Bolsa: Ibovespa sobe 1,25% e encerra em 93.531,17 pontos (NurPhoto/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 16 de junho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 16 de junho de 2020 às 18h06.
A bolsa brasileira, fechou em alta nesta terça-feira, 16, em linha com o cenário externo positivo, com o otimismo sobre estímulos econômicos se sobrepondo aos temores sobre uma segunda onda de coronavírus. O Ibovespa, principal índice de ações subiu 1,25% e encerrou em 93.531,17 pontos.
Pala manhã, o índice chegou a superar os 95 mil pontos, com os investidores repercutindo o anúncio do Federal Reserve (Fed) sobre a compra de títulos de dívida corporativa, feito na véspera. Nessa manhã, no entanto, o presidente do Fed mitigou a euforia dos mercado ao afirmar, em sabatina no Senado americano, que não vai correr feito um “elefante” para o mercado de títulos.
"Logo que saiu o comentário teve o efeito negativo nos mercados, mas logo depois voltou quase tudo. O cometário mostra que ele não recuou, mas também não irá sair fazendo loucuras. Então dá para ver o copo meio cheio ou meio vazio", disse Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research.
Em seu discurso, Powell também disse que até que se tenha certeza de que a doença está contida, é improvável uma recuperação completa, voltando a esfriar os ânimos sobre uma retomada econômica mais rápida nos Estados Unidos.
Outro pacote de estímulo que ajudou a sustentar o tom positivo nos mercados é o do Banco do Japão. Nesta terça, o BC japonês informou que vai ampliar o pacote de financiamento corporativo de 75 trilhões de ienes para 110 trilhões de ienes (certa de 1 trilhão de dólares). Os investidores também aguardam novos estímulos por parte do governo americano.
De acordo com a agência Bloomberg, Donald Trump prepara um pacote de 1 trilhão de dólares para ser gasto em projetos de infraestrutura. A maior parte do dinheiro deve ser usado em projetos tradicionais, como pontes e rodovias, mas também será destinado para projetos de tecnologia 5G e de banda larga rural.
Para Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, a euforia com os estímulos, no entanto, é "exagerada". "O mercado está subindo em cima de um estímulo [do Donald Trump] que não depende só dele. É algo que está na mesa, mas não quer dizer que foi feito. Em 2018 ele prometeu isso e não saiu até agora", disse.
Além dos pacotes de estímulos, também estão no radar dos investidores os dados sobre vendas de varejo dos Estados Unidos e do Brasil, referentes aos meses de maio e abril, respectivamente. Nos EUA, os números vieram acima das expectativas, apontando para um crescimento de 17,7% em comparação com o mês anterior. A expectativa era de as vendas crescessem apenas 8%.
“Os corroboraram uma perspectiva de que a principal economia do mundo volte em ‘V’”, Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Já no Brasil, os números vieram piores que os projetados. Por aqui, as vendas do varejo de abril caíram 16,8% em relação ao mês anterior ante uma expectativa de contração de 12%.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, os dados reforçam a perspectiva de queda de 9% do PIB brasileiro no segundo trimestre. "Muito provavelmente maio deve manter o baixo nível do varejo para vermos apenas uma melhora em junho uma vez que só agora a quarentena foi afrouxada", comentou em nota.