikkei, no Japão, recuou 1,01%, enquanto o Topix caiu 1,85%.

Na Coreia do Sul, na retomada das negociações após feriado, o índice Kospi subiu 1,73% e o Kosdaq avançou 0,61%. A bolsa foi impulsionada por recordes nas ações das fabricantes de chips SK Hynix e Samsung Electronics, em meio ao otimismo com novos acordos de inteligência artificial envolvendo OpenAI e AMD.

Já o índice Hang Seng, em Hong Kong, caiu 1,84%, e o CSI 300, que reúne as principais ações de Shenzhen e Xangai, recuou 1,97%. Em Taiwan, feriado deixa os mercados fechados.

Na Europa, as bolsas fecharam em queda. O Stoxx Europe 600 recuou 1,22%. O DAX, em Frankfurt, caiu 1,71%, enquanto o FTSE 100, em Londres, teve queda de 0,87%. Em Paris, o CAC 40 recuou 1,53%.

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