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Ibovespa fecha em queda diante de forte desvalorização do petróleo

Ações da Petrobras encerram pregão no negativo, após OPEP+ projetar aumento de demanda por países de fora do cartel

Ibovespa: mercado repercute deflação do IPCA de agosto (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: mercado repercute deflação do IPCA de agosto (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 10 de setembro de 2024 às 10h40.

Última atualização em 10 de setembro de 2024 às 17h32.

O Ibovespa fechou em queda de 0,31% nesta terça-feira, 10, aos 134.320 pontos. O grande destaque do dia foi o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que veio abaixo do esperado e mostrou uma deflação, o que parece ter agradado o mercado, segundo especialistas. Entretanto, a forte desvalorização do petróleo no exterior limitou os ganhos na sessão de hoje.

Ibovespa hoje

IBOV: -0,31% aos 134.320 pontos

Queda do petróleo puxa bolsa para baixo

Um dos motivos que colaboraram para o recuo foi o anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O grupo informou, em relatório, que manteve a previsão para o aumento da oferta de petróleo fora dos países da Opep+ em 1,23 milhão de barris diários.

Estados Unidos, Canadá e Brasil devem ser os maiores condutores da escalada da produção em 2024, afirmou a Opep. Para 2025, a organização também reiterou a projeção de avanço na oferta global fora da Opep+ em 1,1 milhão de barris diários.

O petróleo tipo WTI fechou em recuou cerca de 3,55%, sendo negociado a US$ 66,27, enquanto o Brent caiu 3,08%, cotado a US$ 69,63. A desvalorização puxou as ações da Petrobras para baixo. As ações ordinárias (PETR3) fecharam em queda de 2,14%, enquanto as preferenciais (PETR4) caíram 1,66%.

Repercussão do IPCA

Apesar de não ter sido o suficiente para manter a bolsa no azul, o IPCA de agosto surpreendeu o mercado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), na variação mensal, o índice registrou queda de 0,02%, ante o esperado de +0,01% e uma alta de 0,38% em julho. Com isso, a variação dos últimos 12 meses saiu de +4,50% para +4,24%, ante a expectativa de +4,30%. No ano, o IPCA acumula alta de 2,85%.

Na análise de Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o número pode colaborar com a tese de uma parcela do mercado que acredita que uma manutenção na Selic é o ideal — apesar de a maioria ainda precificar uma alta na próxima reunião.

“Com o IPCA melhor que o esperado e em deflação, além de Federal Reserve (Fed, banco central americano) e Europa cortando juros, o Banco Central (BC) deverá ponderar bem se vale a pena dar o aumento que o mercado está pedindo, ou se a manutenção, com o juros já em território restritivo, seria o melhor movimento.”

O destaque positivo do IPCA ficou para habitação, que teve queda de -0,51%, puxada pelo recuo na inflação de energia elétrica, graças à correção da bandeira tarifária, que retornou para bandeira verde. Alimentos também seguiram em queda (-0,44%), influenciados pela desvalorização das commodities — com destaque para a queda no preço da batata-inglesa (-19,04%) e do tomate (-16,89%).

Por outro lado, Fernandes avalia que o combustível (+0,61%) segue impactando negativamente e puxando o índice, com a Petrobras (PETR4) negociando acima da paridade internacional, o que refletiu no IPCA de agosto. “O segmento de educação (+0,73%) e artigos de residência (+0,74%) foram os destaques de alta, mas não conseguiram evitar que o índice viesse em deflação.”

Além disso, houve melhora na inflação de serviços, que também desacelerou no mês para +0,24%, bem abaixo dos +0,75% de julho. O grupo é um dos mais observados por parte de analistas e da autoridade monetária, como destaca o economista Andre Perfeito. Segundo o especialista, o grande receio do mercado era que a melhora do mercado de trabalho se traduzisse em pressões adicionais na inflação de serviços.

Dólar hoje

O dólar fechou em alta de 1,31%, cotado a R$ 5,655. Na última sessão, a moeda fechou em queda de 0,15%, a R$ 5,582.

Como é calculado o índice Bovespa?

O principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, com base na média do desempenho de uma carteira teórica de ativos, cada um com seu peso na composição do índice.

O Ibovespa funciona como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações no mercado, onde cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Portanto, se o Ibov está em 100 mil pontos, isso significa que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de R$ 100 mil.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o aftermarket ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.

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