Bolsa: Ibovespa volta de feriado em queda, com cenário negativo no exterior (NurPhoto/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 8 de setembro de 2020 às 10h28.
Última atualização em 8 de setembro de 2020 às 19h54.
A bolsa brasileira fechou em queda, nesta terça-feira, 8, volta de feriado, refletindo o cenário externo negativo, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falar em dissociação com a China, o que poderia romper de vez as relações comerciais entre as duas potencias.
Também esteve no radar, a terceira queda consecutiva do índice Nasdaq, nos Estados Unidos. De acordo com analistas da Exame Research, a queda das ações de tecnologia nos Estados Unidos eleva a percepção de que o rali de agosto foi “exagerado” e reduz a confiança dos investidores. Por aqui, o Ibovespa, principal índice da B3, caiu 1,18% para 100.050,43 pontos. O movimento foi puxado pela desvalorização das ações da Petrobras, que seguiram a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional.
“Se nós não fizermos negócios com a China, não perderemos bilhões de dólares. Seja pela dissociação ou por imposição de tarifas massivas, como já estou fazendo, acabaremos com nossa dependência da China, porque não podemos contar com a China”, afirmou Donald Trump, em coletiva de imprensa realizada na Casa Branca, enquanto os americanos celebravam o Dia do Trabalho, na véspera.
Na mesma ocasião, o presidente Trump ameaçou empresas americanas que usam mão de obra chinesa de não conseguirem mais contratos públicos com o governo federal. “Isso é mais uma questão política. O Trump está em campanha eleitoral e deve elevar o tom neste mês, sendo mais incisivo nas questões de protecionismo”, afirma Marcel Zamebello, analista da Necton.
A Nasdaq, bolsa americana onde estão listadas as principais companhias de tecnologia, voltou a ter um dia de terror, com seu principal índice fechando em queda de 4,11%. O movimento, iniciado na quinta-feira ,3, é atribuído por analistas como realização de lucros, após o índice Nasdaq ter batido sucessivos recordes, assim como as cotações de empresas de tecnologia, como Apple e Microsoft. Nos últimos três pregões, o índice já caiu mais de 10%. O destaque negativo desta sessão foram as ações da Tesla que tiveram perdas de 21%, após terem sido deixadas de fora do índice S&P 500, que concentra as 500 principais empresas dos EUA.
As incertezas sobre a disputa comercial entre China e Estados Unidos e sobre a demanda futura foram sentidas nos preços do barril de petróleo, que teve desvalorização superior a 5% no mercado de futuros. Ao encerramento do pregão à vista na B3, o petróleo Brent caía 5,14% e o WTI 7,32%. A desvalorização da commodity tiveram impactos diretos nas ações da Petrobras, que caíram (PETR3) 3,47% e (PETR4) 3,01%. As ações da PetroRio, que estrearam nesta terça no Ibovespa, caíram 5,83%. Por outro lado, as companhias aéreas, que se beneficiam da queda do petróleo, figuraram entre as maiores altas, com Azul e GOL subindo 6,79% e 2,05%, respectivamente.
Entre as ações com maior peso no Ibovespa, os papéis da Vale caíram 2,02% e as dos grandes bancos encerraram no campo negativo, também exercendo pressão negativa sobre o índice. Entre eles, o destaque ficou para os papéis do Itaú, que caíram 2,24% e têm o maior peso do setor no Ibovespa.
No radar do mercado também esteve inflação do IGP-DI, que subiu 3,87% em agosto ante a expectativa de 2,19%. "Essa derrubada de juros de maneira rápida e elevado pode gerar um impacto de preço para o atacado e impactar o IPCA. Isso pode gerar um ajuste da curva [de juros]. E se está pensando em elevar os juros freia um pouco a retomada econômica. É um sinal de alerta", afirma Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo.