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Ibovespa fecha em queda e encerra maior sequência de altas desde 2018

Parte do mercado já se questiona se as últimas valorizações estavam descoladas da realidade

IBOVESPA: o índice registrou sua maior alta desde 2009. (Amanda Perobelli/Reuters)

IBOVESPA: o índice registrou sua maior alta desde 2009. (Amanda Perobelli/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 9 de junho de 2020 às 17h03.

Última atualização em 9 de junho de 2020 às 17h38.

A bolsa brasileira fechou em queda, nesta terça-feira, 9, interrompendo a maior sequência de altas desde fevereiro de 2018, quando subiu por nove pregões consecutivos. Dessa vez, o tom positivo permaneceu por sete pregões seguidos, mas foi o suficiente para que os investidores dessem uma pausa para realização de lucros. Com isso, o Ibovespa, principal índice de ações, encerrou em queda de 0,91%, em 96.746,55 pontos.

O movimento de queda acompanhou o das principais bolsas de valores do mundo. Nos Estados Unidos, o S&P 500 caiu 0,78%, após ter zerado as perdas do ano no pregão anterior. Na Europa, o tom também foi negativo, com o índice pan-europeu encerrando em queda de 1,22%. Ainda assim, o índice da bolsa americana Nasdaq, com maior participação de empresas de tecnologia, voltou a bater a máxima histórica nesta terça, subindo 0,29%.

Mas o forte movimento de alta tem feito investidores se questionarem sobre se há sustentação para tanto otimismo.

Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, acredita que as últimas valorizações da bolsa estiveram “descoladas da realidade econômica”. “Acho que foi um clima de bastante euforia, com uma migração para ativos de maior risco, como companhias aéreas. Hoje teve uma mistura de realização com correção e cautela”, disse.

Em meio à sequência de altas da bolsa, as ações da Gol e da Azul, que tiveram voos interrompidos devido ao risco de transmissão do coronavírus, chegaram a dobrar de valor em menos de duas semanas. No pregão de hoje, os papéis de ambas as companhias figuraram entre as maiores perdas, com desvalorizações superiores a 5%.

Os papéis da agência de turismo CVC, também bastante impactada pela doença, apresentou forte valorização nos últimos dias, chegando a subir mais de 45% na semana anterior. Nesta sessão, os investidores compraram ainda mais ações da CVC, que teve alta de 4,38% na bolsa.

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Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, ficou surpreso com o tempo que demorou para a bolsa interromper a sequência de valorizações. “A gente vinha em uma toada muito forte. O anormal seria se seguisse para o oitavo pregão de alta”, comentou. Para ele, no entanto, a recuperação da bolsa brasileira “faz sentido”, levando em consideração o movimento das bolsas internacionais.

Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, também não vê as recentes altas como “exageradas” e atribuiu a recuperação dos ativos às reaberturas das principais economias e aos pacotes de estímulos de bancos centrais e governos. “Uma maior liquidez global gera fluxo comprador para ativos de risco, enquanto a renda fixa segue pouco atrativa”, afirmou.

Embora veja os 100.000 pontos do Ibovespa como um “importante ponto de resistência gráfico e psicológico”, Chinchila tem notado a volta de investidores que visam o médio e longo prazo, como fundos multimercado. “Isso se confirma também quando olhamos para o acréscimo forte de volume financeiro do Ibovespa.”

No curto prazo, segundo ele, a queda taxa básica de juro deve servir de gatilho para ações de varejo e construção civil. Para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será realizada na próxima semana, é esperado um corte de até 0,75 ponto percentual.

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