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Ibovespa fecha em queda de 2,26%, aos 80.867 pontos

Com indefinições nas tratativas do preço do diesel, ações da Petrobras voltaram a ser o foco das atenções e tiveram quedas de 4,47% (ON) e 5,83% (PN)

Bolsa: negócios nesta quarta (23) somaram R$ 11,4 bilhões, montante inferior à média de maio, que foi de R$ 13,9 bilhões (Paulo Whitaker/Reuters)

Bolsa: negócios nesta quarta (23) somaram R$ 11,4 bilhões, montante inferior à média de maio, que foi de R$ 13,9 bilhões (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de maio de 2018 às 19h08.

São Paulo - A combinação entre o cenário externo desfavorável e um forte desconforto dos investidores com indefinições no ambiente doméstico levou o Índice Bovespa a uma queda firme nesta quarta-feira, 23, com a qual perdeu importantes suportes. O índice fechou aos 80.867,28 pontos, na mínima do dia, com baixa de 2,26%. Os negócios somaram R$ 11,4 bilhões, montante inferior à média de maio (R$ 13,9 bilhões).

As ações da Petrobras voltaram a ser o foco das atenções, com quedas de 4,47% (ON) e 5,83% (PN). O desempenho negativo dos papéis foi novamente reflexo dos desentendimentos e polêmicas em torno das tentativas do governo de reduzir os preços do diesel, em meio ao crescimento da paralisação dos caminhoneiros pelo País.

Ontem, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, confirmou que o governo fechou um acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), para eliminar a Cide incidente sobre o diesel. Em contrapartida, o Congresso deverá aprovar o projeto que reonera a folha de pagamento de setores produtivos.

"A retirada da Cide sobre o diesel não tem quase nenhum impacto sobre os preços, mas vai gerar um impacto fiscal que o País não tem condições de absorver", disse Pedro Paulo Silveira, economista da Nova Futura, ao explicar o mau humor no mercado.

O analista de renda variável Lucas Claro, da Ativa Investimentos, mostrou preocupação com a perda de suportes importantes do Ibovespa e também com a persistente saída de recursos de estrangeiros da bolsa, que já somam R$ 2,784 bilhões em maio. Claro considerou excessiva a queda das ações da Petrobras no dia, mas entende que a reação do mercado com os papéis foi um sinal da forte incerteza entre os investidores.

"O mercado não gosta de incerteza. Prefere saber que as coisas vão ficar piores a não saber o que vai acontecer", disse.

Entre as ações que compõem o Ibovespa, as maiores quedas ficaram com Eletrobras ON e PNB, com -11,47% e -9,42%. A queda foi resultado do anúncio feito ontem por Rodrigo Maia de que deixará caducar a Medida Provisória (MP) 814, que destrava leilão das distribuidoras da companhia no Norte e Nordeste. Segundo o deputado, o governo se comprometeu a encaminhar um projeto de lei para substituir a proposta, que perderá a validade no próximo dia 1º de junho.

O cenário internacional não contribuiu para um movimento melhor do mercado brasileiro. As bolsas de Nova York operaram sem tendência muito definida ao longo do pregão, apesar de terem fechado em terreno positivo. A ata do Federal Reserve veio dentro do esperado, mas reforçou a expectativa de nova elevação dos juros em junho.

A forte desvalorização da lira turca foi outro fator que gerou aversão ao risco dos mercados emergentes, principalmente pela manhã. O BC turco convocou reunião extraordinária e elevou os juros locais em 3 pontos porcentuais, o que amenizou as tensões por lá.

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