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Ibovespa fecha em alta com recuperação de Petrobras, mas preocupação segue

O principal índice de ações da B3 subiu 0,95 por cento, a 76.071 pontos. Na máxima, nos primeiros negócios, avançou 2,47 por cento

Ibovespa: volume financeiro do pregão somou 15,791 bilhões de reais (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Ibovespa: volume financeiro do pregão somou 15,791 bilhões de reais (Patricia Monteiro/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 29 de maio de 2018 às 17h11.

Última atualização em 29 de maio de 2018 às 17h39.

São Paulo - A bolsa brasileira fechou com o Ibovespa em alta nesta terça-feira, após quatro sessões seguidas de perdas, em movimento guiado pela recuperação das ações da Petrobras, mas longe das máximas da sessão, conforme persiste o desconforto entre agentes financeiros com a deterioração no cenário político e nos fundamentos econômicos do país.

O principal índice de ações da B3 subiu 0,95 por cento, a 76.071 pontos. Na máxima, nos primeiros negócios, avançou 2,47 por cento. O volume financeiro do pregão somou 15,791 bilhões de reais.

A alta ocorreu após quatro sessões seguidas de queda, em que o Ibovespa acumulou perda de quase 9 por cento. Apenas na véspera, o índice caiu 4,5 por cento, para 75.355 pontos, menor patamar de fechamento desde 22 de dezembro de 2017.

Na visão do analista de investimentos Leandro Martins, da corretora Modalmais, a alta no Ibovespa nesta sessão foi um movimento técnico, apoiado em algumas buscas de barganhas de papéis que caíram muito nos últimos dias. "É um movimento com viés mais especulativo", afirmou o profissional.

Para ele, a volatilidade deve dar o tom nos próximos dias, dada a piora na percepção do cenário político doméstico combinada com a avaliaçao de um efeito negativo da greve dos caminhoneiros na atividade econômica e nas contas públicas. "Muita gente que estava entrando na bolsa com visão mais positiva em termos de fundamentos ficou com um pé atrás", disse.

Estrategistas do Santander afirmaram em nota a clientes que a incerteza atual em relação ao orçamento fiscal do governo e a baixa visibilidade nos riscos de estabilização dos mercados "nos impedem de ser positivos no curto prazo com o Brasil, mesmo com preços (valuations) menores".

A alta do Ibovespa contrariou o viés negativo no exterior, onde o dólar se fortaleceu ante uma cesta de moedas e Wall Street fechou no vermelho.

"Houve um exagero na queda das ações brasileiras na véspera", acrescentou um gestor ouvido pela Reuters.

Destaques

- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 14,13 e 12,38 por cento, reagindo após oito quedas seguidas, período em que os papéis acumularam desvalorização de quase 40 por cento. Para analistas, contudo, as incertezas que cercam a companhia continuam elevadas, principalmente no que diz respeito à política de preços. Em teleconferência com analistas nesta terça-feira, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, admitiu que a credibilidade da companhia foi afetada, mas ressaltou que qualquer medida adotada pelo governo na área de combustíveis respeitará os conceitos da política de formação de cotações da petrolífera de controle estatal.

- ULTRAPAR ganhou 6,04 por cento, tendo no radar melhora no abastecimento de combustíveis e aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de petição apresentada pela unidade Ipiranga do grupo em conjunto com BR Distribuidora e Raízen, joint venture formada entre Cosan e Shell , propondo medidas para acelerar a retomada da distribuição de combustíveis ao fim da greve de caminhoneiros.

- GOL PN avançou 4,98 por cento, encontrando suporte na relativa trégua da alta do dólar ante o real para se recuperar, após recuar quase 8 por cento na véspera.

- CSN fechou com elevação de 4,22 por cento, também ensaiando uma recuperação após despencar 10 por cento na segunda-feira, com o setor siderúrgico como um todo pressionado por receios ante potenciais impactos da greve dos caminhoneiros, que tem limitado o fluxo de bens. USIMINAS PNA e GERDAU PN subiram 2,51 e 1,48 por cento, respectivamente.

- CVC ganhou 5,12 por cento, liderando a recuperação no setor de consumo, que também tem sido fortemente prejudicado pela paralisação dos caminhoneiros. A ação da operadora de turismo tinha caído mais de 7 por cento na segunda-feira.

- SUZANO caiu 4,11 por cento, revertendo o movimento positivo da véspera, quando subiu na contramão do mercado.

- BRF recuou 3,64 por cento, em meio ao forte impacto para o setor de proteínas em razão da greve dos caminhoneiros. O Morgan Stanley também iniciou a cobertura das ações com classificação 'underweight' e preço-alvo de 18 reais. "É muito cedo para comprar a recuperação de BRF", escreveram os analistas. JBS caiu 3,38 por cento.

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