Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 11 de julho de 2022 às 17h29.
Última atualização em 13 de julho de 2022 às 17h14.
O Ibovespa caiu mais de 2% nesta segunda-feira, 11, pressionado pela aversão a risco nos mercados globais, impulsionada pelo avanço do coronavírus e pelo clima negativo nas bolsas americanas. O índice recuou de volta aos 98 mil pontos e ficou próximo de renovar a mínima do ano.
Na China, a política de covid zero e as consequentes retomadas das restrições no país preocupam os investidores. Nesta segunda-feira, o centro asiático de jogos de azar de Macau anunciou que fechará todos os seus cassinos por uma semana na tentativa de conter um surto na região. Além disso, Xangai descobriu um caso envolvendo a subvariante ômicron BA.5.2.1.
A incerteza na economia chinesa prejudicou o minério de ferro que caiu mais de 3% na China. As ações da mineradora Vale (VALE3), que tem o maior peso do Ibovespa, acompanharam a commodity e ajudaram a afundar o índice. A queda foi acompanhada por siderúrgicas, também prejudicadas pela depreciação do metal.
A preocupação sobre os impactos econômicos de novos lockdowns também derrubou em mais de 2% a bolsa de Hong Kong e em mais de 1% a de Xangai. Os temores foram transmitidos para o Ocidente, com os índices da Europa e dos Estados Unidos encerrando o dia em queda.
Porém, nos Estados Unidos, investidores estiveram preocupados principalmente com a temporada de balanços do segundo trimestre, que ganha força na quinta-feira, 14, com a divulgação dos resultados de grandes como JPMorgan e Morgan Stanley.
Analistas estão divididos sobre os impactos que a alta da inflação e a elevação de juros podem ter sobre os resultados das empresas. Vale lembrar que o mercado de renda variável americano entrou em tendência de queda neste ano com a disparada dos preços e temores de que o aperto monetário leve a uma recessão econômica.
Na última semana, dados do mercado de trabalho americano saíram mais fortes que o esperado, alimentando as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) acelere o ritmo de elevação dos juros.
O dólar também acompanhou o clima de aversão a risco e disparou quase 2% ante o real. No exterior, o índice dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de divisas desenvolvidas, avançou 1,1%.
Nenhuma ação do Ibovespa sofreu mais que as da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4). As companhias aéreas desabam mais de 11% na bolsa, com investidores reagindo ao corte de preço-alvo do Morgan Stanley para as ações. A Gol teve preço-alvo cortado de US$ 5,60 para US$ 2,90, e a Azul de US$ 10,30 para US$ 5,60.
Investidores reagiram ainda à prévia operacional do segundo trimestre da Gol, apresentada nesta manhã. A companhia estimou prejuízo líquido de R$ 1,80 por ação. Entre as pressões negativas para o resultado está o maior custo de querosene de aviação, que saltou cerca de 73% em relação ao segundo trimestre de 2021, segundo a Gol.
Papéis de tecnologia também figuram entre as maiores quedas do dia, com Méliuz (CASH3) e Dexco (DXCO3) em queda de mais de 8%. A desvalorização tem como pano de fundo o maior pessimismo de investidores internacionais pelo aumento das taxas de juro nos EUA, acompanhando o recuo do índice de tecnologia Nasdaq.
As ações do setor de tecnologia também foram pressionadas nesta segunda pela baixa do Twitter (TWTR) no exterior. As ações da rede social recuaram mais de 11% na bolsa americana Nasdaq, dando sequência às perdas do último pregão quando o bilionário Elon Musk anunciou que desistiu de comprar a rede social.
Na sexta-feira, dia 8, o advogado de Musk notificou o conselho do Twitter de que o empresário deseja cancelar o acordo de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 250 bilhões). As ações já haviam recuado 5,10%.
Em resposta ao recuo de Musk, os BDRs do Twitter (TWTR34) negociados no Brasil também operam em forte queda.