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Ibovespa fecha em queda com juros americanos no radar

Sessão teve como pano de fundo dados de emprego dos EUA, expectativa sobre os juros americanos, e a produção industrial do Brasil

Janize Colaço
Janize Colaço

Repórter de Invest

Publicado em 3 de abril de 2024 às 10h43.

Última atualização em 3 de abril de 2024 às 17h53.

O Ibovespa nesta quarta-feira, 3, fechou com queda. A sessão teve como pano de fundo mais dados de emprego dos Estados Unidos – junto à expectativa da trajetória dos juros americanos –, e números da atividade industrial do Brasil. Junto a esse contexto macro, as movimentações das empresas listadas na B3 fizeram preço ao índice.

Antes da abertura do mercado, a pesquisa da ADP, considerada uma prévia do payroll que será divulgado na sexta-feira, mostrou que o setor privado americano criou 184 mil empregos no último mês de março. O resultado ficou acima das projeções, que apontavam para um total de 150 mil postos de trabalho. Já o número de empregos criados em fevereiro foi revisado para cima, de 140 mil a 155 mil. 

Ibovespa hoje

  • IBOV: -0,18%, aos 127.318 pontos.

Esses dados, mais fortes do que as estimativas, mostram que a economia por lá segue aquecida, e isso tem refletido nas apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). Na semana passada, a CME Fedwatch mostrava que 63% dos investidores acreditavam que o corte do juro americano deve acontecer na reunião de junho, hoje o percentual está em 56%.

Falando em juros americanos, também nesta quarta os mercados acompanharam o discurso de Jerome Powell, presidente do Banco Central americano. Os investidores buscavam pistas sobre quando a autoridade monetária deve começar a sua flexibilização, já que na última sexta, Powell afirmou que o início dos cortes dependerá exclusivamente dos dados e do desempenho da economia. Hoje, ele reiterou que o Fed não considera apropriado cortar juros até obter "mais confiança" de que a inflação caminha sustentadamente de volta à meta de 2% nos Estados Unidos.

"Dada a força da economia e os progressos registrados na inflação até agora, temos tempo para deixar que os dados que chegam orientem as nossas decisões políticas", disse. Ele ainda admitiu que os dados de inflação em janeiro e em fevereiro nos EUA vieram acima das leituras do segundo semestre do ano passado, mas disse que ainda é muito cedo para concluir se esse movimento será sustentado ou "apenas um solavanco". Em meio a essa indefinição nos juros, o dólar fechou com queda no mercado à vista.

Por aqui, quem também falou foi o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, em evento do Bradesco BBI. O banqueiro foi mais um a alimentar a cautela dos investidores, mas neste caso foi a nível local. "A desinflação no Brasil está em linha com a expectativa do BC", disse, mas ressaltou que a alta nos preços subjacentes de serviços se mostra resiliente nos segmentos ligados ao mercado de trabalho.

Além disso, hoje o IBGE mostrou que a produção industrial caiu 0,3% em fevereiro na comparação com janeiro. O resultado ficou abaixo da mediana das previsões que apontavam para uma  alta de 0,3%. Na comparação com o mesmo mês de 2023, a produção subiu 5%, sendo o sétimo mês consecutivo de alta anual. No acumulado deste ano, o avanço foi de 4,3% e, nos últimos 12 meses, alta de 1%.

Entre as commodities, os contratos futuros do petróleo fecharam com alta superior a 1% – fato que favorece os ativos ligados à matéria-prima, listados no Ibovespa – visto que a reunião da Opep terminou sem recomendar mudanças em sua política de restrições. Já o minério de ferro caiu 2,51% na bolsa de Dalian, mesmo com o  governo chinês buscando aliviar regras para o financiamento de carros a fim de impulsionar as vendas no maior mercado automotivo do mundo. 

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