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Ibovespa sobe mais de 1% retoma esbarra nos 136 mil pontos

Investidores repercutem decisões de juros no exterior e aguardam balanço da Petrobras (PETR4)

Ibovespa: na quarta-feira, 6, o índice avançou 1,04%, aos 134.537 pontos, mesmo diante da tensão política doméstica e da entrada em vigor do tarifaço imposto por Donald Trump  (Paulo Whitaker/Reuters)

Ibovespa: na quarta-feira, 6, o índice avançou 1,04%, aos 134.537 pontos, mesmo diante da tensão política doméstica e da entrada em vigor do tarifaço imposto por Donald Trump (Paulo Whitaker/Reuters)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 7 de agosto de 2025 às 10h48.

Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 11h57.

O Ibovespa opera em alta nesta quinta-feira, 7, e sobe 1,07% por volta das 12h, aos 135.970 pontos, dando continuidade ao movimento positivo da véspera. A sessão de hoje é marcada por uma agenda carregada no cenário internacional, com destaque para a reta final da trégua tarifária entre Estados Unidos e China, decisões de juros no Reino Unido e no México, além da expectativa pela divulgação dos resultados da Petrobras (PETR4), após o fechamento.

Na quarta-feira, 6, o índice avançou 1,04%, aos 134.537 pontos, mesmo diante da tensão política doméstica e da entrada em vigor do tarifaço imposto por Donald Trump contra produtos brasileiros. A medida elevou em 50% as tarifas sobre 95 categorias de exportações, mas poupou cerca de 700 itens, como suco de laranja, combustíveis e aeronaves, o que trouxe certo alívio ao mercado.

Ibovespa hoje

  • IBOV: +1,07%, aos 135.970 pontos
  • Dólar: +0,13%, a R$ 5,471

Indicadores econômicos

Esta quinta-feira, 7, é marcada pela divulgação de indicadores econômicos relevantes em várias partes do mundo, com destaque para decisões de juros e dados que reforçam as expectativas de desaceleração econômica, especialmente nos Estados Unidos.

O Banco da Inglaterra cortou os juros de 4,25% para 4% em uma votação apertada, sinalizando o retorno a um ciclo “gradual e cuidadoso” de flexibilização monetária. A decisão dividiu os nove membros do comitê, e veio mesmo diante de uma inflação ainda resistente (o CPI subiu para 3,6% em junho) e de um PIB em retração de 0,1% em maio. A libra chegou a subir 0,5% após o anúncio.

Nos Estados Unidos, os pedidos contínuos de seguro-desemprego subiram para 1,97 milhão na última semana de julho, o maior nível desde 2021. O número sugere dificuldade dos trabalhadores em encontrar novas vagas e reforça os sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho.

Ainda nos EUA, o índice que mede a produtividade do trabalho avançou 2,4% no segundo trimestre, revertendo a queda registrada no início do ano. O indicador ajuda a conter a pressão inflacionária sobre os salários e pode reforçar o argumento por um corte de juros mais cauteloso. Os custos unitários de trabalho subiram 1,6% no período.

No México, a inflação desacelerou mais que o esperado, para 3,51% em julho, reforçando a expectativa de que o banco central (Banxico) reduza os juros em 0,25 ponto percentual nesta tarde.

No radar hoje

Nos Estados Unidos, os estoques no atacado de junho subiram 0,1%, dentro do consenso, de -0,3% em maio. Às 16h, sai o crédito ao consumidor americano referente ao mesmo mês. No mesmo horário, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, participa de um evento sobre política monetária.

Na China, os dados comerciais de julho mostraram crescimento inesperado das importações e aceleração das exportações, mesmo sob o peso das tarifas americanas e das ameaças de novas barreiras contra países que seguem importando petróleo russo. O aumento das exportações foi visto como um sinal de resiliência da economia chinesa e ajudou a sustentar os mercados asiáticos nesta madrugada.

No Brasil, o dia terá a divulgação dos dados industriais da CNI e dos números de produção e venda de veículos da Anfavea.

Às 16h, será a vez do banco central do México divulgar sua decisão de juros.

Temporada de balanços

O grande destaque da agenda corporativa local é o balanço da Petrobras, que será divulgado após o encerramento do pregão. A petroleira deve reportar resultados positivos, mas a atenção do investidor está voltada para a política de distribuição de dividendos.

