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Ibovespa volta a cair e renova mínima do ano com temor fiscal

Mesmo com os sinais positivos do exterior, com a economia americana mostrando estar menos aquecida, o índice não consegue se sustentar no azul

Ibovespa: aversão ao risco predomina entre investidores no Brasil (Paulo Whitaker/Reuters Internet)

Ibovespa: aversão ao risco predomina entre investidores no Brasil (Paulo Whitaker/Reuters Internet)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 5 de junho de 2024 às 10h53.

Última atualização em 5 de junho de 2024 às 17h50.

O Ibovespa fechou em queda de 0,32% nesta quarta-feira, 5, em 121.407 pontos, renovando o menor patamar do ano. Como explica Márcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio, as novas propostas de taxação pelo governo, que deverão inclusive ser votadas hoje pelo Senado, pioram a aversão ao risco por aqui, o que pesou na bolsa.

Ibovespa hoje

IBOV: -0,32%, aos 121.407 pontos

Uma das questões em debate é sobre a emenda do Projeto de Lei (PL) do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que prevê uma taxação de 20% nas compras internacionais de até US$ 50, incluindo grandes varejistas estrangeiras como Shopee, AliExpress e Shein. A medida já foi aprovada pela Câmara dos Deputados na semana passada e deve ser votada pelo Senado nesta quarta, após ser adiada no dia anterior.

Outro embate tributário é a Medida Provisória (MP) 1227/2024 que restringe a compensação tributária do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para abatimento de outros impostos do contribuinte e coloca fim no ressarcimento em dinheiro do crédito presumido. A MP foi editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça, com o objetivo de arrecadar R$ 29,2 bilhões ao governo federal ainda este ano.

“Essa medida visa compensar a perda de receita gerada pela desoneração da folha salarial de 17 setores da economia e de pequenos municípios, mantida integralmente neste ano após um acordo político. Essa é uma das estratégias da equipe econômica para alcançar o déficit primário zero este ano”, explica Luiz Felipe Bazzo CEO transferbank, destacando que o movimento adiciona mais receio ao mercado, já que aponta para um “governo gastador, que busca aumentar impostos sem reduzir gastos.”

PIB robusto

Somado à insegurança fiscal, o Produto Interno Bruto (PIB) mais robusto também colabora com a tese de que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode reduzir ainda mais o ritmo do corte de juros por aqui. Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do primeiro trimestre de 2024 saiu acima do esperado na comparação anual, com o crescimento em 2,5% ante um consenso de 2,2%. Já a variação trimestral foi de uma alta de 0,8% em comparação com os três meses anteriores e ficou em linha com o esperado.

“O avanço da atividade econômica no primeiro trimestre, que superou o consenso anual, levanta temores entre os operadores sobre um possível fim do ciclo de afrouxamento monetário pelo Banco Central. O resultado foi um volume de negócios ontem de R$ 15,3 bilhões, abaixo da média dos últimos 50 pregões. Já os vértices da curva de juros encerraram em alta de até 7,5 pontos-base, sustentados por esse PIB robusto”, aponta Bazzo.

Nos EUA

De olho nos dados econômicos dos Estados Unidos, pela manhã houve a divulgação do indicador de emprego privado de maio. Segundo a ADP, os EUA geraram 152 mil vagas de emprego, abaixo das estimativas de 175 mil vagas e ante as 192 mil de abril. Com isso, o mercado ganhou mais embasamento para acreditar que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) poderá cortar os juros duas vezes neste ano.

Ontem, houve a divulgação do relatório Jolts publicado pelo Departamento do Trabalho. O documento mostrou a abertura de 8,059 postos de trabalho nos EUA em abril, frente aos 8,355 milhões em março. O resultado também ficou abaixo das estimativas dos analistas, que projetavam uma criação estável. Entretanto, os sinais mais positivos da economia americana não são suficiente para manter a bolsa em alta.

Dólar hoje

O dólar encerrou a sessão anterior com avanço de 0,75% aos R$ 5,2861, maior alta em mais de um ano. Hoje, a moeda subiu 0,23% a R$ 5,297.

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