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Ibovespa fecha em alta pelo 4º pregão seguido, mas fica abaixo dos 97 mil

Promessa de cumprimento de acordo comercial por parte da China e expectativa de novos estímulos sustentam tom positivo, apesar de casos de covid-19 nos EUA

Bolsa: Em vinte anos, Ibovespa teve alta de quase 1.000% (Jesada Wongsa/Getty Images)

Bolsa: Em vinte anos, Ibovespa teve alta de quase 1.000% (Jesada Wongsa/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 19 de junho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 19 de junho de 2020 às 17h24.

A bolsa brasileira fechou em alta pelo quarto pregão consecutivo, nesta sexta-feira,19, amparada pela expectativa de que a “fase 1” do acordo comercial entre China e Estados Unidos seja cumprida e com a possibilidades de novos estímulos europeus no radar. O Ibovespa, principal índice de ações subiu 0,46% e encerrou em 96.572,10 pontos.

Mais cedo, o índice chegou a superar os 97.000 pontos, mas perdeu força, após os estados americanos de Flórida e Arizona voltarem a registrar recordes de casos diários de coronavírus. Em meio ao aumento do número de infectados, a Apple ordenou o fechamento de algumas lojas nos Estados Unidos, o que também ajudou a pressionar os índices americanos. Por lá, o S&P 500 fechou em queda de 0,56%.

"O aumento de casos em estados que fizeram uma flexibilização gera toda uma dúvida sobre a possibilidade de uma segunda onda. Mas as notícias positivas da madrugada se sobrepuseram", disse Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.

Após a reunião com o representante do governo chinês, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou, no Twitter, que a China se comprometeu a honrar o acordo comercial selado no início do ano. Segundo a Bloomberg, a China deve acelerar a compra de produtos agrícolas, como milho, soja e etanol, para concluir os objetivos do acordo. Nos quatro primeiros meses do ano, a China só havia cumprido 13% da meta de compras estabelecida no acordo.

Para analistas da EXAME Research, a notícia é positiva e aumenta o apetite a risco dos investidores, já que ajuda, pelo menos no curto prazo, a reduzir a possibilidade de um rompimento comercial entre as duas potências. Na véspera, o presidente Donald Trump falou sobre “cortar todas as pontes com a China.”

O mercado também repercutiu positivamente o fundo de recuperação da União Europeia de 750 bilhões de euros. A medida é apoiada pela chanceler alemã, Angela Merkel, que deseja que o estímulo saia do papel até o fim de julho, com o intuito de aliviar os efeitos econômicos da pandemia. Contudo, o pacote de recuperação ainda precisa ser discutido no Conselho Europeu.

No cenário interno, a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, continuou no radar dos investidores. Embora, no mercado, exista a percepção de enfraquecimento do clã Bolsonaro, as reações à prisão foram comedidas, devido à recente aproximação do presidente Jair Bolsonaro com parlamentares do chamado Centrão.

“Até o momento, um eventual afastamento não representa um ameaça iminente para Bolsonaro — principalmente em meio uma pandemia — mas caso as narrativas continuem a deteriorar, a aprovação do presidente atingirá um perigoso patamar de fragilidade, tornando as perspectivas de um eventual processo de impeachment ou cassação mais palpáveis”, afirmam analistas da Guide Investimentos em relatório.

"O mercado ignora um pouco a história do Fabrício Queiroz, que é tensa, mas não se sabe ainda os desdobramentos. Esse cenário político pior acaba refletindo muito mais no câmbio. Na bolsa, por causa dessa taxa de juro mais baixa, vai ignorado", disse Rodrigo Marcatti, sócio da Veedha Investimentos.

Para Rafael Ribeiro, analista da Clear, o movimento mais forte do Ibovespa em relação ao S&P 500 é resultado da precificação de mais um corte da Selic pelos investidores. Segundo ele, a marca dos 98.000 pontos se mostrou uma "importante resistência dentro da análise técnica". "O Ibovespa somente irá deslanchar diante do rompimento desse patamar", disse em nota.

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