Também após o fechamento, outras companhias divulgam seus números trimestrais, como Alpargatas, Assaí, Auren, B3, Energisa, Engie, Fleury, Magazine Luiza, Movida, Rumo, Stone, Vivara e Lojas Renner.

O mercado também repercute o desempenho de gigantes como Apple, que na véspera anunciou um novo plano de investimento de US$ 100 bilhões em produção doméstica, movimento que pode blindar a empresa das tarifas de 100% prometidas por Trump para semicondutores importados que não sejam produzidos em solo americano.

Lula e Trump

Em paralelo à movimentação dos mercados, cresce o embate diplomático entre Brasil e Estados Unidos. Em entrevista à agência Reuters, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que só entrará em contato com Donald Trump quando perceber “disposição real para o diálogo”. Lula criticou o que chamou de postura “humilhante” do governo americano e defendeu uma resposta articulada no âmbito do Brics, bloco que reúne países como China, Índia, África do Sul e Rússia.

As declarações ocorrem após a entrada em vigor da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA, a maior já aplicada por Washington contra o Brasil. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, cerca de 35,9% das exportações brasileiras serão afetadas, incluindo petróleo, veículos, carne, café e fertilizantes.

O governo brasileiro formalizou nesta quarta-feira uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) e pediu consultas aos EUA, etapa preliminar de um processo que pode resultar em sanções. Mesmo assim, Lula descartou retaliar com novas tarifas. “Quero mostrar que, quando um não quer, dois não brigam. Eu não quero brigar com os EUA”, disse o presidente.

Trump justificou as medidas como resposta à compra de petróleo russo por países como Brasil e Índia, e ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que chamou de "caça às bruxas". Lula rebateu: “Não é uma intromissão pequena. É o presidente da República dos EUA achando que pode ditar regras a um país soberano como o Brasil.”

O tema também estará no centro da conversa entre Lula e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, marcada para esta quinta-feira. Além de alinhar uma posição conjunta sobre as tarifas de Trump, Modi deve viajar à China no fim de agosto para participar da cúpula da Organização para Cooperação de Xangai e se reunir com Xi Jinping. As movimentações diplomáticas reforçam a tentativa de articulação entre os países do Brics diante das medidas americanas.

Mercados internacionais

As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta quinta-feira, 7, impulsionadas pelo desempenho de ações de tecnologia, apesar da tensão crescente com as tarifas americanas.

O índice Nikkei 225 subiu 0,65% em Tóquio, e o Topix avançou 0,72%, renovando máximas históricas. Taiwan liderou os ganhos com alta de mais de 2%, enquanto o Kospi, na Coreia do Sul, subiu 0,92%. Em Hong Kong, o Hang Seng avançou 0,69%. A única exceção foi a Austrália, onde o S&P/ASX 200 recuou 0,14%, pressionado pela ameaça de tarifas de até 250% sobre medicamentos exportados aos EUA.

Na Europa, os mercados seguem em terreno positivo, com o índice DAX, da Alemanha, em alta de 1,31%, o CAC 40, da França, subindo 0,99%, e o pan-europeu Stoxx 600 avançando 0,98%. O alívio vem da sinalização de que as novas tarifas americanas de 100% sobre chips não afetarão empresas que produzem em território dos EUA. O FTSE 100, do Reino Unido, destoava, com queda de 0,62%.

Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street também operam em alta. Por volta das 12h, o Dow Jones caía 0,54%, enquanto o S&P 500 ganhava 0,01% e o Nasdaq 100 avançava 0,51%. Os investidores reagem ao anúncio da Apple de que pretende investir mais US$ 100 bilhões no país.

Apesar do tom de otimismo, as ações da Intel caíam 4% no pré-mercado após o presidente Trump pedir publicamente a renúncia imediata do CEO da companhia, Lip-Bu Tan. Em publicação na rede Truth Social, Trump afirmou que Tan está “altamente em conflito” por seus laços com a China.

A pressão se intensificou após o senador Tom Cotton solicitar ao conselho da Intel informações sobre investimentos de Tan em empresas ligadas ao setor de defesa chinês. O executivo assumiu o comando da Intel neste ano, em meio ao esforço da empresa para recuperar competitividade no mercado de chips.

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