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Ibovespa cai após IPCA sair acima do esperado e bater máxima desde 2003

Especialistas do mercado classificam inflação de março como "assustadora" e "preocupante"; ações de consumo discricionário desabam mais de 6%

Painel de cotações da B3 (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)

Painel de cotações da B3 (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 8 de abril de 2022 às 10h24.

Última atualização em 8 de abril de 2022 às 16h23.

Ibovespa hoje: a bolsa brasileira recua nesta sexta-feira, 8, com investidores repercutindo os dados do IPCA divulgados nesta manhã. O principal indicador da inflação brasileira voltou a superar as estimativas, acelerando em março de 1,01% para 1,62% – bem acima do consenso de economistas, que esperava alta de 1,28%. O IPCA acumulado de 12 meses saltou de 10,54% para 11,30%, o maior patamar desde 2003.

A disparada dos preços aumenta a pressão para novas altas de juros no Brasil, o que aumenta os rendimentos da renda fixa e prejudica a atratividade e o desempenho das ações. 

  • Ibovespa: - 0,50%, 118.265 pontos

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, classificou o IPCA de março como "preocupante". Segundo ele, é possível que os juros não só subam além de 12,75%, como foi sinalizado pelo Banco Central, mas também permaneçam em patamar elevado por mais tempo. "A inflação foi constantemente alta durante todo o ano passado e parece que vai ser assim de novo."

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Luca Mercadante, economista da gestora Rio Bravo, disse que os números do IPCA reforçaram a expectativa da gestora de o Banco Central ter que subir a Selic para 13,25%. "A alta de preços permanece disseminada na economia, com um índice de difusão de 76,3%."

Os juros futuros negociados na B3 já precificam altas de juros para além dos 12,75%. Nesta manhã, os juros futuros com vencimento em 2023 chegaram a saltar 20 pontos base para 12,935%. Após a reação inicial, eles operam com 1,25% de alta, a 12,910%.

Além das preocupações internas, o tom negativo ainda é amplificado pelo mercado internacional. Nos Estados Unidos, investidores voltam a reverberar as últimas indicações de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) irá endurecer sua política monetária para também tentar conter a inflação. As bolsas de Wall Street operam de forma mista, enquanto os rendimentos dos títulos americanos voltam a ganhar força.

  • Dow Jones (EUA): + 0,54%
  • S&P 500 (EUA): - 0,09%
  • Nasdaq (EUA): - 1,04%

A dinâmica fortalece o dólar mundo afora. O índice Dxy, que mede a variação do dólar contra as principais divisas do mundo, sobe mais de 0,4%, superando a barreira dos 100 pontos pela primeira vez desde maio de 2020. No Brasil, no entanto, a expectativa de Selic mais alta impede que o movimento de alta. 

  • Dólar: - 0,43%, R$ 4,720

Destaques de ações

As empresas de consumo, mais afetadas pelas taxas de juros e inflação elevadas, são as que lideram as quedas desta sessão. Via, Magazine Luiza e Americanas desabam mais de 6%.

  • Via (VIIA3): - 7,67%
  • Magazine Luiza (MGLU3): - 6,56%
  • Americanas (AMER3): - 6,36%

Ações de crescimento e de setores intimamente ligados ao ciclo da economia local também operam entre as maiores baixas.

  • Méliuz (CASH3): - 4,66%
  • CVC (CVCB3): - 3,93%
  • Petz (PETZ3): - 3,00%

O destaque positivo fica com as ações da Eletrobras (ELET3/ELET6),que sobem pelo terceiro dia consecutivo, ainda refletindo um maior otimismo do mercado sobre o processo de privatização da estatal. Na última segunda-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o reajuste do preço mínimo que o governo pretende pedir por ação na venda da empresa. 

  • Eletrobras (ELET3): + 4,89%
  • Eletrobras (ELET6): + 3,57%
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