BOVESPA: índice Ibovespa subiu 1,53% nesta terça-feira mesmo com incertezas na Lava-Jato / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)
Tais Laporta
Publicado em 6 de setembro de 2019 às 17h32.
Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 18h24.
Impulsionada pelo alívio de tensões no exterior e por dados econômicos, a bolsa brasileira conseguiu fechar no azul pela segunda semana seguida, encostando nos 103 mil pontos e ficando menos distante do pico dos 106 mil pontos visto em julho. A alta semanal foi de 1,77%, mais modesta que a valorização de 3,5% na semana anterior.
O principal índice da B3, Ibovespa, encerrou esta sexta-feira (6) com valorização de 0,68%, avançando pela terceira sessão seguida, aos 102.935 pontos. O principal suporte veio dos bancos, que reagiram bem à notícia de que o Banco Central está disposto a reduzir o compulsório (reserva obrigatória de recursos depositada no órgão).
O setor, que vem acumulando perdas nos últimos dois meses, deu sinais de retomada, também ajudado pela participação na Semana do Brasil, espécie de nova "Black Friday" promovida pelo governo esta semana para tentar incentivar o varejo.
Repetindo o bom humor da véspera, os papéis do Bradesco (PN) avançaram 3,35%. As ações do Itaú Unibanco (PN) subiram 4,19%, enquanto o Santander Brasil valorizou 2,4%. Banco do Brasil teve ganhos de 4,7%.
O quadro mudou no correr da semana com a sucessão de boas notícias no setor externo e no mercado doméstico, apontou o economista-chefe da Modalmais, Alvaro Bandeira, a clientes.
"O movimento mudou radicalmente a percepção dos investidores e reduziu a aversão ao risco, ajudada por taxas de juros baixas e/ou negativas na quase totalidade dos países e com viés de produzirem mais quedas", escreveu em relatório.
Do exterior, duas notícias mexeram com o humor das bolsas globais. Nos Estados Unidos, o Departamento de Trabalho divulgou a criação de 130 mil postos de trabalho na folha de pagamento (payroll) em agosto, abaixo das expectativas, e taxa de desemprego em 3,7%, enquanto o salário médio por hora trabalhada subiu 0,4%.
Estes dados são um termômetro importante para a tendência dos juros nos EUA. Apesar de números mais fracos de emprego endossarem apostas de cortes nos juros norte-americanos, a melhora na renda atenuou os prognósticos de uma ação mais agressiva pelo Federal Reserve.
Também repercutiu decisão do banco central da China de reduzir a quantidade de dinheiro que os bancos devem reter como reservas (compulsório), liberando um total de 900 bilhões de iuanes (126,35 bilhões de dólares) para dar fôlego à economia em desaceleração.
A companhia aérea Gol avançou 0,15%, favorecida pelo declínio do dólar em relação ao real, além de dados operacionais conhecidos nesta semana. Azul avançou 0,26%. A estatal Petrobras (PN) ganhou 0,49%, na esteira da alta dos preços do petróleo no mercado externo.
A construtora MRV caiu 2,89%, ainda pressionada pelo anúncio nesta semana de compra de empresa nos Estados Unidos controlada pela família do controlador da construtora, além de dúvidas de analistas sobre as sinergias entre as operações. A MRV convocou assembleia de acionistas para 4 de outubro para deliberar sobre investimento na AHS Residential.
O dólar fechou em queda ante o real nesta sexta-feira, na esteira do mercado de trabalho dos Estados Unidos, e diante da expectativa de quedas mais acentuadas dos juros nos Estados Unidos. Foi a primeira queda semanal em quase dois meses, em dia de maior ânimo.
O dólar recuou 1,783%, negociado a 4,1051 reais na venda. Na semana, a moeda norte-americana acumulou queda de 1,512%, primeira desvalorização semanal desde 12 de julho, quando registrou variação negativa de 2,113%.