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Ibovespa sobe e sustenta 119 mil pontos com ata do Copom e disparada de varejistas

Mercado repercutiu ata do Copom, mas monitorou falas de Campos Neto, Haddad e Lula ao longo do dia

Painel da B3: Ibovespa opera em alta nesta terça-feira (Germano Lüders/Exame)

Painel da B3: Ibovespa opera em alta nesta terça-feira (Germano Lüders/Exame)

Janize Colaço
Janize Colaço

Repórter de Invest

Publicado em 7 de novembro de 2023 às 10h44.

Última atualização em 7 de novembro de 2023 às 18h27.

Após iniciar o pregão no campo negativo, o Ibovespa desta terça-feira, 7, fechou em alta — pela quinta sessão consecutiva. Por aqui, o dia começou com a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Além do documento, investidores acompanharam os pronunciamentos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, bem como do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Junto a isso, dados da China tiraram o fôlego das commodities.

Antes da abertura do mercado, o BC do Brasil divulgou a ata da última reunião do Copom, realizada na quarta-feira, 1°, em que o comitê reduziu os juros em 0,5 pontos base (p.b.), para 12,25% ao ano. Para Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, o documento reforçou a perspectiva de manutenção do ciclo de corte atual, afastando a possibilidade de que as reduções sejam menores, como parte do mercado temia.

Ibovespa hoje

IBOV: +0,71%, aos 119.268 pontos.

“Eles disseram, basicamente, que acham o ritmo de corte apropriado, o que praticamente sacramenta o novo corte de 0,5 p.b. na reunião em dezembro. Devemos encerrar, portanto, o ano com a taxa de juros na casa de 11,75%”, afirma. Contudo, o economista frisa que a ata reforçou alguns riscos pelas quais a economia brasileira pode enfrentar, sobretudo relacionada à meta fiscal. “O comitê julga que é importante o governo federal buscar a execução das metas já estabelecidas, principalmente para manter a ancoragem da expectativa de inflação para o ano que vem.”

E a política econômica seguiu no radar dos investidores brasileiros nesta terça. Durante a manhã, Campo Neto participou de um evento do Bradesco Asset. A expectativa é de que ele faça comentários sobre o documento divulgado. No encontro, Campos Neto manifestou que apoia o esforço do Ministério da Fazenda em reforçar "o máximo possível" a intenção de cumprir a meta. Ele disse, ainda, que o mercado não espera déficit zero nas contas públicas primárias em 2024, mas é importante que o governo persiga a meta fiscal.

As declarações tiveram uma boa repercussão entre os investidores. Como aponta Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX, as falas do presidente do BC fizeram o real despontar frente aos seus pares durante a sessão de hoje. “Campos Neto disse que o processo de desinflação no Brasil é bastante forte, mas os riscos limitam a visibilidade da política monetária para as próximas duas reuniões do Copom. O destaque da fala ficou por parte de que o corte de 0,50 pontos percentuais ser apropriado, mas apenas na visão das duas próximas reuniões. Ou seja, sugere que o ritmo de corte pode ser pausado já no início de 2024”, alerta o especialista.

Quem também marcou presença em evento com investidores hoje foi o ministro Fernando Haddad no Brasil Investment Forum (BIF), em Brasília (DF), no Palácio Itamaraty. Outra figura de peso a participar do BIF foi o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Nem um, nem o outro fez comentários aprofundados sobre a meta fiscal — assunto que gerou polêmica nas últimas duas semanas. Questionado por empresário sobre o tópico, o chefe do executivo afirmou que o governo trabalha para garantir a estabilidade fiscal. “Vamos garantir estabilidade política, social, jurídica e fiscal”, afirmou.

Outro movimento do governo nesta terça foi a aprovação do texto-base da Reforma Tributária pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Agora, o texto segue para apreciação do Senado e, se aprovado, volta para nova votação da Câmara dos Deputados.

Fora do Brasil, as atenções dos investidores ficaram por conta de falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que antecedem o discurso de amanhã, que será feito por Powell. Nesta terça, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, sinalizou que os cortes de juros podem não começar tão cedo nos Estados Unidos.

Na China, dados da balança comercial surpreenderam ao indicar uma recuperação da demanda interna, com as importações subindo 3% em outubro em relação ao ano anterior. Enquanto isso, o mercado externo para os produtos do país ainda não ganhou força, com as remessas apresentando uma queda de 6,4%, abaixo das expectativas. O superávit comercial no mês passado ficou em US$ 56,5 bilhões.

Commodities hoje

E por falar em China, o minério de ferro recuou, diante da desaceleração da atividade siderúrgica no país após o fim da temporada de construção em outubro. A commodity chegou a subir cerca de 10% nas últimas duas semanas, impulsionado por expectativas de demanda forte por aço e por um crescimento relativamente moderado da oferta.

Com o mercado atento às atividades do país, o minério caiu nesta terça. Em Dalian, a tonelada caiu 0,48%, cotada a 923,50 iuanes (aproximadamente US$ 126,79). A baixa da matéria-prima contribui para as quedas da Vale (VALE3) e da Bradespar (BRAP4), que cederam 1,99% e 0,45%, respectivamente.

Outra commodity em queda por conta dos dados do balanço comercial chinês, e que impacta outra blue chip do Ibovespa, é o petróleo. Além dos dados do país asiático, na véspera, Rússia e Arábia Saudita sinalizaram que manterão os cortes voluntários na produção até o final do ano. Hoje, o barril do Brent fechou com queda de 4,19%, cotado e US$ 81,61. Já o WTI, caiu 4,27%, a US$ 77,37.

Sob esse cenário, a Petrobras (PETR3;PETR4) caiu nesta terça, com as ações ordinárias e preferenciais cedendo 2,21% e 1,66%, respectivamente. Outra petroleira em queda no pregão de hoje foi a Prio (PRIO3), que teve baixa de 2,48%

Dólar hoje

O dólar hoje fechou em queda. Nesta terça, a moeda americana caiu 0,36%, a R$ 4,871. Na segunda, o dólar fechou em queda de 0,17%, cotado a R$ 4,888.

Maiores altas do Ibovespa

  • Magazine Luiza (MGLU3): +23,78%
  • Casas Bahia (BHIA3): +11,77%
  • Hapvida (HAPV3): +8,54%

Maiores quedas do Ibovespa

Como é calculado o índice Bovespa?

Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice. 

Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 18h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 18h25 e 18h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 17h55.

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