Painel de cotações na B3: Ibovespa fechou em queda pelo oitavo pregão consecutivo (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 14 de junho de 2022 às 17h26.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira caiu nesta terça-feira, 14, véspera de decisão de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Conhecido no mercado como “Super Quarta”, o dia será marcado pela decisão do banco central americano, Federal Reserve (Fed), às 15h e pela decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro (Copom) após o fechamento do mercado.
Tomadas pela expectativa, as bolsas se mantiveram voláteis, operando em compasso de espera à medida que os juros futuros avançavam. Por aqui, o Ibovespa teve seu oitavo pregão consecutivo de queda e já acumula baixa de 3,3% na semana.
No exterior, havia um consenso de que o Fed teria que acelerar o ritmo de alta de juros em 0,50 ponto percentual (p.p) para 0,75 p.p.. Porém, as apostas de um aperto monetário mais duro ganharam força a partir da última semana, quando o principal índice de inflação dos EUA, o Índice de Preço ao Consumidor americano (CPI, na sigla em inglês), saiu acima do esperado.
A probabilidade de que o Fed eleve os juros americanos em 0,75 p.p. está acima de 90% segundo levantamento do CME Group. Apenas 9% do mercado espera pela manutenção do ritmo de 0,5 p.p., que levaria a taxa americana para o intervalo entre 1,25% e 1,50%.
“Todo o mercado está voltado para reuniões dos Bancos Centrais amanhã. Havia a expectativa de que a alta de juros nos EUA fosse de 0,5 p.p.. Porém, com os dados recentes de inflação mais fortes lá fora, o cenário fica turvo e causa volatilidade”, aponta Wagner Varejão, especialista em investimentos da Valor.
Juros mais altos diminuem a atratividade das bolsas e derrubam os principais índices americanos. Os índices de Nova York caminham para o quinto pregão consecutivo de perdas. Nos últimos quatro, as quedas acumuladas foram de cerca de 10%.
Além do Fed, é possível que o Copom também tome uma decisão mais dura. O consenso ainda é de alta de 0,50 p.p., que levaria a Selic para 13,25%. Mas crescem as expectativas de que o ciclo de alta de juros não termine por aí, com mais uma elevação de 0,50 p.p. na reunião de agosto puxada pela inflação local e pelo posicionamento do Fed.
As perspectivas afetam o dólar, que teve mais uma sessão de alta contra o real acompanhando a alta da moeda americana no exterior. Na véspera, a moeda disparou 2,4% contra o real.
Ações de empresas de consumo, mais dependentes da atividade econômica, ficaram entre as maiores quedas do pregão. Papéis de tecnologia – que estão entre os mais afetados pelos juros mais altos – também recuaram.
Outro destaque de queda ficou com os papéis da CVC, que recuaram mais de 6% após anúncio de oferta secundária de ações (follow-on). O Conselho de Administração da companhia de turismo aprovou a oferta inicial de 46,5 milhões de ações ordinárias, que poderá aumentar em 25%, dependendo da demanda. O follow-on poderá movimentar mais de R$ 450 milhões, considerando o lote suplementar e a cotação dos papéis no último fechamento, de R$ 8,21.
Já a ponta positiva foi liderada pelas ações da Eletrobras, que voltam a subir nesta terça em seu segundo dia após a realização da oferta que privatizou a companhia. A Petrobras também avançou, beneficiada pela alta do petróleo. A commodity é negociada acima de US$ 124 no exterior, aumentando a pressão sobre a inflação e sobre as decisões de política monetária.
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