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Ibovespa oscila, mas união de poderes após ataques em Brasília tranquiliza mercados

Reação do governo e união dos poderes amenizaram preocupações em dia de alta das commodities com reabertura da China

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 10h27.

Última atualização em 9 de janeiro de 2023 às 18h50.

O Ibovespa fechou esta segunda-feira, 9, em leve alta, com a alta no exterior e a reação dos Três Poderes ofuscando os efeitos dos protestos antidemocráticos do fim de semana. No domingo, bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O dia foi de volatilidade, com o índice saindo de 0,76% na mínima para subir até 0,89% na máxima. O vai e vém pode ser explicado pela dificuldade dos agentes de mercado em tomar posições. De um lado, a possibilidade de novos atos golpistas traz instabilidade. De outro, a reação unificada das autoridades passou a imagem de que não há ameaça clara para a economia – apesar da turbulência.

Ainda ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal (DF) e cerca de 1200 pessoas foram detidas até esta segunda-feira, segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino.

Além disso, os presidentes dos três poderes – que tiveram as sedes de seus prédios destruídas – assinaram nesta segunda uma nota de repúdio conjunta condenando os ataques e prometeram providências contra os invasores e financiadores dos atos.  

Os governadores também se reuniram com Lula nesta segunda, em demonstração da união das forças políticas.

“[O ataque golpista] não interfere na capacidade de geração de recursos por parte das empresas da bolsa e assim, devemos ter um efeito negativo, porém de durabilidade limitada”, avaliou Étore Sanchez, economista-chefe da corretora Ativa, em nota.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, avalia ainda que o risco político diminuiu com a demonstração de unidade política do País após os ataques. “A alta moderada vem com a melhora da percepção do risco político, com os três poderes se mostrando bem alinhados no combate aos atentados de ontem”, diz.

O dólar reagiu com mais apreensão que a bolsa, e a moeda americana fechou a sessão em alta.

  • Dólar comercial: + 0,41%, a R$ 5,258

No longo prazo, analistas estimam que as cenas de barbárie podem alimentar ainda mais o capital político de Lula.

“Com o fortalecimento do presidente e o enfraquecimento da oposição, percebe-se uma maior radicalização da esquerda, talvez levando a agenda mais longe do que se imagina, ainda que o Congresso continue dominado pelos partidos de centro que, ao menos em tese, seriam uma força contra a radicalização", escreveram os analistas do JPMorgan em relatório distribuído ontem.

Já os analistas da corretora Órama compararam os eventos do fim de semana à invasão ao Capitólio dos Estados Unidos após a derrota de Donald Trump para o atual presidente Joe Biden e relembraram que a bolsa americana fechou em alta naquele dia. "Foi somente ali que [o ex-presidente] Trump reconheceu a sua derrota e confirmou uma passagem de poder ordeira".

O Ibovespa também conseguiu se manter no positivo acompanhando os bons ventos nos mercados internacionais com a reabertura da China.O gigante asiático abriu suas fronteiras no fim de semana pela primeira vez em três anos, o que aumentou a expectativa de retomada da demanda por commodities. O petróleo, por exemplo, salta mais de 1% no mercado internacional.

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