Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 13 de junho de 2022 às 10h31.
Última atualização em 13 de junho de 2022 às 17h16.
Ibovespa hoje: apostas de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tenha que acelerar o ritmo de alta de juros provocam efeito em cadeia nesta segunda-feira, 13. Bolsas de valores caem no mundo inteiro, enquanto investidores buscam a proteção do dólar, que se valoriza frente às principais moedas do mundo.
O pessimismo internacional se reflete nos principais indicadores do mercado brasileiro, com o Ibovespa caindo para perto da casa dos 102.000 pontos – o menor patamar desde o início de maio – e o dólar sendo negociado acima de R$ 5,10.
O forte movimento de aversão a risco é causado pela alta da inflação. Na última sexta-feira, 10, o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 1% em maio e 8,6% no acumulado de 12 meses, o maior nível desde 1981. O CPI atingiu seu maior nível em 41 anos enquanto o consenso era de manutenção do patamar de abril, de 8,3%.
O dado foi divulgado alguns dias antes da decisão monetária do Fed, que será divulgada nesta quarta-feira, 15. "A inflação mais salgada nos Estados Unidos jogou ainda mais pressão para o Fed subir juros". disse Jerson Zanlorenzi, head da mesa de ações e derivativos do BTG Pactual, em morning call desta manhã.
"A grande dúvida é se o Fed deveria continuar subindo juros no ritmo de 50 pontos base, como sinalizado, ou acelerar para 75 nesta reunião, dado que a inflação deu sinais de ganho de força. Esse debate leva os investidores a ficarem fora do mercado de risco, como os de ações, commodities e criptoativos", defendeu.
O ritmo ainda mais intenso da inflação tem feito o rendimento dos títulos do Tesouro americano (treasuries) dispararem. O treasury com vencimento em dois anos avança mais de 15 pontos base nesta manhã, superando 3,20% – o maior patamar desde dezembro de 2007. O rendimento do treasury com vencimento em 10 anos avança para acima de 3,28%, em seu pico desde maio de 2011.
“Em outras palavras, a sensação que vem tomando conta dos agentes é de um eventual período recessivo à frente, com inflação muito elevada, o que seria muito ruim num momento de recuperação pós-pandemia”, afirmou Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da corretora Órama.
O maior pagamento dos títulos do Tesouro americano, considerados os mais seguros do mundo, motiva a venda de ativos considerados de maior risco – como ações. O cenário tem penalizado especialmente empresas com perspectivas de lucro distantes do horizonte de investidores. O Índice Nasdaq cai mais de 4% nesta segunda-feira.
No mercado local, as perdas são generalizadas. Papéis ligados ao setor de turismo sofrem as maiores perdas, com Gol, Azul e CVC recuando mais de 10%. Ações de tecnologia também são penalizadas, com destaque para Méliuz e Locaweb.
Na ponta positiva, apenas seis das 91 ações do Ibovespa operam em alta. O destaque fica com a Cielo, que teve seu preço-alvo revisado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME). O banco, que via a ação a R$ 4, agora projeta o papel a R$ 5. Ainda assim, os analistas seguem com recomendação neutra para a ação.
As exportadoras de celulose Suzano e Klabin também avançam, acompanhando a alta do dólar. EDP Brasil, Taesa e BB Seguridade fecham o grupo de altas.