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Ibovespa cai com Evergrande e inflação, mas fecha semana em alta de 1,6%

IPCA-15 sai acima das estimativas e supera 10% no acumulado anual pela primeira vez desde 2016

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 24 de setembro de 2021 às 17h26.

Última atualização em 24 de setembro de 2021 às 17h44.

O Ibovespa encerrou o último pregão da semana em queda, em meio a incertezas nos cenários interno e externo, com inflação no Brasil subindo além do esperado e o caso da chinesa Evergrande voltando a preocupar investidores. O principal índice da B3 recuou 0,69%, encerrando o pregão desta sexta-feira, 24, aos 113.282 pontos. 

No mercado de câmbio, o dólar subiu 0,64% e fechou o dia negociado a 5,34 reais. Por aqui, a moeda americana seguiu o desempenho global de alta, com investidores buscando proteção em dólar conforme aumentam os riscos nas bolsas.

Após certo alívio nos últimos pregões, o caso Evergrande voltou a preocupar. Um possível calote — e falência — do gigante chinês do mercado imobiliário ficou mais próximo após a empresa não pagar parte de sua dívida bilionária nesta quinta-feira, 23. A Evergrande tem 300 bilhões de dólares em passivos, e um não pagamento da dívida pode causar um efeito em cadeia no mercado imobiliário da China. Ainda assim, analistas não acreditam que o risco é sistêmico para as bolsas globais.

As incertezas pressionaram novamente as ações ligadas à economia chinesa, que é grande exportadora de commodities, como o minério de ferro. A Vale (VALE3) tem sido uma das principais afetadas com a crise. Os papéis caíram 1,55% nesta sexta e acumulam perdas de 9,82% na semana. 

As perdas também atingiram as siderúrgicas CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR3) e Usiminas (USIM5) que registraram perdas de 3,59%, 1,71% e 2,16%, respectivamente.

O mercado de criptoativos foi outro a sofrer um baque vindo da China. Nesta madrugada, o banco central chinês emitiu um comunicado dizendo que todas as atividades relacionadas a criptomoedas são ilegais. A China também reforçou que os investidores locais não devem ter acesso a bolsas internacionais de moedas digitais e que vê com urgência a necessidade de erradicar as mineradoras de criptomoedas do país. 

A nova repressão alimentou o cenário de incertezas e provocou fortes quedas no bitcoin e ethereum, duas das principais criptomoedas do mundo. O bitcoin recuava quase 5%, enquanto o ethereum caía mais de 6%.

Por aqui, economistas voltam a se debruçar sobre os dados de inflação, após o Índice de Preço ao Consumidor Amplo da primeira quinzena (IPCA-15) do mês ficar em 1,14%, acima das projeções de 1,02% de alta. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 superou a barreira dos 10% pela primeira vez desde 2016, batendo 10,05%. Na bolsa, os juros futuros subiram, com a expectativa de que o Banco Central seja mais duro em sua política monetária.

"A inflação está de fato mais persistente que inicialmente imaginado e choques exógenos de custos se tornaram endógenos através da elevada indexação da economia brasileira", comenta em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton. 

Para Perfeito, os dados de inflação mais fortes devem levar o Banco Central a prolongar o ciclo de alta de juros. Segundo ele, o BC deve encerrar o ajuste monetário apenas na segunda reunião de 2022, com a Selic atingindo 9,5%.

No entanto, apesar das incertezas, o Ibovespa conseguiu encerrar a semana em terreno positivo. O índice acumula ganhos de 1,65% na semana, puxado pelas altas após a decisão monetária nos Estados Unidos. Divulgada nesta quarta-feira, a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) foi de manter os juros próximos a zero e continuar com a atual política de estímulos através da recompra de títulos. 

O chamado tapering — redução gradual dessas compras — deve ocorrer apenas a partir da próxima reunião em novembro. A notícia animou as bolsas globais e foi a grande responsável pela semana ter terminado no azul.

Destaques da bolsa

Apesar do cenário de aversão ao risco que se instalou nesta sexta-feira, as estimativas de maior demanda global pelo petróleo seguem elevando a cotação da commodity, que encerrou a sessão negociada próximo das máximas desde 2018, em torno dos 77 dólares.

A valorização puxou as ações da PetroRio (PRIO3), que ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, subindo 3,87%. Já a Petrobras (PETR3/PETR4) subiu 0,15% e 0,22%, respectivamente. 

O grande destaque positivo no dia ficou com as ações de frigoríficos, após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar sem restrições a aquisição da Marfrig (MRFG3) de participação na BRF (BRFS3)

Na bolsa, as ações da BRF subiram 2,68% e as da Marfrig, 1,12% — mas foram suas concorrentes que lideram as altas. Liderando os ganhos do Ibovespa, a Minerva (BEEF3) avançou 4,52%, enquanto os papéis da JBS (JBSS3) subiram 3,72%.

As varejistas, por outro lado, ficaram entre as maiores perdas do dia. Com a maior desvalorização do pregão, as ações da Méliuz (CASH3) caíram 7,09%. Na sequência, Americanas (AMER3) e Lojas Americanas (LAME4) registraram respectivas quedas de 3,55% e 2,81%. 

Os papéis ainda reagiram à alta da taxa básica de juro, a Selic, que foi elevada de 5,25% para 6,25% ao ano na quarta-feira, 22.

Maiores altas

Maiores quedas

MinervaBEEF3

4,52%

MéliuzCASH3

-7,09%

PetroRioPRIO3

3,87%

CSNCSNA3

-3,59%

JBSJBSS3

3,72%

AmericanasAMER3

-3,55%

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