Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 6 de junho de 2022 às 17h30.
Última atualização em 6 de junho de 2022 às 17h46.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira caiu nesta segunda-feira, 6, pressionado por riscos fiscais internos e pela alta na curva de juros, que avançou pressionada pelo movimento similar nos Estados Unidos.
No exterior, a preocupação com o avanço da inflação aumentou as apostas de um aperto monetário mais duro. Nesta segunda, o rendimento do título de dez anos do Tesouro americano voltou a superar 3% pela primeira vez desde o início de maio. Vale lembrar que o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) — indicador importante na decisão da política de juro americano — será divulgado nesta sexta-feira, 10.
A alta dos rendimentos ajudou a impulsionar o dólar ante as moedas emergentes e desenvolvidas. A moeda americana, que iniciou o dia em queda, passou a subir, acompanhando o movimento dos títulos americanos. No Brasil, o dólar voltou a ser negociado próximo da casa dos R$ 4,80.
No cenário interno, as preocupações se voltaram para as medidas populistas do governo Jair Bolsonaro. Nesta segunda, o presidente afirmou que o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, quer “mudar toda a Petrobras”, em uma tentativa de conter a alta dos combustíveis em ano eleitoral.
A fala foi feita dois dias depois do governo propor a criação de um subsídio ao diesel de R$ 25 bilhões com uso dos dividendos da Petrobras pagos à União.
As sinalizações foram mal recebidas por investidores, que, mais cedo, voltaram a penalizar as ações da petroleira. Ao longo da tarde, no entanto, os papéis amenizaram as perdas.
O efeito da curva de juros, no entanto, persistiu e derrubou as ações de tecnologia, as mais afetadas em um cenário de juros mais altos. Positivo (POSI3) e Méliuz (CASH3) recuaram mais de 6%. Hapvida (HAPV3), Americanas (AMER3) e Petz (PETZ3) também ficaram entre as maiores baixas do dia.
Entre as poucas altas do índice, destaque para a CSN Mineração (CMIN3). O setor ligado ao minério de ferro avançou nesta segunda, acompanhando a retomada da atividade econômica da China, após remoção de restrições à covid-19 em Pequim.
Entre o alívio das medidas está a volta da permissão para comer dentro de restaurantes e a retomada do trabalho presencial. Bolsas da Ásia fecharam em firmes altas, enquanto o minério de ferro foi à máxima em dez meses na bolsa de Dalian.
A valorização da commodity contribui com a alta das ações da Vale (VALE3), que, por serem os papéis de maior peso na carteira do índice, impediram uma queda ainda maior do Ibovespa.
Assim como o setor de mineração, o bom humor com a China impulsionou as principais bolsas da Europa e dos Estados Unidos.
Além da maior expectativa de demanda chinesa, sinais de alívio do cerco às empresas de tecnologia do país endossam o apetite ao risco no exterior. As ações da chinesa Didi Chuxing saltam mais de 60% em Nova York, após notícia do Wall Street Journal sobre o fim da investigação sobre a companhia e a suspensão do banimento da adesão de novos usuários à plataforma de aplicativos de transporte, como 99.
O índice Nasdaq, das principais ações de tecnologia dos Estados Unidos, foi destaque positivo desta segunda. Na última sessão, o Nasdaq teve o pior desempenho entre os índices de Wall Street, recuando cerca de 2,5%, com temores sobre as pressões inflacionárias, após dados do mercado de trabalho americano terem saído acima do esperado.