Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 23 de julho de 2021 às 17h28.
Última atualização em 23 de julho de 2021 às 17h50.
O Ibovespa caiu nesta sexta-feira, 23, sem conseguir acompanhar o movimento das bolsas internacionais, que registram altas recordes, com dados macroeconômicos acima das expectativas e com a agenda de resultados no radar.
O principal índice da B3 fechou o pregão em queda de 0,87%, aos 125.052 pontos. Na semana, o índice acumulou perdas de 0,71%.
Entre os principais componentes do Ibovespa, as ações da Vale (VALE3) ajudaram a segurar o índice brasileiro. Nesta sexta-feira, as ações da companhia caíram 0,51%, após o minério de ferro recuar mais de 2% na China, com o governo local pressionando as siderúrgicas para que reduzam a produção de aço. O metal encerrou a semana com queda de cerca de 10% em sua pior performance semanal desde fevereiro de 2020, segundo a Reuters.
O mercado também reagiu à inflação no Brasil, que se mostrou mais acelerada do que o previsto. Divulgado nesta manhã, o IPCA da primeira quinzena de julho apontou para uma alta mensal de 0,72% ante a expectativa de 0,64% de alta. No acumulado de 12 meses, a inflação ao consumidor passou de 8,13% para 8,59%.
A inflação acima da esperada impulsionou o juro futuro com vencimento em janeiro de 2022, com investidores já precificando uma taxa Selic de 6% ao ano, 1,75 ponto percentual acima da praticada atualmente.
Por tornar o financiamento mais caro, a alta da taxa de juro tende a esfriar a economia, com empresas mais ligadas ao ciclo econômico, como varejistas, entre as mais prejudicadas. Magazine Luiza (MGLU3) encerrou a sexta-feira entre as maiores quedas do dia, recuando 2,8%.
Na bolsa brasileira, investidores também aguardam a divulgação de resultados corporativos, que começam a ganhar força a partir da semana que vem. Nesta sexta, a Hypera (HYPE3) será a terceira empresa a apresentar seu balanço do segundo trimestre após o fechamento do mercado. Na expectativa pelos resultados, investidores aumentam posições nas ações da companhia, que figura entre as maiores altas do Ibovespa, subindo de 3,51%.
Maiores altas |
Maiores quedas | |||||
Hypera | HYPE3 |
3,51% | Braskem | BRKM5 |
-5,56% | |
Usiminas | USIM5 |
1,41% | Pão de Açúcar | PCAR3 |
-3,56% | |
Locamerica | LCAM3 |
1,06% | Magazine Luiza | MGLU3 |
-2,80% |
O destaque negativo do índice ficou com as ações da Braskem (BRKM5), que recuaram 5,56% após a companhia divulgar os dados preliminares sobre sua produção e vendas do segundo trimestre deste ano. No período, a companhia apresentou queda trimestral de 17% e 10% no volume de vendas de resinas e no volume de vendas dos principais produtos químicos no Brasil, respectivamente.
No câmbio, investidores se dividiram entre temores com inflação e apetite de investidores internacionais por ativos de risco. O dólar comercial recuou 0,05% frente ao real e encerrou a sessão negociado a 5,211 reais.
O tom pessimista fez o Ibovespa descolar do movimento positivo do exterior. No mercado americano, os três principais índices subiram a níveis recordes. O Dow Jones registrou alta de 0,68%, o S&P 500 avançou 1,01% e o índice de tecnologia Nasdaq subiu 1,04%.
Na Europa, o Stoxx 600 fechou em alta de 1,14%, após índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) terem surpreendido positivamente. Na zona do euro, os PMIs de serviços, composto e industrial ficaram em mais de 60 pontos, bem além da linha dos 50 pontos, que divide a expansão da contração econômica. Na Alemanha, o PMI industrial ficou em 65,6 pontos.