Foto: Germano Lüders/ EXAME (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 21 de maio de 2021 às 17h33.
Última atualização em 21 de maio de 2021 às 17h50.
Em dia de forte volatilidade, o Ibovespa se afastou das mínimas mas continuou em terreno negativo. O principal índice da B3 encerrou a sexta-feira, 21, em leve queda de 0,09%, fechando o pregão aos 122.592 pontos.
O Ibovespa acompanhou novamente a queda nos papéis da Vale (VALE3) e também repercutiu a piora das bolsas Nova York, onde os temores sobre a redução de estímulos para atenuar a alta da inflação americana voltaram a pesar negativamente.
Vale lembrar que hoje é dia de vencimento de opções sobre ações na B3, após o fechamento, o que também contribuiu para a volatilidade da bolsa. Mesmo com a queda, o Ibovespa encerrou a semana em alta, com valorização acumulada de 0,58%.
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Lá fora, os investidores voltaram a ficar preocupados com a possível mudança de rumo do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Isso porque a pressão da inflação poderia levar a autoridade monetária a reduzir estímulos como a compra de títulos e suba a taxa de juros, que está no intervalo entre zero e 0,25 ponto percentual desde março de 2020.
O assunto voltou ao radar depois que os presidentes regionais do Fed de Dallas e de Atlanta disseram ver a crise do coronavírus em seu estágio final -- o que abriria espaço para a redução dos estímulos monetários.
"Acho que faz sentido discutir os efeitos colaterais indesejados e a eficácia [dos estímulos]", disse Robert Kaplan, presidente do Fed de Dallas, segundo a Bloomberg. Após a fala, o dólar acelerou os ganhos contra outras moedas. Em relação ao real, a moeda avançou 1,44% e encerrou o dia negociado a 5,35 reais.
Em Wall Street, os principais índices de ações abriram em alta, mas passaram a perder força após a declaração, com o índice Nasdaq entrando em terreno negativo. Conhecido como "índice da tecnologia", o Nasdaq é o mais sensível às expectativas de inflação por ter mais composição de empresas mais dependentes de financiamento barato, sendo um dos mais afetados por uma possível alta de juros. Por lá, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,36%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq tiveram respectivas quedas de 0,08% e 0,48%.
Na bolsa brasileira, as ações da Vale (VALE3) continuaram a puxar a queda do Ibovespa, assim como na véspera. Com o maior peso do índice, a ação da mineradora caiu 1,54%, após o minério de ferro registrar nova queda nas bolsas asiáticas
Em Dalian, na China, a commodity fechou em queda semanal de 5,4%, a maior desde março. A desvalorização do metal também derrubou os papéis das siderúrgicas CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5), que tiveram perdas de 3,18% e 1,97%, respectivamente.
A desvalorização do minério de ferro ocorreu em meio à pressão do governo chinês, após o metal ter superado a marca dos 200 dólares na última semana em um movimento considerado por muitos analistas como "especulativo".
A China também foi responsável hoje pela queda do Bitcoin, que recuou do patamar de 40 mil dólares após autoridades chinesas intensificarem a repressão à mineração e negociação de criptomoedas. As autoridades do país disseram nesta sexta-feira que uma regulamentação mais rígida é necessária para proteger o sistema financeiro.
Na Europa, onde a recuperação econômica tem se dado de forma muito mais lenta do que a dos Estados Unidos, os índices de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) vieram acima das expectativas e deram ânimo às bolsas locais, com o índice Stoxx 50 fechando em alta de 0,65%.
Na Zona do Euro, o PMI composto ficou 56,9 pontos, acima dos 50 pontos que delimitam a expansão da contração econômica e maior que a estimativa de mercado, de 55,1 pontos. O PMI industrial e de serviços ficou em 62,8 e 55,1 respectivamente. Nos Estados Unidos, os dados do PMI também vieram fortes, com o de serviços ficando em 70,5 pontos ante expectativa de 64,7 pontos. Já o PMI composto ficou em 68,1 pontos
Os sinais de recuperação econômica contribuíram com a valorização do barril de petróleo, que vinha caindo na semana com a expectativa de aumento de oferta e com o avanço da pandemia na Índia. Nesta sexta, o petróleo Brent subiu 2,49%, impulsionando as petrolíferas brasileiras. Na bolsa, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) se valorizaram 0,99% e 0,07%, respectivamente, enquanto as da PetroRio (PRIO3) subiram 1,64%.
O maior destaque do dia, porém, foram as ações da BRF (BRFS3), que disparam 16,28% chegando a entrar em leilão na B3. Esse é o quarto pregão seguido de ganhos dos ativos da companhia, que sobem na esteira de especulações sobre uma possível fusão com a Marfrig (MRFG3). As ações da Marfrig encerraram o dia entre as maiores quedas do índice, recuando 5,20%.
Maiores altas |
Maiores quedas | |||||
BRF | BRFS3 |
16,28% | Cyrela | CYRE3 |
-5,39% | |
Embraer | EMBR3 |
3,16% | Marfrig | MRFG3 |
-5,20% | |
Suzano | SUZB3 |
2,64% | MRV | MRVE3 |
-3,12% |
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