Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 18h44.
Última atualização em 27 de novembro de 2025 às 18h47.
Em um pregão de baixa liquidez, Ibovespa e dólar foram pressionados ao longo do dia e terminaram depreciados, em meio a ajustes pontuais do mercado.
O principal índice acionário da B3 interrompeu a sequência positiva dos últimos três dias e fechou praticamente estável, com ligeiro recuo de 0,12%, aos 158.359 pontos. Enquanto a moeda americana avançou 0,32% e ficou cotada a R$ 5,352, também rompendo com a valorização do real entre segunda, 24, e quarta-feira, 26.
Segundo operadores, a contenção da bolsa brasileira refletiu o recuo nas negociações devido ao feriado nacional de Ação de Graças nos Estados Unidos, que levou ao fechamento dos índices de Nova York. Na prática, isso reduz a participação de investidores estrangeiros nas bolsas, entre elas a brasileira.
O total negociado foi de R$ 8,38 bilhões, bem abaixo da média dos últimos pregões. Na sessão anterior, por exemplo, quando o Ibovespa voltou a bater recordes, o volume de negociação foi superior a R$ 18 bilhões. As bolsas dos EUA retomam as operações nesta sexta, 28, mas com sessão reduzida até as 15h (no horário de Brasília).
Sem um orientador claro, os investidores repercutiram os números de outubro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que trouxe um saldo de 85,1 mil vagas criadas, o pior resultado para o mês desde que o dado começou a ser coletado.
"Com o Caged mostrando possivelmente um menor aquecimento da economia, temos uma chance maior de queda de juros mais próxima", afirma Fabio Louzada, economista e co-fundador da Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças (FBNF).
Outro destaque foram as falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante a tarde, em evento da Itaú Asset.
Galípolo disse que a política monetária de juros elevados está conseguindo reduzir a inflação com um desaquecimento econômico sob controle, mas alertou que diferentes fontes de risco permanecem no radar. A autoridade monetária também declarou que os futuros passos do BC vão depender da divulgação de dados econômicos.
"Ou seja, o cuidado em não se antecipar em relação à queda permanece", disse Louzada,
"Sem dúvidas há dois fatores que seguem como principais para o BC manter os juros altos. Um deles é a inflação de serviços que ainda preocupa, ainda mais agora com o fim do ano, período em que o consumo aumenta com as festas de fim de ano e décimo terceiro. Também existe uma grande preocupação em relação aos gastos fiscais e o BC monitora de perto tudo isso antes de tomar uma decisão, ainda mais com a proximidade das eleições", complementou.
Já no caso do dólar frente ao real, pesou também um movimento de correção depois de a moeda ter recuado na sessão passada ao menor valor em uma semana. A baixa liquidez, segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, também deixa o mercado cauteloso e limita a busca por ativos de risco, o que pressiona a moeda brasileira.
"Depois de três dias consecutivos de valorização do real, o movimento técnico de realização e ajuste ganhou força, abrindo espaço para uma alta pontual da moeda. Além disso, o aumento das rolagens de contratos futuros na véspera da última Ptax de novembro adicionou volatilidade ao mercado, reforçando o viés comprador e contribuindo para a pressão de apreciação do dólar ao longo da manhã", afirmou o especialista.
O desempenho do Ibovespa contrastou, porém, com o otimismo que embalou as bolsas asiáticas.
A expectativa de mais um corte de 0,25 ponto percentual nos juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano), em dezembro, também levou a uma alta na maioria dos índices locais.
O índice Nikkei, do Japão, subiu 1,23%. O Kospi, principal referência da Coreia do Sul, ganhou 0,7%. Na China continental, o Xangai Composto apresentou alta de 0,3%, e o Hang Seng, de Hong Kong, terminou o pregão em alta de 0,1%.
Já o Shenzhen Composto caiu 0,1%. O índice Taiex, de Taiwan, subiu 0,5%. Na Oceania, o S&P/ASX 200 ganhou 0,13%.
As principais bolsas da Europa também encerraram em leve alta as negociações nesta quinta.
O índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,12% e o DAX, da Alemanha, encerrou com avanço de 0,18%. O FTSE 100, referência do Reino Unido, fechou praticamente estável, com leve alta de 0,02%, assim com o CAC 40, da França, que ganhou 0,04%.