Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 2 de setembro de 2022 às 10h35.
Última atualização em 2 de setembro de 2022 às 17h43.
O Ibovespa reduziu o movimento de alta e encerrou esta sexta-feira, 2, com ganhos prejudicados pela piora das bolsas dos Estados Unidos. Ainda assim, o principal índice da bolsa brasileira encerrou o dia no positivo.
No acumulado da semana, o índice acumulou baixa de 1,28%, prejudicado, principalmente, pela influência negativa dos Estados Unidos. Por lá, investidores repercutiram nesta sexta os dados do mercado de trabalho americano divulgados pela manhã.
O payroll revelou a criação de 315.000 empregos urbanos em agosto, abaixo da estimativa do Dow Jones de 318.000, e com alta do desemprego, que passou de 3,5% para 3,7% ante expectativa de manutenção do patamar anterior.
Um mercado de trabalho menos fortalecido trouxe alívio para os investidores em um primeiro momento. Isso porque, embora seja prejudicial para a economia, dados mais fracos podem reverter a tendência de aperto da política monetária por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Ou seja, os juros poderiam não subir tanto quanto o esperado.
"A taxa de desemprego subiu, o que é positivo [para a curva de juros]. A leitura está sinalizando a capacidade do Fed projetar um 'pouso suave' e o mercado está gostando disso, porque os números de desemprego representam um dilema para o Fed na tentativa de controlar a inflação", afirmou Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos em nota.
Apesar da reação inicial, com os índices S&P 500 e Nasdaq saltando mais de 1%, o apetite ao risco, aos poucos, foi diminuindo. Na Europa, onde o mercado fecha mais cedo, as bolsas encerraram o pregão em alta, pondo um fim à sequência de cinco pregões de queda. O destaque ficou para a bolsa de Frankfurt, que subiu mais de 3%.
Nos Estados Unidos, no entanto, prevaleceu o sentimento de que o payroll não será capaz de segurar a alta de juros e as bolsas viraram para o negativo.
As ações do IRB (IRBR3) lideraram as perdas do dia, chegando a cair mais de 22% na mínima da sessão, após precificação de follow-on a R$ 1 por ação. O preço saiu 29% abaixo da cotação do último fechamento, quando os papéis encerraram na mínima histórica.
Ações de construtoras, por outro lado, lideraram a ponta positiva. EzTec (EZTC3), Cyrela (CYRE3), MRV (MRVE3) e JHSF (JHSF3) disparam pelo segundo pregão consecutivo e lideram as altas do dia.
O setor das construtoras foi beneficiado ontem com a surpresa positiva do PIB e com relatório do JPMorgan afirmando que as companhias devem se beneficiar com o fim do ciclo de alta de juros. Segundo o analista Marcelo Motta, isso deve acontecer na próxima reunião do Banco Central, realizada nos dias 20 e 21 de setembro.
“Historicamente, as ações de construtoras superaram o Ibovespa no período de 12 a 18 meses seguintes após uma pausa no ciclo de alta [dos juros]”, afirma.