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Ibovespa cai e renova mínima do ano em 14ª queda dos últimos 16 pregões

Aversão ao risco no exterior e piora das perspectivas pelo BC pesam sobre a bolsa em semana de decisão de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA)

Ibovespa: mercado está de olho nesta semana em decisão do Fed (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Ibovespa: mercado está de olho nesta semana em decisão do Fed (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 10 de junho de 2024 às 10h34.

Última atualização em 10 de junho de 2024 às 17h25.

O Ibovespa fechou em queda de 0,01%, a 120.760 pontos nesta segunda-feira, 10, renovando o pior patamar do ano. Foi o 14º pregão de queda dos últimos 16. A queda teve como pano de fundo a maior aversão ao risco exterior após as eleições parlamentares na União Europeia. Por aqui, o destaque do dia foi a piora das variáveis macroeconômicas pelo Banco Central (BC) no Boletim Focus. Já o foco da semana é a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sobre os próximos passos da política monetária por lá.

Ibovespa hoje

  • IBOV: - 0,01%, aos 120.760 pontos

A forte queda da sexta-feira, 7, com o principal índice acionário da B3 desvalorizando 1,73%, segue nesta segunda-feira e é derivada de dois fatores, segundo explica Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. O primeiro é o payroll (relatório de emprego) acima do esperado, que mostrou um mercado de trabalho americano mais aquecido.

"O segundo são algumas falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em uma reunião fechada com representantes do mercado financeiro. Essas falas começaram a circular, dando conta de que o governo poderia flexibilizar um pouco a questão das metas orçamentárias. Mas após o fechamento do mercado, o ministro deu declarações à imprensa, realçando que suas falas foram mal interpretadas ou lidas equivocadamente e que ele não havia feito afirmações nesse sentido", relembrou Mattos.

O Focus desta manhã também colaborou com a queda na bolsa. O boletim mostrou uma piora nas estimativas para o cenário macroecônomico brasileiro. Entre as mudanças, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024 subiu pela quinta semana consecutiva, indo de 3,88% para 3,90%. Já o IPCA para 2025 foi elevado pela sexta semana consecutiva, subindo de 3,77% para 3,78%.

Destaque também para a elevação da Selic para 2025 de 9,18% para 9,25%. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 também subiu, com o BC elevando a mediana de 2,05% para 2,09%. A projeção do câmbio para 2025, por sua vez, subiu de R$ 5,05 para R$ 5,09, enquanto a de 2027 foi de R$ 5,10 para R$ 5,11.

"O relatório mostrou uma continuidade da piora das estimativas das instituições financeiras para as variáveis macroeconômicas brasileiras. Mas digamos que esse movimento foi mais suave do que o das últimas semanas", afirma Mattos, ainda explicando que as primeiras revisões para cima foram mais impactantes no mercado.

Juros e inflação

Mas o destaque da semana é o encontro do Federal Open Market Committee (Fomc, comitê de política monetária dos EUA) na quarta-feira, 12, para decidir os próximos passos da política monetária por lá. Apesar do mercado estar certo sobre a manutenção da taxa de juros entre 5,25% e 5,50% ao ano, as sinalizações do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, deixam investidores em alerta para entender sobre as próximas reuniões.

Também na quarta, sai o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA. Já no Brasil, o destaque será a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na terça-feira, 11. A expectativa do mercado é que esse novo dado já traga reflexos das enchentes do Rio Grande do Sul (RS).

Europa

De olho nos mercados internacionais, agentes da economia acompanham os desdobramentos na Europa, após o presidente da França, Emmanuel Macron, dissolver Parlamento francês e convocar eleições legislativas antecipadas em função da derrota que sofreu para a extrema direita. O movimento já é visto por alguns como uma espécie de Brexit (nome dado à saída do Reino Unido da UE) da França, o que impactou diretamente os mercados locais.

As bolsas da Europa fecharam em baixa reagindo aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu. A maior queda ocorreu na França, onde a bolsa de Paris caiu mais de 1%. As ações dos bancos franceses Société Générale e BNP Paribas tombaram 7,46% e 4,76%%, respectivamente. A marca de luxo LVMH caiu 2,12%, perdendo o posto de maior valor de mercado da zona do euro para a holandesa ASML. O CAC 40 recuou 1,35%, a 7893,98 pontos.

Em Frankfurt, o DAX caiu 0,34%, a 18494,89 pontos. Em Milão, o FTSE MIB também recuou 0,34%, a 34542,01 pontos. Em Madri, o Ibex35 teve queda de 0,42%, a 11357,20 pontos. Em Lisboa, o PSI cedeu 0,11%, a 6729,42 pontos. As cotações são preliminares.

No domingo, 9, milhões de eleitores na União Europeia foram às urnas para eleger novos parlamentares. A eleição foi marcada por forte polarização, com significativos avanços de partidos eurocéticos e de extrema-direita em vários países. O movimento reflete uma insatisfação crescente com a política convencional e a busca por alternativas que prometem mudanças profundas, como nas políticas migratórias e econômicas do bloco.

Dólar hoje

O dólar encerrou a sessão anterior com alta de 1,3% aos R$ 5,324, um recorde para 2024. Hoje, a moeda valorizou 0,61%, cotada a R$ 5,357.

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