Karla Mamona
Publicado em 10 de março de 2020 às 17h22.
Última atualização em 10 de março de 2020 às 20h00.
São Paulo - O Ibovespa fechou em alta de 7,12% na tarde desta terça-feira (10) aos 92.195,22 pontos. A alta foi a maior desde o primeiro pregão de 2009, quando o principal índice da B3 subiu 7,17%. Ontem, em dia histórico nos mercados brasileiros, o índice caiu mais de 12%. Hoje, o volume financeiro da bolsa negociado totalizou 39,40 bilhões de reais.
O Ibovespa subiu apoiado em correções técnicas e expectativas de ações coordenadas de autoridades globalmente para proteger as economias dos efeitos do surto de coronavírus.
Agentes financeiros também estão na expectativa da reunião de política monetária do Federal Reserve, na próxima semana, com grande parte apostando que o banco central voltará a cortar o custo do dinheiro nos EUA, em um esforço para apoiar a economia contra crescentes incertezas globais.
Entre as ações mais negociadas no Ibovespa estavam as ações da Petrobras, com alta de 8,72% (PETR4) e 8,63% (PETR3). Os papéis da estatal sobem embalados pela alta de 10% no preço do barril de petróleo (brent) que subia 10% que tem como pano de pano de fundo a reunião convocada pela Rússia para discutir uma possível cooperação com a Organização dos Países.
As ações da Vale também figuravam entre as mais negociadas e fecharam em alta de 18,13%. Os papéis subiram impactados diretamente com o cenário externo em meio a expectativas de estímulos econômicos no mundo.
As ações da Ambev foram as únicas do Ibovespa que fecharam em queda, de 1,16%. Ontem, a concorrente Heineken divulgou um plano de expansão de capacidade no país, em investimento de 865 milhões de reais a ser feito no Paraná. Somado a isso, a companhia pode ser uma das fortemente prejudicadas pelo surto de coronavírus.
Para Bruce Barbosa, sócio-fundador da casa de análises Nord Research, a reação do mercado após a briga de entre Arábia Saudita e Rússia na tarde de ontem foi a “gota d’água” em um mercado que já estava fragilizado com o surto de coronavírus.
“O mundo está com medo de uma recessão global. Tem muita gente falando que a crise será igual a de 2008. Mas não será. O coronavírus trará impactos financeiros, mas nada se compara aos bancos que quebraram nos EUA. São cenários completamente diferentes.”
O analista acredita que a bolsa irá se recuperar nos próximos meses, depois que o surto de coronavírus for controlado nos países mais afetados e os investidores voltaram analisar os fundamentos das companhias.
“As ações caíram porque o mundo todo caiu. Mas as empresas apresentaram bons resultados no último trimestre, além disso o cenário brasileiro hoje é outro. A expectativa é que os juros sejam cortados. Há uns anos atrás, estaríamos vendo os juros subirem.”