Invest

Ibovespa desaba quase 3% e tem pior semana em seis meses

Índice volta do feriado reagindo à expectativa de juros mais altos nos Estados Unidos; dólar dispara

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 22 de abril de 2022 às 17h19.

Última atualização em 22 de abril de 2022 às 18h25.

Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira fechou nesta sexta-feira, 22 em forte queda, com investidores acompanhando o clima negativo em Wall Street e reajustando as expectativas após um dia de cenário negativo no feriado.

O Ibovespa caiu 2,86%, aos 111.077 pontos — sua maior queda diária em cinco meses. O índice registrou certa recuperação nos últimos minutos do pregão, quando se afastou das mínimas, retomando a marca dos 111 mil pontos. Na semana, o índice recuou 4,4%, seu pior resultado desde outubro de 2021.

Veja também

Calendário de balanços do 1º trimestre de 2022: confira as datas

Juro real positivo nos EUA impacta mercados globais. Entenda em 5 pontos

O recuo acompanhou a tendência negativa das bolsas americanas, que se iniciou ontem após declaração do presidente do Fed (Federal Reserve, banco central americano). Em evento realizado na véspera, Jerome Powell, sinalizou uma alta dos juros mais dura no início do ciclo de aperto monetário. Com a declaração, o mercado passou a precificar um aumento de 50 pontos-base já em maio, o que prejudicou ativos mais arriscados.

A declaração derrubou as bolsas americanas na véspera, enquanto por aqui o dia foi de mercado fechado devido ao feriado de Tiradentes. Ainda assim o EWZ, principal ETF brasileiro negociado no exterior, caiu 2,63% acompanhando o clima de aversão ao risco no exterior. 

No pregão de hoje, o índice brasileiro refletiu parte das perdas de ontem, enquanto a tendência negativa nos mercados dos Estados Unidos se manteve forte. Por lá, os principais índices fecharam o dia em quedas superiores a 2%. 

  • Dow Jones (EUA): - 2,10%
  • S&P 500 (EUA): - 2,15%
  • Nasdaq (EUA): - 2,11%

“O aumento de juros nos EUA afeta todos os mercados e como o Brasil estava com a bolsa fechada no feriado ontem, [o movimento] reflete bastante no nosso mercado”, explicou Virgílio Lage, especialista da corretora Valor Investimentos.

Não perca as últimas tendências do mercado: assine a EXAME por menos de R$ 0,37 e receba notícias em primeira mão.

O movimento também estressou o dólar, que avançou quase 4% ante o real nesta sexta-feira, ajustando as perdas após o feriado. Com investidores procurando proteção, a divisa americana ganhou força contra outras moedas globais — em especial as emergentes, consideradas mais arriscadas.

  • Dólar comercial: + 4,00%, aos R$ 4,805

A alta de hoje pode ser atribuída, ainda, a um movimento de realização após a divisa ter fechado em queda de 1,03% na quarta-feira, véspera de feriado. A moeda encerrou o dia cotada a R$ 4,619, o menor valor da moeda em dois anos.

Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, destaca ainda que o quadro foi agravado pelo cenário político brasileiro. Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro concedeu um indulto ao deputado Daniel Silveira, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão. 

Para a economista, a postura do presidente abre margem para que o mercado questione quais medidas Bolsonaro ainda pode tomar para garantir bom desempenho nas eleições presidenciais de outubro. “Foi uma sinalização ruim, que gerou uma crise institucional. Os reflexos são vistos no mercado e provocam ainda mais pressão no real”, afirmou Quartaroli.

Destaques de ações

O cenário negativo no exterior também afetou o mercado de commodities, derrubando as ações das maiores empresas da bolsa brasileira. Os papéis de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4), que são as ações de maior peso na carteira teórica do Ibovespa, registraram fortes perdas e ajudaram a puxar o índice para baixo. 

Os papéis da Vale enfrentam o quinto dia consecutivo de baixa, reagindo a novos lockdowns na China que prejudicam as perspectivas de demanda para o minério de ferro — uma vez que o país é o maior consumidor da matéria-prima. No acumulado da semana, as ações da mineradora recuam mais de 9%.

No caso da Petrobras, as cotações acompanharam a queda do petróleo, que fechou em queda no mercado internacional diante do clima generalizado de aversão a risco.

  • Vale (VALE3): - 5,80%
  • Petrobras (PETR3): - 4,98%
  • Petrobras (PETR4): - 3,90%

As maiores perdas, no entanto, ficaram com a empresa de siderurgia CSN (CSNA3), que caiu mais de 7% acompanhando a queda do minério de ferro. O preço da commodity recuou 1,9% na bolsa de Dalian, na China. 

  • CSN (CSNA3): - 7,68%

Outro destaque da ponta negativa foram as ações da Eletrobras (ELET3/ELET6). Na última quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu adiar por 20 dias o julgamento da privatização da companhia — atraso que é visto por investidores como um empecilho para a realização da operação ainda no primeiro semestre. Como a decisão foi tomada após o fechamento do mercado na quarta, os papéis foram penalizados hoje.

  • Eletrobras (ELET3): - 4,95%
  • Eletrobras (ELET6): - 3,97%

Passando ao topo do índice, apenas três papéis fecharam o dia em campo positivo: Copel (CPLE3), RaiaDrogasil (RADL3) e Ambev (ABVE3).

  • Copel (CPLE3): + 1,63%
  • RaiaDrogasil (RADL3): + 0,22%
  • Ambev (ABVE3): + 0,14%
Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresDólarIbovespaPetrobrasVale

Mais de Invest

Como negociar no After Market da B3

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida