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Ibovespa cai mais de 2% com temores sobre novo lockdown nos EUA

Aumento do número de casos de coronavírus gera pessimismo sobre recuperação da maior economia do mundo

Bolsa: Ibovespa recua puxado por cenário externo negativo (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa recua puxado por cenário externo negativo (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 26 de junho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 26 de junho de 2020 às 18h33.

A bolsa brasileira fechou em queda, nesta sexta-feira, 26, após o crescente número de infectados por coronavírus reacender os temores sobre novas medidas de isolamento social no país. No cenário interno, a possibilidade de mudanças no teto de gastos do governo, sondada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também azedou o humor dos investidores, preocupados com a situação fiscal do país.

O o Ibovespa, principal índice de ações, caiu 2,24% e encerrou em 93.834,49 pontos. Com isso, o índice fechou a semana em queda de 2,83% - o pior desempenho semanal desde meados de maio, quando Ibovespa registrou perda de 3,37%.

Na quinta-feira, os Estados Unidos registraram mais de 41.000 novos casos. Segundo o New York Times, em alguns estados do oeste e do sul do país, o vírus sobrecarregou hospitais, adiando processos de reabertura. Em alguns estados que passam pela pior fase da doença, algumas medidas de isolamento social já foram retomadas.

Segundo a NBC News, os governadores de Flórida e Texas ordenaram o fechamento de bares, nesta sexta-feira. Em todo os Estados Unidos, já são 2.444.706 contaminados e 124.749 mortos pela doença, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.

“Um lockdown nos EUA gera um problema sério de demanda no mundo porque é o principal mercado consumidor do mundo. Se para lá, a exportação dos outros países também diminui”, afirmou Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários caíram mais de 2%, com destaque para o Dow Jones, que recuou 2,84%.

Para Franchini, os comentários de Maia sobre a possibilidade de mudanças no teto de gastos também exerceram pressão negativo nos ativos brasileiros. “O medo do fiscal, de aumento de gastos recorrentes.”

No cenário interno, voltaram as preocupações sobre os gastos fiscais, após os comentários de Maia sobre a possibilidade de mudanças no teto de gastos. “O medo do fiscal, de aumento de gastos recorrentes”, disse Franchini.

Já no ambiente político, o caso de Fabrício Queiroz é acompanhando com atenção, ainda que não tenha pressionado a bolsa de forma significativa.

"A entrevista que o agora ex-advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, deu à revista Veja é um elemento que pesa nas tomadas de decisão", afirmou Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

Segundo Wassef, a decisão de esconder Queiroz em Atibaia visava proteger a família presidente Jair Bolsonaro. "Havia um plano traçado para assassinar Fabrício Queiroz e dizer que foi a família Bolsonaro que o matou em uma suposta queima de arquivo para evitar uma delação", disse o advogado. 

Queiroz foi preso na semana passada como principal suspeito de fazer "rachadinhas" no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando este ainda era deputado estadual do Rio de Janeiro.

Destaques

Na bolsa, as ações da resseguradora IRB Brasil avançaram 5,42% e lideram as altas do Ibovespa, após a empresa informar que as investigações internas foram concluídas. Embora tenham descoberto irregularidade em pagamentos de supostos bônus equivalentes a 60 milhões de reais, parte do mercado viu como positivo o resultado da auditoria.

"Mostra que a gestão atual está fazendo uma limpeza, tirando os problemas que existiam. Ao meu ver, o preço das ações tende a refletir o negócio em si e não mais o medo sobre o que a gerência está fazendo com a empresa”, afirmou Victor Hasegawa, gestor da Infinity Asset.

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